Soluções expeditas

Era de prever. Ao irrestível contentamento mediático pelo fracasso do Sr. Samaras, seguiu-se a estremecida expectativa pelas diligências do Führer do Syriza que anda numa azáfama de loucos. Tendo sido rejeitado pelo dinossáurico KKE da guerra civil e respectivas purgas de “inimigos” do povo, o Sr. Tsipras bem podia reeditar o espírito do ainda fumegante Pacto Molotov-Ribbentrop, convidando os camaradas do Alvorecer Dourado. Ambos pretendem algo em comum: uma Europa forte, um Estado todo poderoso e o resto que todos sabem e têm vergonha de afirmar. Até ambas as tropas de choque são idênticas, vestindo de negro, usando capuzes e partindo montras a torto e a direito. Só visto.

Árbitros e campeonatos

Mais uma vez, o Futebol Clube do Porto ganhou o campeonato nacional de futebol. Numa prova de regularidade, não há que enganar: ganha sempre a equipa que merece. O FCP está habituado a ganhar e transformou-se, há muito tempo, no clube em qualquer um se arrisca a ser campeão, estatuto antigamente reservado ao Benfica.

João Gabriel, que, não sei como, um dia, poderá voltar a ser jornalista, declarou que o “título do FC Porto é um tributo aos árbitros”, caindo na habitual e pobrezinha desculpa de todos aqueles que não ganham. Na sua crónica de hoje, n’ A Bola, Eduardo Barroso volta a explicar que, não tivessem sido os erros de arbitragem, o Sporting teria sido campeão com vários pontos de avanço.

Em Setembro de 2011, escrevinhei isto e acabei por me enganar: não é preciso esperarem por Junho para me entronizarem como o novo Zandinga. Aliás, já na minha curta carreira de dicionarista tinha escrito algo de semelhante. Só é triste saber que não é necessário ser inteligente para escrever tudo o que escrevi. [Read more…]

Liberdade de expressão

Comemorou-se, há uma semana, o Dia Internacional da Liberdade de Expressão, que não pode ser «coisa» só de jornalistas, cronistas e de poucos mais.

Pertence-nos a nós, também, cidadãos comuns, esse direito e devemos usufruir dele. Viva a liberdade de podermos aqui no Aventar, por exemplo, dizermos o que nos vai na alma!

Não nos subtraiam também este direito adquirido!

Exerçamos a nossa cidadania, mas com responsabilidade e respeito. É preciso fazer as perguntas certas aos políticos e dirigentes. É preciso exigir mais (de nós, em primeiro lugar, claro).

Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.

(Ponto 1 do artigo 37º da Constituição da República Portuguesa)

Aviso à navegação

A página no Facebook de Artigo 21.º desapareceu sem deixar rasto.
Consta que já havia sido apagada uma vez, vá lá saber-se por quem e porquê. Aconteceu o mesmo a todos os seus vídeos no Youtube.
Agradeço a quem tiver conhecimento do motivo que o faça saber.
Obrigado.

Jorge Meireles

imagem do artigo 21º guardada no Aventar

Dois ou Três Odores

Ontem, Estação da Trindade, eram seis e meia da manhã, havia um rebanho exaltado de fiscais da Metro do Porto, seguranças da Metro do Porto, a cumprir o seu dever [toda a noite e madrugada o cumpriram] e, mais discretos, postos para canto, polícias a tomar notas. Nessa gare, a essa hora, dois problemas com díspares odores: por toda a gare cheirava a uma dúzia de vadiantes romenos, homens, mulheres e meninas, com os seus lenços e as suas saias de cores demasiado berrantes para se misturarem connosco escapando ao escrutínio dos olhos e dos narizes, ora extraídos à bruta das composições, em que por hábito insistem em viajar gratuitamente, ora impedidos dramaticamente de embarcar de modo furtivo e aflito, valsa que se dançava. [Read more…]

Apanha-se mais depressa um anglófilo do que um coxo

Até tenho o Rui Rocha em conta de alguém de quem se discorda mas que produz leitura agradável, mas… touche pas a mon pote. Não fosse o delito de ter escrito que o contributo decisivo para a modernidade veio da Inglaterra (a pérfida Albion do God Save the Queen) ainda passava, uma vez ultrapassados os limites aqui fica a explicação óbvia para as ilusões criadas pela fotografia que publica.

Não que isso me afecte muito (até tenho a mesma altura, só não uso é calçado para fingir que tenho outra), só que uma foto enganadora num texto onde cuidadosamente se omite que Daniel Cohen-Bendit tem tanto de francês como de alemão, necessitava de um contraponto da verdade a que temos direito

A seguir ao corte, a fotografia original com Hollande e Sarkozi, juntos e aos mortos. [Read more…]

Rajoy já tem o seu BPN, chama-se Bankia

O Governo espanhol prepara-se para nacionalizar o Bankia ainda esta quarta-feira, após o fecho do mercado, avança a imprensa do país vizinho.

Sobre o Bankia é imprescindível ler o João Rodrigues.

Esquerda radical?

Existe uma crise cuja raiz está na desregulação de mercados e nas ligações cúmplices entre o poder financeiro e o poder político. Essa crise tem sido gerida – é o termo – por governos de centro-direita sempre muito pragmaticamente adversos às ideologias, mesmo que finjam o contrário e mesmo que se finjam o contrário (por exemplo, quando não estão no governo). A gestão dessa crise tem-se baseado em medidas consideradas inevitáveis e que têm provocado o empobrecimento, o desemprego, a precariedade, enfim, têm tornado pior a vida dos cidadãos.

Ninguém esconde que a solução esteja na austeridade, mas barrosos, merkeis e outros defendem a austeridade pura e simples, colocando as questões macroeconómicas acima da vida das pessoas. Mais radical do que isto só se se defender, frontalmente, o fim da democracia. Para isso, já não falta quase nada e podemos dar como exemplo as reacções musculadas da direita ao exercício da greve ou a criminalização dos funcionários públicos como raça responsabilizada pela crise. [Read more…]

Uma imagem vale mil palavras

Diz um velho provérbio chinês

encontrada pela Ana Vidal

O Pingo Doce e o pingo amargo

Santana Castilho *

1. Obviamente que não sei quanto facturou o Pingo Doce a 1 de Maio. Mas vi referências que situam o encaixe financeiro, em poucas horas, entre os 70 e os 90 milhões de euros. Imaginemos que o grupo recorria a emissão obrigacionista a três anos, para se financiar por igual quantia. Se tomarmos por referência as recentes iniciativas da Semapa e da EDP, a operação teria um custo nunca inferior a 17 milhões de euros. Não tenho elementos que me permitam calcular o valor da mercadoria que saiu das prateleiras, com prazos de validade próximos da caducidade. Mas, certamente, não será despiciendo. Não fora a campanha, essa mercadoria, que agora vai caducar em casa dos clientes, constituiria para o grupo uma perda total. Melhor foi, portanto, “passá-la” a 50 por cento. Volto a não saber quanto gasta o Pingo Doce em publicidade. Mas sabemos todos que é muito. Pois bem: quanto custariam a cascata de notícias, em horário nobre, de todas as televisões, as referências das rádios e o espaço dos jornais, servidos ao grupo a custo zero? [Read more…]

Os truques do costume

Hollande parece que já encontrou o buraco inesperado nas contas francesas que desculpará as promessas que não vai cumprir. Diz a direita que segue Sócrates. Como se Passos Coelho não existisse.

Ponto de partida

O DN coloca, diariamente, uma frase no topo da primeira página, num tamanho de letra mínimo. O Público, por seu turno, seleciona também uma frase por dia (Escrito na Pedra) que, ao invés, vem na última página. Tanto num caso como no outro, as frases devem passar despercebidas a muita gente, atraída pelas letras gordas e a negrito. A minha leitura começa, justamente, por lá, pelo que é mais pequenino e quase não se vê (típico das mulheres!).

Hoje, no DN, da escritora e filósofa Simone de Beauvoir (mulher de Sartre), uma frase curta mas muito rica em sentidos. Partilho com os leitores do Aventar:

Nós, para os outros, apenas criamos pontos de partida.

E já não é pouco!

Zé, é mesmo isto: a Alemanha é que sai do Euro

Com os problemas de Portugal, da Irlanda, da Grécia, da Espanha, da Itália, da Holanda, dos países mais a Leste, com a mudança em Espanha… Quem está afinal mal, é a Alemanha.

É esta a chave – ou há eleições na Alemanha com urgência, ou a Alemanha sai do Euro. É uma linha muito frágil, esta que separa o povo, com fibra, dos governantes que nos roubam. Pode ser uma solução out of the box, mas é mesmo isto: Alemanha fora do EURO!

Há por aí algum professor de história?

Tinha aqui uma dúvida – em que época é que o poder se junta com o clero para lixar o povo?

Talvez seja a Alemanha o primeiro país a abandonar o euro

Entrevista com Alexis Tsipras, líder do Syrisa, feita por Amélie Poinssot e publicada a 28 de Dezembro de 2011 no Mediapart


Que alternativa propõe na Grécia?

A questão não é a de uma política alternativa na Grécia, mas de uma política alternativa na Europa. Muito cedo vimos que se trata de uma crise sistémica ligada ao euro. Ora a forma como se enfrentou esta crise, na Grécia, foi provavelmente o pior que se podia fazer: quando temos um problema de dívida pública não o podemos resolver endividando-nos mais, e exigindo ao mesmo tempo à economia que pare de funcionar… Para ir até à resolução das suas dívidas é preciso pelo contrário produzir a fim de criar os excedentes para reembolsar. Sou portanto por uma regulação da dívida ao nível europeu e por uma política de relançamento na Grécia que possa contrariar a recessão.
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Hoje dá na net: Charlie Chaplin – Tempos Modernos

Um clássico de 1936, muito apropriado para épocas de crise, com Charlie ChaplinPaulette Goddard.

Legendado em português. Ficha Imdb.