Profissão: presidente

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Não vou discutir a decisão do Tribunal Constitucional, nem sequer comentar a ironia de o seu relator ser filho de um político profissional que agora anda pelos negócios estrangeiros.  Fico-me pelo que já havia defendido: o princípio republicano da não profissionalização da actividade política levou uma chapada. Não por inconstitucionalidade, note-se, mas por interpretação de uma lei, como lhe competia.

Tenta-se argumentar com a soberania do voto; fraquinho, tanto mais que a valer contaria também para as eleições presidenciais. Com as notáveis qualidades de muito autarca que assim pode investir competências adquiridas noutro concelho, e incompetências também, já para não falar no vício do poder, a que esta gente está agarrada.

Não concebo a política como uma profissão. Mesmo os deputados deveriam ter limite de mandatos (e numa eleição menos personalizada por maioria de razão). Porque o poder corrompe, altera a mente, arrasa a humildade,faz saltitar os neurónios e e nisso não há santos nem virgens eternas, apenas os que resistem à corrupção por terceiros mas é limpinho que adquirem maus hábitos, começando no seu relacionamento com os respectivos correlegionários. [Read more…]

Limitação de mandatos desde Gaia

Vivo em Vila Nova de Gaia há muitos anos e, por isso, conheço o trabalho realizado por Luís Filipe Menezes. Em 16 anos de menezespresença a sul do Douro houve coisas positivas e outras que não correram bem, nomeadamente a dimensão democrática da sua prática política.

O primeiro exemplo que, há uns anos, deixei no Aventar, mostra isso mesmo – freguesias socialistas geridas por Presidentes com coluna vertebral tiveram anos e anos de segura total, até que, um dia, nas urnas, o povo percebeu que a sua freguesia poderia continuar a existir apenas com uma condição: votar em Luís Filipe Menezes.

Assim aconteceu na minha freguesia. A verdade é que 4 anos depois, o cenário é o mesmo, mas a expressão democrática do voto seguiu esse caminho – o da pressão financeira. [Read more…]

Opiniões livres

Algo muito comum ao nível dos clubes, mas também permanente nos partidos. Para os militantes que sofrem desta patologia, o que o seu partido faz no poder, está sempre certo. Já os da oposição estão sempre contra.

O mesmo é válido para os partidos que se limitam a dizer que não: o que defendem está sempre certo. O que os outros dizem está sempre errado.

Escrevi isto há quase um ano e parece-me que a reflexão faz cada vez mais sentido.

E se me permitem, volto a juntar a bola à política.

Uma equipa da cidade aqui ao lado estava, segundo alguns, em risco de ficar fora da Taça da Liga porque os regulamentos não permitiriam que um jogador jogasse pelas equipas A e B num intervalo inferior a 72h. Claro que uns apontaram num sentido, enquanto os do regime azul argumentaram, como conseguiram, para defender o contrário.

Era, na minha opinião, uma discussão sem sentido – obviamente, o regulamento pretendia apenas evitar que as estrelas da equipa A fossem ao jogo da B “alterar a verdade desportiva”.

Do mesmo modo só consigo entender a posição do PSD e do PCP no que diz respeito à limitação dos mandatos dos autarcas como a necessidade de defender, a todo custo, a sua gente. Se, da parte do PSD isso não surpreende, confesso que, do PCP NÃO esperava melhor. [Read more…]

Mudança: candidatos a presidência por apenas um mandato

Vamos no quarto presidente da república desde o 25 de Abril e o padrão começa a ficar claro. Um primeiro mandato contido, com o último ano a servir de campanha eleitoral, e um segundo mandato mais interventivo, sem o peso de tentar a re-eleição.

Querendo-se um presidente da república descomprometido, torna-se obrigatório que apenas lhe seja permitido um mandato. De outra forma continuaremos a assistir a este padrão comportamental, com o mal que tal tem feito a nós cidadãos. Por exemplo, teria esta miserável lei eleitoral sido promulgada se Cavaco não estive com o olho na reeleição?

Defendo por isso que cada pessoa apenas se possa candidatar a um mandato consecutivo, ao contrário dos dois que agora pode tentar. Nem que o mandato tenha que ser aumentado para 6 anos. Falta de voluntários para o cargo não será problema, como ainda no passado domingo se viu. Ganha a transparência e ganhamos nós.