A “liberdade de expressão e de imprensa”, na concepção da Direita e dos jornais que apoiam as causas de Direita, funciona assim:
– Se vários jornais, incluindo jornais de referência, como o Público, mentem nos artigos, manipulam os números nos artigos, ou usam subterfúgios semânticos desonestos nos artigos para corroborar a tese que eles próprios subscrevem, trata-se de um saudável exercício de liberdade de expressão e de imprensa.– Se cidadãos, com ou sem filiação política, exigem a correcção dos erros e mentiras dos artigos e reivindicam a objectividade e isenção que deontologicamente deveriam pautar a actividade jornalística, já não se trata de liberdade de expressão e de imprensa, já passa para o campo dos safados da Esquerda que, alegadamente, lidam mal com a liberdade de imprensa.
É curioso, mas, objectivamente, chegámos mesmo ao distópico e paradoxal momento da história em que exigir rigor e isenção jornalística é classificado como censura e opressão aos jornais.
Vivemos num momento em que a desinformação do esgoto jornalístico, que é o Correio da Manhã, consegue ser o projecto jornalístico com maior exposição do país e em que o folhetim da extrema-Direita, o Observador, habitualmente troca de directores, jornalistas e opinadores com estações públicas e privadas de notícias. E, no entanto, se alguém de Esquerda ousa questionar esta esmagadora predominância da Direita na comunicação social, os spin doctors do costume invertem o problema e dizem que a Esquerda tem um problema com a liberdade de expressão e de imprensa. E há malta que cai mesmo nesta nova caça às bruxas, numa espécie de Macartismo renascido.
Irónico, não é?
Irónico e simples de perceber, não é?
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