“Sou uma mulher negra, mas antes disso tenho falado muito que antes de reivindicar e compreender o que era ser uma mulher negra no mundo, eu já era favelada. Nascida e criada na Maré (…)” – palavras de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, mulher progressista,socialista, feminista, lutadora, livre. Assassinada – executada? – após ter criticado com dureza a intervenção violenta das forças militares nas favelas. Pode haver quem julgue esta associação de factos forçada, mas o modo de ataque, a natureza do crime, traz-nos irresistivelmente à memória o Brasil dos esquadrões da morte dos tempos chumbo. Que, optimistas, julgávamos superados. Tristeza não tem fim.
O Benfica e a mentalidade de gangue da favela
A propósito do escândalo dos emails, e em reacção às mais recentes declarações de Francisco J. Marques, o Benfica reagiu, lamentando a “mentalidade de gangue de favela”. Falamos do mesmo Benfica cujas claques são ilegais, claques ilegais essas que, recentemente, após um Benfica-Sporting, mostraram ter gente capaz de montar emboscadas e assassinar um adepto da equipa adversária. Como os gangues das favelas. [Read more…]
Saudades de S. Paulo
Sampa é o cheiro a álcool dos tubos de escape. Sampa é a baiana arrependida de ter deixado a Baía e que vende água de cana na rua. Sampa é a avenida Paulista a vibrar sob os nossos pés.
Sampa tem cheiro a suor, a amêndoa frita, a etanol. Sampa é negra, índia, alemã, japonesa, lusitana. Sampa é a filha de índios que vive na favela e a quem nunca fizeram uma foto. Sampa é o casal de namorados, branco e negra, sob as árvores do centro cultural, lá na rua Vergueiro.
Sampa é a vertigem da vista do alto do Banespa, onde a imensidão da cidade nos devora. Sampa é pão-de-queijo, é padaria de português de Trás-os-Montes. [Read more…]
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