Ó Maria João, se eu mandasse, nunca me passaria pela cabeça retirar-lhe o direito a ser fútil e a julgar-se engraçada e educada, actividades que consegue praticar com grande autonomia. Já percebi, de qualquer modo, que, para si, discutir Política e Educação corresponde a comentar o verniz das unhas ou as camisolas da Catarina Martins e a fazer associações simplistas entre partidos e regimes políticos ou a chamar políticas socialistas à corrupção do Estado. Diante de si, estarei sempre em desvantagem, porque não tenho competências de “fashion adviser” que me permitam debater consigo, por exemplo, a Educação, esse tema que passa, sobretudo, pelo comentário à barba de três dias ou ao corte dos fatos de Nuno Crato. Ainda me lembrei de voltar a falar do conteúdo do texto da Inês Gonçalves, mas – lá está – não estou apto a escrever sobre as tendências da moda para este ano.
Também eu, Maria João, sou um ferocíssimo defensor do direito de todos nós à futilidade. É graças a essa prática continuada da futilidade que sou capaz de me divertir a ler o que escreve, porque é importante, também, lermos textos que não nos ensinem nada de importante, tal como é fundamental para o meu equilíbrio emocional ouvir os dislates de personagens como uma Paula Bobone ou um Cláudio Ramos. A Maria João é, no fundo, o gloss com que me mimo para não estar sempre sisudo a pensar em coisas importantes. [Read more…]
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