Entrevista com Alexis Tsipras, líder do Syrisa, feita por Amélie Poinssot e publicada a 28 de Dezembro de 2011 no Mediapart
Que alternativa propõe na Grécia?
A questão não é a de uma política alternativa na Grécia, mas de uma política alternativa na Europa. Muito cedo vimos que se trata de uma crise sistémica ligada ao euro. Ora a forma como se enfrentou esta crise, na Grécia, foi provavelmente o pior que se podia fazer: quando temos um problema de dívida pública não o podemos resolver endividando-nos mais, e exigindo ao mesmo tempo à economia que pare de funcionar… Para ir até à resolução das suas dívidas é preciso pelo contrário produzir a fim de criar os excedentes para reembolsar. Sou portanto por uma regulação da dívida ao nível europeu e por uma política de relançamento na Grécia que possa contrariar a recessão.
O governo grego deve envolver-se por outro lado num programa de redistribuição da riqueza. Um exemplo: neste momento, nos bancos suíços, há mais de 600 mil milhões de euros de dinheiro grego – quase duas vezes a dívida pública, que saíram tanto pela mão dos bancos gregos como pela de particulares para o estrangeiro. Portanto existe riqueza… mas ela não se sujeita aos impostos.
Como é que se pode resolver isso?
A nossa proposta é a seguinte: que cada um, na Grécia, seja obrigado a fazer uma declaração de todos os seus bens, as suas propriedades imobiliárias, mas também dos seus depósitos nos bancos nacionais e estrangeiros, e os seus capitais mobiliários. Hoje o contribuinte não tem essa obrigação. Claro, vai-me dizer: como é que pode impedir declarações falsas? É preciso colocar regras muito estritas. Por exemplo, se alguém for apanhado fazendo uma declaração falsa, será ameaçado de confisco dos seus bens. Até agora o sistema fiscal na Grécia tem sido um sistema injusto e desigual.
Outra pista: uma quotização especial dos armadores. Sabe que a Grécia possui a maior frota comercial do mundo. E sabe a que nível contribuem os armadores para as finanças públicas numa altura difícil para o país? menos que os imigrantes quando pagam a sua autorização de residência! Os armadores beneficiam de 59 tipos de abatimento fiscal diferentes. É preciso exercer uma pressão aqui e mudar a legislação.
É portanto adepto de uma profunda reforma fiscal, e de uma solução europeia para a dívida grega. Quer isso dizer que é favorável à manutenção da Grécia na zona euro?
Sim, não crio que possa haver uma solução política fora do euro. Creio que a Grécia e qualquer outro país que veja recuar os seus direitos soberanos e os interesses do povo tem o direito de defender o interesse nacional, mesmo sob a ameaça de colapso do euro.
Na verdade dirigimo-nos para outro extremo: o euro está ameaçado devido à obstinação da Alemanha em manter esta política de austeridade. Se não houver uma mudança na arquitectura do euro, quero dizer, se não damos ao Banco Central europeu a possibilidade de emitir moeda e de constituir um refúgio para as necessidades de empréstimos aos países que enfrentam problemas, então o euro não sobreviverá.
E talvez que seja a Alemanha o primeiro país a deixar o euro… Ora se um país sair do euro, a zona euro afunda-se…
Que aproximação faz a outras formações da esquerda europeia?
Sou vice-presidente do Partido da Esquerda Europeia, sendo o presidente Pierre Laurent, secretário-geral do Partido Comunista Francês. Estamos em contacto regular, ainda há uma semana nos encontrámos para discutir os desenvolvimentos após a cimeira de Bruxelas. Estou próximo de Jean-Luc Mélenchon – espero que ele obtenha um bom resultado na eleição presidencial.
O Partido da Esquerda Europeia apresentou pouco tempo atrás uma série de propostas alternativas para fazer face à crise. Antes de mais propomos uma refundação da zona euro e do euro; queremos mudar os critérios de estabilidade: não o défice, a dívida, e a inflação, mas o desenvolvimento – é preciso que uma economia seja obrigada a ter números positivos de crescimento -, um desemprego o mais baixo possível, e uma balança de pagamentos equilibrada entre importações e exportações, a fim de que não se caia no grande dumping entre os países do Norte e os do Sul, onde as vantagens do Norte são as carências do Sul.
O nosso segundo eixo é o do papel do Banco Central Europeu. Em parte nenhuma do mundo existe uma economia com uma moeda única e uma política monetária comum sem um banco central que possa financiar e imprimir moeda… Terceiro eixo: é preciso um orçamento europeu, generoso, para financiar o crescimento. Uma caixa comunitária possivelmente financiada pelos países em função das suas capacidades.
A srª merkel está mais do que farta (há uma foto dela a bufar e cazer bochechas) – e agora sem o seu amigo sarko que at+e lhe era uma boa bengala, nem se aguenta e o seu partido anda a virar-lhe costas – vamos ver – a europa assim rebenta com os países e mesmo com economias e ela “dá” e só quer “receber” mas servu-se enquanto precisou e vira costas agora – cabrona
A Grécia está lixada. E dentro em breve por lá chegará a tão falada crise, eles, tal como Portugal, esqueceram-se que já não produziam moeda, e agora resolver este “esquecimento”, é mesmo muito complicado, não creio que haja dirigentes à altura (a passagem do tempo resolverá, o tempo resolve tudo). Uma coisa é certa, não serão os contribuintes de uns países a pagarem a despesa a mais que outros países fazem. ou alinham a despesa com a receita ou vão à bancarrota. (Por isso é que Portugal terá de fazer mais cortes na educação, saúde, salários, pensões, etc. em 2013 – claro, há as rendas, PPP, etc. só que é preciso não esquecer que o Estado é um aparelho de classe, defende os interesses da classe no poder. Essa coisa do Estado sermos todos somos nós, é treta, eu não sou o Estado, o Estado era o Luís XIV. O Estado é uma instituição de classe, se esta classe está próspera, então pode distribuir algo, se não, lá vem austeridade).
acho que 750 mil dracmas dão para uma semana a morfar em 2013
em 2014 devem dar para um franguinho e meia de leite
em 2015 têm notas de milhão de marxes na zona vermelha e de 500.000 alexandres na parte fascista
com sorte é 1947 again
com azar é guerras dos balcãs 1992-1996 1999 2012-? dá para 4 feriados
Propostas do Syriza: nada que não seja irrealizável, na Grécia, Cá e Noutros Países.
Não é o que temos andado a dizer? Os Partidos Socialistas que se unam, percam o medo e deixem de fazer concessões,que defendam os Povos que são Pessoas que estão em causa. Boa entrevista.
Tal lá como cá
Haverá algum governante que não queira uma balança comercial equilibrada, crescimento e pouco desemprego? Trivialidades, portanto.
Quanto às soluções, despejar dinheiro na economia é o que se tem feito. Parece que não funciona. Além disso, as empresas criam a dependência do encosto ao estado em vez de vingarem por si mesmas.
Com um banco central que imprima dinheiro, concordo mas por outras razões. Face à inevitabilidade dos governos gastarem o dinheiro dos contribuintes em coisas ruinosas como as nossas PPP, até porque os eleitores premeiam esse comportamento, ao menos imprime-se moeda para tapar o buraco e empobrecemos todos por igual. Porque não haja dúvidas, imprimir moeda é aumentar a inflação, esse monstro silencioso que come as poupanças de cada um.
*corrigido