Camila Cabello no “The Tonight Show” de Jimmy Fallon

Camila Cabello é a nova estrela do palco virtual, tendo sido a primeira artista a chegar ao topo do Apple iTunes em 100 países com a música do video aqui partilhado – não esta versão (aqui está o original), mas acho-a mais interessante.

Há uma indústria que não há-de estar nada, mas mesmo nada, satisfeita com este sucesso. Adivinham qual é? Dou uma pista: é a mesma de criou coisas como a SPA, que nos sacam dinheiro por cada cartão de memória comprado para a máquina fotográfica.

A indústria das editoras de música, habituada a ter o monopólio do acesso aos artistas, estrebucha perante o facto destes não precisarem dela para difundirem o seu trabalho. Culpa o online(*) pelo decréscimo de receitas, o que é uma dupla mentira. Por um lado, o streaming tem aumentado as receitas das editoras e, por outro lado, isto é como afirmar que o transporte com diligências acabou porque as estradas ficaram melhores.

Habituem-se. E, já agora, que se reveja essa lei que é um atentado à nossa carteira e inteligência. Curiosamente, ou não, o tão liberal governo anterior foi responsável pela aprovação desta rendinha assegurada pelo Estado. É bom não esquecer.

(*) “Contudo, a AUDIOGEST recorda que o crescimento das receitas na música digital desce para 4%, quando se descontam as perdas registadas na venda de músicas em suporte físico (menos 80% desde 2002).” – ler perdas para as editoras, que ficavam com a fatia de leão dos lucros; quanto aos músicos, esses têm… as plataformas online para publicar.

Comments

  1. Fernando Manuel Rodrigues says:

    Cá temos mais uma “história da carochinha”. Dito assim parece um conto de fadas. A realidade, infelizmente, é bastante diferente. A Apple é tão má ou pior que as editoras. Não investe um tusto na promoção destes, e o que lhes paga é uma miséria. Neste aspecto, é tão má ou pior que as editoras. E nem sequer se preocupa em descobrir ou promover novos talentos. A sua única preocupação é amealhar dinheiro.

    Promover a Apple, talvez a maior sanguessuga do panorama mundial das multinacionais, uma empresa que funciona à margem da lei, e explora tudo e todos, é caso para dizer – é preciso ter lata.

    Vir promover o iTunes como solução só mesmo para ignorantes cegos. Nunca o panorama musical foi tão “pobrezinho”, e isso deve-se em boa parte ao colapso das editoras. E se é Camilla Cabello que lhe serve de exemplo para o “sucesso” da solução “plataformas digitais”, então estamos mesmo conversados.

    Dizer que as “plataformas digitais” são a receita para a independência dos músicos só funciona mesmo para quem não sabe nada do assunto. Os únicos que se safam são os já consagrados, ou então fenómenos “popularuchos” como o exemplo acima. É verdade que as editoras ficavam com uma boa parte dos lucros da música, mas a Apple também fica. Os músicos continuam a receber uma miséria. E nem sequer o público kucra – 1 euro por uma música em download, pela qual a empresa paga 10 ou 15 cêntimos ao artista, e arrecada 85 ou 90 cêntimos que são praticamente lucro líquido, já que os custos deverão andar por menos de 1 cêntimo por música.

    Fique-se lá pelas diatribes, e deixe o negócio da música para quem sabe como ele funciona.

    • O meu argumento é mais em detrimento das editoras do que de favorecimento das plataformas de streaming. Ao que acresce que estas últimas não me cobram uma taxa sobre um direito (cópia privada) que não consigo exercer (é ilegal quebrar os mecanismos de encriptação dos CD, DVD e Blue-Ray).

      Sobre a afirmação as «“plataformas digitais” são a receita para a independência dos músicos», note que não é o que lá está escrito. O texto diz, isso sim, que os músicos podem publicar os seus trabalhos nessas plataformas, o que é muito diferente. E já agora, não é também pelo que as editoras pagam aos músicos, excepto para hiper-fenómenos, que lhes permite atingir essa independência.

  2. Fernando Manuel Rodrigues says:

    Ah… E 1 euro é para downloads são em formato comprimido, com perda de qualidade. Se quiserem fazer o download em formato “lossless” o preço sobe.

  3. Sobre o tema de quanto pagam as plataformas de streaming, deixo aqui um conjunto de artigos interessantes.

    Streaming music payments: how much do artists really receive?
    https://www.theguardian.com/technology/2013/aug/19/zoe-keating-spotify-streaming-royalties

    Zoe Keating – Online Sales & Streaming- 6months accounting
    What is this?
    This started out as a look at my accounting data from plays of my “One Cello x 16” recordings on Spotify. The payments are minus the 9% taken off the top by CDBaby.
    Since I posted this info I’ve gotten a lot of questions about my music sales income for comparison, so I added a snapshot of iTunes, Bandcamp and Amazon and accounting from Soundexchange (i.e. Pandora) and ASCAP (i.e. Radio)
    https://docs.google.com/spreadsheets/d/1IZ3j67aNI4XBGKYLvgR6db5fIaB4sqrchVcim2XhBIo/edit#gid=3

    Spotify vs Musicians: 10 things to read to better understand the debate
    Is streaming music harming the careers of new artists, or could it be their salvation? Here are some opinions and data to help you reach an informed view
    https://www.theguardian.com/technology/2013/jul/29/spotify-vs-musicians-streaming-royalties

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