Acordo Ortográfico: constrangimentos, insuficiências e implicações negativas

Há uns anos, dizia Gell-Mann que quando alguém dava a conhecer a Einstein (para quem não souber, um homem que lia e que estudava) uma teoria contrária à TRR este retorquia:  “Aw, that’ll go away”.

Em Portugal, o Poder continua sem ler e sem estudar o Acordo Ortográfico, mas a achar, com uma falsa segurança einsteiniana, que a nuvem há-de passar e que quem lê e estuda se calará, para que todos continuemos na nossa vidinha, com paz e com sossego. Desengane-se o Poder e desenganem-se todos aqueles que assim pensam. Enquanto houver estudo e enquanto o estudo não for devidamente considerado, não haverá nem paz, nem sossego.

Entretanto, em Angola, ao contrário do que acontece em Portugal, lê-se e estuda-se o Acordo Ortográfico. É natural que, depois de se ler e se estudar o Acordo Ortográfico, se detectem constrangimentos em 20 bases. A propósito, deixo aqui o texto do Acordo Ortográfico, para todos aqueles que continuam a manifestar opinião sobre o dito sem sobre ele terem lido uma única letra.

Em Angola, o Poder leu o Acordo Ortográfico. E encontrou constrangimentos. Em 20 bases. O Acordo Ortográfico tem 21 bases. E se, em Portugal, o Poder tivesse lido o Acordo Ortográfico? Teria encontrado “constrangimentos” ou “algumas insuficiências” susceptíveis de originar “implicações negativas” ? Teria. E se, em Portugal, o Poder tivesse lido os pareceres que solicitou? Teria encontrado “constrangimentos” ou “algumas insuficiências” susceptíveis de originar “implicações negativas” ? Teria.

Está na altura de o Poder ler o Acordo Ortográfico, em vez de se limitar a tecer comentários, a adoptar resoluções e a meter os pés pelas mãos, com o ministro da Educação a assinar X e o secretário de Estado da Cultura a dizer Y e Z. O momento de se suspender, corrigir, rever ou rasgar o Acordo Ortográfico já chegou. É pena que, em Portugal, o Poder não tenha percebido isso. Em Luanda, já se percebeu. Contudo, em Luanda, leu-se e estudou-se o Acordo Ortográfico. É essa a diferença.

Comments

  1. Reblogged this on Firefox contra o Acordo Ortográfico and commented:
    Angola mostra o óbvio: é preciso ler o Acordo Ortográfico, não basta assinar na cruzinha!

  2. maria celeste ramos says:

    No mundo de anormais e que não têm mais nada que fazer, para mostrar trabalho mexem no imiscível

  3. maria celeste ramos says:

    Tão anormais que o ACP anda agora (05 maio 2012) a querer levar a tribunal alguém denominado jamé para dar conta de milhões que foram sacados aos que pagam IRS e ficaram sem subsídios, para alimentar gulosos e criminosos que deviam ir de facto fazer companhia nas grades a muita gente – e que continuam cá fora a rir-se

  4. insulas ocidentaes. says:

    Quem escreveu:
    “A Universidade iluminará o Povo quando estiver a arder.”???.
    Cump.

  5. Jorge Guerreiro says:

    cor de laranja; cor de vinho; mas….. cor-de-rosa!!! Q grandes cabeças.

Trackbacks

  1. […] duas das assinaturas que constam da Declaração de Luanda, em que se […]

  2. […] vez em quando, tão certo como dois e dois serem quatro, aparecem as objecções à TRR, emerge a enigmática figura da letra C em aflição e em aflito, projecta-se o espectro da […]

  3. […] levarem finalmente a cabo o tal “diagnóstico  relativo  aos  constrangimentos  e estrangulamentos na aplicação do Acordo Ortog…”, não se esqueçam do Governo. Sim, […]

  4. […] Por razões óbvias, prefiro a do Einstein. Graças ao fotógrafo Sandro Miller, o Malkovich e o Einstein regressam ao Aventar, num dia sem grandes surpresas, no sítio do […]

  5. […] alhures, há quem continue a assobiar para o lado e a encolher os ombros. Estrangulamentos? Constrangimentos? Insuficiências? Implicações negativas? Nada disso. Está tudo a correr […]

  6. […] Sim. Confessaram os fatos. Em Ponta Delgada. Em 2012, havia exceto. Em 2015, há exceção. Contudo, os fatos mantêm-se. Tudo como dantes. Siga. […]

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