Art Basel Miami 2014.
Pixel Pancho
O estranho caso de Élsio Menau
No país onde o Presidente da República hasteou alegremente a bandeira de pernas para o ar, um artista de street art algarvio, Élsio Menau, vai responder em tribunal por um trabalho de fim de curso que, apesar de ter recebido a classificação de 17 valores, foi considerado pelas autoridades como crime de ultraje à bandeira.
A imagem que podem ver em cima é talvez a que melhor ilustra este caso: procurando representar um país com a corda no pescoço, algo que corresponde, mais do que nunca, à realidade da esmagadora maioria da população portuguesa, Menau deu esta forma à sua ideia. Será que alguém realmente acredita que o objectivo seria o enxovalho deste símbolo da nação? Só por má fé ou pura estupidez.
A composição foi inicialmente instalada num terreno baldio, às portas de Faro, tendo sido removida 2 dias depois pelas autoridades. Estávamos em Junho de 2012. Apesar do sucedido, a obra esteve em exposição na Galeria de Arte do Convento de Santo António, em Loulé, entre Setembro e Outubro do mesmo ano. Curiosamente (ou não), Menau foi chamado a apresentar-se nas instalações da Polícia Judiciária da Quarteira apenas depois do insólito episódio do 5 de Outubro em que o senhor Aníbal hasteou a bandeira ao contrário. [Read more…]
Banksy, o mestre, mete o dedo no nariz dos galeristas
Banksy não é só um mestre, é também um senhor. Quem viu Exit Through the Gift Shop, um tratado sobre o estado actual da arte e seu comércio em forma de vídeo-documentário, percebe isso. Sendo que a arte sempre foi mercadoria é cada vez mais uma mercadoria que flutua em mercados vigarizados, que vogam ao sabor de uma crítica profissionalmente indigente e dos empreendedores do marketing rápido. Uma mercadoria que é sinal do tempo da vigarice financeira que atravessamos.
Na sua presente estadia em Nova Iorque deu agora um golpe de mestre: durante horas obras suas estiveram à venda, na rua, em Central Park. A 60 dólares quando o valor comercial de cada uma anda pelos 160 000 euros. Parece que ninguém comprou, não era uma galeria, quem ira acreditar na autenticidade das peças?
Gosto muito do P3 e do Público online (onde é por exemplo possível neste momento assistir ao primeiro webdocumentário português). Mas o facto de o Público remeter para o P3 aquele que é o grande acontecimento da arte mundial de 2013, precisamente a residência de Banksy em Nova Iorque, sem uma linha na secção de Cultura do seu online, diz tudo sobre a decadência de um jornal que já foi culto. Acordaram. Haja esperança.
Banksy – Pinta a Parede!
Primeira e multipremiada incursão de Banksy na realização de cinema, este documentário centra-se na figura de Thierry Guetta, um francês radicado em Los Angeles, às voltas com o projecto de filmar uma história da street art e de alguns dos seus autores, entre eles o próprio Banksy.
Ficha IMDB. Legendado em português.
Rui Nero Rio
O mal não é só nosso, mas grande parte da História da arte portuguesa narra gloriosos feitos de destruição do património artístico. Os Painéis de Nuno Gonçalves estavam a servir de andaime numas obras em S. Vicente de Fora mas lá foram salvos do macio calçado dos trolhas, é um exemplo, pintura perdida é incontável – basta imaginar tudo o que um artista régio como Nuno Gonçalves terá executado e por vastos andaimes se perdeu. Altares barrocos eliminados de igrejas românicas ou góticas nas primeiras décadas do século passado contam-se às dezenas. O fresco na arte portuguesa é escasso, levou camadas de cal por cima. E tivemos igrejas e colégios inteiros, por exemplo em Coimbra por conta e obra de uma universidade à medida da ditadura e seu Cottinelli Telmo, reduzidos a entulho. Ou castelos devastados porque já não serviam para a guerra (passatempo que muito arquitecto ainda hoje pratica, esquecido de que está a mexer numa obra de um colega, ide a Óbidos e vereis, embora o estrago pior ainda tenha sido evitado por um autarca culto).
O terramoto de 1755 ao pé destes e tantos outros exemplos não é nada, até porque só afectou seriamente meio território.
Faltava-nos um demolidor intensivo. Um Nero incendiário. Já temos. Chama-se Rui Rio. Usa o orçamento camarário e acaba de ganhar uma nota de rodapé nos futuros manuais de História da Arte do séc. XXI. Espero que a adjectivação não falte a quem vier, a seu tempo, tratar do assunto, e que merecidamente se revolva no túmulo.
Ao menos podiam ter pintado de azul
P183 (Pavel Puhov), 1983-2013, RIP
Morreu um dos maiores, a alma russa afirmando-se através da arte contemporânea que não se prostitui em salões. E que se explicava: expressar a tua opinião é uma forma de defesa civil. A obra fica, através da fotografia: veja mais trabalhos de P183
Relvas Street Art
Mural Relvas nas Amoreiras, Lisboa, by Nomen; fotografia de Nuno Pinto.
Eles que habitam nas paredes (7)
Eles que habitam nas paredes (6)
C215 “Down the Road”
Christian Guemy, mais conhecido como C215, um dos artistas mais importantes da cena mundial de arte urbana/street art, lançou um vídeo que o próprio descreve desta forma concisa:
C215 painting in the streets of Lagos (PT) and Tudela (SP) + music by C2C (2012)
Eu limito-me a acrescentar que C215 realizou estes trabalhos na segunda edição da residência artística ARTUR organizada pelo LAC – Laboratório de Actividades Criativas, que ocorreu entre 24 de setembro e 6 de outubro de 2012 em Lagos.
Assembleia da República cercada
Dezenas de soldadinhos de chumbo estão a ser colados no chão e em pequenos rádios ouvem-se crianças a falar de sonhos, em frente à Assembleia da República. Obra do Colectivo Negativo, a Arte também na Rua.
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