Singapura é Quando Passos Quiser

A cultura geral de Passos Coelho não é brilhante, nem o volume de livros consumidos parece efectivamente volumoso, coisa que tem procurado disfarçar com aquela eloquência kamikaze e aquela psicanálise de massas aparvalhante e voluntarística com resultados tão derrapantes quanto desconcertantes. Porém, se conseguisse ser sério e desprendido no essencial, não seria preciso mais. Muito menos seria preciso lábia gesticulatória esganiçada, teleponto de embair, putices de demagogo. Já foi tempo.

Pessoalmente, é-me indiferente se o presidente singapuriano a que aludiu existe e escreveu. Onde houver gaffes é porque não há pastilhas, nem teleponto, nem serviço enciclopédico de bolso e de bastidores, coisas com que o filho da puta parisiense empurrou os problemas com a barriga, enquanto queimava toneladas de dinheiros públicos [a assessoria do verbo de encher era competente como um ladrão de Bancos por apanhar]. Torrou-os em omnisciência rasteira e oportunista, escarrapachada no teleponto, tudo preparado meticulosamente por um batalhão caro, formal ou informal, de assessores e opinadores bem pagos que alias só opinavam e funcionavam porque bem pagos para funcionar e porque a histeria e o narcisismo do fils de pute parisien não tinham limites. [Read more…]

Os 23 escolhidos de Paulo Bento para a Seleção…

…eram previsíveis, exceptuando, talvez, os casos de Custódio e de Miguel Lopes.

Quim, Bosingwa, Hugo Viana, Nuno Gomes ou Ricardo Carvalho não fazem parte da convocatória. Nelson Oliveira, revelação desta época, integra o plantel como se adivinhava.

Eis a lista completa:

Guarda-redes

Rui Patrício

Eduardo

Beto [Read more…]

O mistério das sondagens desaparecidas

Pensava eu que as sondagens eram feitas mensalmente mas pelos vistos a crise chegou a que as paga. O resultado que me interessa, o gráfico regularmente publicado pelo Pedro Magalhães e que nos indica a tendência e não a minudência, mudou: os ganhos de um deixaram de ser as perdas de outro. Veja o gráfico. Gostava que tivesse mais partidos, mas o serviço público gratuito não é a santa casa.

A chantagem e a mentira sobre a Grécia

Não há pachorra para ouvir, por exemplo na TSF, ou mesmo ler a mesma mentira: identificar na Grécia o Syrisa como partido anti-euro. Uma coisa é ser contra o memorando lá do sítio e a política imposta pela troika, outra defender a saída do euro, coisa que apenas o KKE e o nazis fazem, e outra coisa é o alegrismo lá do sítio (curiosamente grafado de Esquerda Democrática por toda a gente, ao contrário do Syrisa que continua a levar com as minúsculas enquanto coligação de esquerdas radicais), que é pelo memorando mas tem vergonha (Manuel Alegre atingiu o estádio de senilidade em que já a perdeu) e sabe que se formar governo desaparece.

Mas vão repetindo, à mistura com a designação de extrema-esquerda aplicada nestas circunstâncias ao Syrisa. Tal como vão omitindo que nenhum país pode ser expulso do euro, e que essa ameaça não passa de bluff. Mais uns dias e até se convencem de que é verdade.

E daqui até às eleições, ou à vida de mariposa de um governo de coligação pró-troika, vai ser assim, Europa fora, e cada vez pior.

Fátima. O ano em que os portugueses foram pedir emprego a Nossa Senhora*

Não dura sempre. Um dia deixam de pedir de joelhos, e exigem-no de pé. Fiem-se na virgem e não corram e vão ver o trambolhão que levam. Tenham medo, muito medo, Portugal não é a Grécia, é mais Maria da Fonte e sobretudo Revolta do Manuelinho. É de uma vez, sem sindicatos ou partidos e vai tudo raso.

*Título roubado a uma excelente reportagem de Rosa Ramos.
Sobre as alterações populares que no final da 3ª dinastia fizeram do cobardolas João de Bragança o “corajoso” João IV, há muito estudadas por António Oliveira e outros, falta material de divulgação na net. Se mais ninguém o fizer um dia destes trato disso.

Os submarinos estão parados porque…

Os submarinos que a Alemanha fez o favor de vender a Portugal têm estado mais tempo parados do que a navegar. A verdadeira razão, no entanto, permanecia no segredo dos deuses e as explicações fornecidas, inclusivamente pelo ministério da defesa, destinavam-se a encobrir um segredo militar de máxima importância que não deveria cair nas mão das inúmeras potências inimigas.

O Aventar, no entanto, chegou à fala com uma alta patente da marinha portuguesa que, sob rigoroso anonimato, nos desvendou o mistério:

“Os submarinos estão onde estão porque, enquanto estiverem parados, não vão ao fundo”

Sábios, estrategas e previdentes, os militares portugueses…

Tristes políticos

Passos Coelho disse que “estar desempregado não pode ser, para muita gente, como é ainda hoje em Portugal, um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma, tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida (…)”.

Ferreira Fernandes, jornalista do DN, escreveu ontem sobre as tristes declarações do PM partindo do «estigma»: “Do que menos precisamos é de um primeiro-ministro armado em psicólogo. Queremos um que trate das coisas. Podia começar por isto: arranjar quem lhe corrija os discursos”.

Por seu turno, no mesmo dia e no mesmo diário, Paulo Baldaia (TSF) preferiu ter como ponto de partida a ideia «mudar de vida». Perguntou “com honestidade”: “alguém pode considerar que o primeiro-ministro estava a defender que não é mau estar no desemprego? [Read more…]

Submarino de 500 milhões parado para poupar no combustível

Lê-se no Público. E a missão, pá!? Ninguém pensa na missão?

Douro

«Ler é sexy»

Este é o nome dado a uma iniciativa do Bairro dos Livros que decorreu no passado dia 12 de Maio. Os livros “considerados sexy” tiveram desconto, segundo consta.

Os promotores da iniciativa, procurando captar leitores, juntaram o adjetivo «sexy» a uma ação que não dá prazer à maioria das pessoas…

Lembrei-me desta iniciativa a propósito da crónica de Manuel António Pina publicada ontem na revista Notícias Magazine. O escritor escreve a certa altura:

Ler é um acto de amor. Se o leitor não for um amante, se o escritor for um proxeneta, os livros entregar-se-ão sem paixão e sem ternura (…). Um dos piores crimes praticados contra os livros é obrigarmo-nos a lê-los. (…) devorar livros sem gostar de literatura nem de livros (…) imagino-os, pobres livros!, transidos e inseguros, desnudados sem pudor por mãos cobiçosas e incapazes de medo ou enternecimento diante do rumor das palavras). [Read more…]

A língua castelhana também é (ibericamente) muito traiçoeira

El Real Madrid pone el broche perfecto a la Liga con 100 puntos.

Hoje dá na net: Catastroika

O novo documentário da equipa responsável por Dividocracia chama-se Castastroika e faz um relato avassalador sobre o impacte da privatização massiva de bens públicos e sobre toda a ideologia neoliberal que está por detrás. Catastroika denuncia exemplos concretos na Rússia, Chile, Inglaterra, França, Estados Unidos e, obviamente, na Grécia, em sectores como os transportes, a água ou a energia. Produzido através de contribuições do público, conta com o testemunho de nomes como Slavoj Žižek, Naomi Klein, Luis Sepúlveda, Ken Loach, Dean Baker e Aditya Chakrabortyy.
(…)
Se a Grécia é o melhor exemplo da relação entre a dividocracia e a catastroika, ela é também, nestes dias, a prova de que as pessoas não abdicaram da responsabilidade de exigir um futuro. Cá e lá, é importante saber o que está em jogo — e Catastroika rompe com o discurso hegemónico omnipresente nos media convencionais, tornando bem claro que o desafio que temos pela frente é optar entre a luta ou a barbárie.

Legendado em português. Ficha IMDB.