Tsipras, a vitória da coragem política e do falar verdade.

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Começo este meu texto deixando claro que ideologicamente estou diametralmente no lugar oposto ao que defendem do ponto de vista político Alexis Tsipras e o Syriza, o que não me impede de fazer uma análise política ao que se passou na Grécia durante o ano de 2015, nomeadamente àqueles que foram as atitudes e os comportamentos do primeiro-ministro grego.

Tsipras e o Syriza venceram as eleições Legislativas a 25 de Janeiro. O programa eleitoral sufragado defendia um plano de anti-austeridade que previa um aumento dos impostos para os contribuintes com maiores rendimentos, o adiamento ou anulação do pagamento da dívida e um aumento do salário mínimo e das pensões.

Na impossibilidade do cumprimento do programa eleitoral fruto do  fracasso das negociações conduzidas pelo ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, com a Troika no quadro da crise da dívida grega pública foi agendado um referendo para o dia 5 de julho de 2015  para ser votada a proposta da União Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional. O referendo foi clarificador dando os gregos uma vitória ao Governo de Tsipras. O «não» ganhou com 61,31 % dos votos contra 38,69 % para o «sim».

Apesar da vitória no referendo Varoufakis demitiu-se na mesma noite. Alexis Tsipras enfrentou uma crise política no seio do seu partido motivada pelo acordo efectuado com os credores internacionais que possibilitou o terceiro resgate financeiro ao país. E foi precisamente este acordo que levou a um aumento do descontentamento no seio do Syriza, que levou Tsipras a anunciar que depois de reembolsar o BCE iria apresentar no parlamento uma moção de confiança. A votação foi um rude golpe vindo do seu próprio partido. Quase um terço dos deputados do Syriza, votaram contra ou abstiveram-se na votação da moção de confiança, um número muito superior às três dezenas de deputados que tinham votado contra as reformas.

Na sequência destes acontecimentos o primeiro-ministro Alexis Tsipras tomou a decisão de se demitir tendo sido convocadas eleições antecipadas para o passado dia 20 de Setembro. Esta demissão foi um risco para Tsipras mas foi um acto de clarificação politica e de um absoluto desprendimento pelo poder.

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As eleições Gregas e o futuro da Europa

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Os tweets desta noite de Jeroen Dijsselbloem demonstram a abertura para o Eurogrupo continuar a trabalhar conjuntamente com Alexis Tsipras a implementação das reformas fundamentais para o futuro da Grécia.

Sinais muito importantes para o futuro da Europa.

Estes gregos devem estar loucos II

Tsipras

Depois de semanas de sondagens a anunciar empates técnicos entre Syriza e Nova Democracia, com a excepção da imprensa afecta aos senhores do regime que afirmavam mesmo que a Nova Democracia liderava, ainda que por uma margem residual, a sondagem à boca das urnas parece indicar mais uma vitória do partido liderado por Alexis Tsipras.

Ainda é cedo para comentar resultados mas há algo que me parece incontornável: para além de toda a chantagem e manipulação, os gregos estão fartos da corrupção, má gestão e clientelas do bloco central lá do sítio. Tsipras foi empurrado para o terceiro resgate, cedeu à chantagem, percebeu que tinha colocado em causa o mandato que lhe foi atribuído e devolveu a palavra aos gregos. Os gregos parecem continuar do seu lado.

Grécia: O império contra-ataca

Bobolas

Era expectável. Há uma semana e meia, a minha bola de cristal avisou-me que as manipulações e as mentiras sobre o desenrolar do período que antecede o acto eleitoral grego deste mês estariam de volta e eis que, a poucos dias da votação, surge o primeiro do contra-ataque do império que controla a Grécia na sombra com a divulgação de uma sondagem que coloca a Nova Democracia 0,3% à frente do Syriza nas intenções de voto dos gregos. Os jornais portugueses apressaram-se a fazer eco deste estudo (JN, Jornal de Negócios, I e Diário de Notícias) encomendado pela cadeia televisiva MEGA ao instituto GPO, o tal que permitiu, pouco antes do referendo grego, que dados incompletos de uma sondagem por si feita, que colocava o SIM 4 pontos percentuais à frente do NÃO, tenham sido divulgados antes do tempo, dando origem a um espectáculo de manipulação de opinião pública. A realidade, essa, mostrou-nos o NÃO a esmagar o SIM numa relação 61,5%- 38,5%. [Read more…]

A lição de Tsipras

Tsipras

Extasiadas, as tropas do regime salivam e rosnam acusações de irresponsabilidade e cobardia, apesar da inquietação causada por um movimento que a esmagadora maioria não antecipou e que poderá ter um impacto inesperado na estratégia dos seus caciques para as Legislativas: na passada Quinta-feira, Alexis Tsipras comunicou à Grécia e ao mundo a sua demissão, na sequência da conclusão do acordo para um novo empréstimo e consequente recebimento da primeira tranche. Depois da chantagem, Tsipras baralhou e voltou a dar. [Read more…]

Estilhaços da esquerda grega contra Tsipras

Corrente de Esquerda, Renovação Comunista, Organização de Reconstrução Comunista (grupo de antigos militantes do KKE), Esquerda Socialista (grupo de antigos militantes do PASOK que estão no Syriza), Esquerda Operária Internacionalista, Recomposição de Esquerda, Grupo Anticapitalista de Esquerda, Luta Operária (rede de militantes do KKE), etc., assinaram ontem um manifesto anti-memorando. (fonte)

Os populistas do Norte

«O principal problema político dos governos do Norte [holandês, finlandês e alemão) é que não querem contradizer-se nos seus parlamentos, pois barricaram-se por detrás de um discurso populista, segundo o qual os seus povos pagam para que os preguiçosos dos gregos se aguentem. Tudo isso é falso, uma vez que é aos bancos que pagam.» Alexis Tsipras, 29 de Julho de 2015 [Fonte: L’Humanité|transcrição em Francês]

Referendo, grexit e orthographexit

Βρισκόμαστε σε μια κρίσιμη καμπή που αφορά το μέλλον του τόπου.

Αλέξης Τσίπρας

***

Aqui em Bruxelas, há reuniões que duram 17 horas e nas quais se procura encontrar uma solução para resolver um problema.

Aí em Portugal, nem 17 minutos são dedicados à resolução de um problema denunciado há muito tempo e criado pelo poder político.

A solução, neste caso, é mesmo a saída.

Post scriptum: Curiosamente, lembrei-me de orthographexit, no mesmo dia em que Jérôme Godefroy cunhou o termo. Há dias assim.

dre 13072015

Το δημοψήφισμα

Κι αν πτωχική την βρεις, η Ιθάκη δεν σε γέλασε.

– Κ.Π. Καβάφης

Μα γι’ αυτό και μου συνέβη.

– Φερνάντο Πεσσόα

***

Η διατήρηση της υφιστάµενης κατάστασης δεν αποτελεί επιλογή υπό τις παρούσες συνθήκες. Αυτή η εξαιρετικά επικίνδυνη στρατηγική θα στοιχειώνει και πάλι την Πορτογαλία και την πορτογαλική γλώσσα στο εγγύς και το απώτερο μέλλον.

Ναι ή όχι;

Λοιπόν, η απάντηση είναι πολύ απλή. Θα μιλήσουμε για αυτό αργότερα, κατά τη συζήτηση – το λεγόμενο “discussão mais focada“.

Θα τελειώσω με μια φράση του Αλέξη Τσίπρα:

Βρισκόμαστε σε μια κρίσιμη καμπή που αφορά το μέλλον του τόπου.

Καλό Σαββατοκύριακο.

dre 03072015

Discurso de Alexis Tsipras

A tradução deste discurso foi feita por Isabel Atalaia a partir da tradução não oficial para inglês de Stathis Kouvelakis. Em ambos os casos, as traduções foram feitas com grande urgência, por se entender prioritário difundir um discurso de importância fundamental. Por esse motivo, este texto será actualizado caso se verifique a necessidade de fazer qualquer alteração que salvaguarde a sua fidelidade ao original.

Compatriotas,
Durante estes seis meses, o governo grego tem travado uma batalha em condições de asfixia económica sem precedentes para implementar o mandato que nos foi dado, a 25 de Janeiro, por vós.

O mandato que negociávamos com os nossos parceiros visava acabar com a austeridade e permitir que a prosperidade e a justiça social regressassem ao nosso país.
Era um mandato com vista um acordo sustentável que respeitasse quer a democracia, quer as regras europeias comuns e que conduzisse à saída definitiva da crise.

Ao longo deste período de negociações, fomos convidados a executar os acordos concluídos pelos governos anteriores através dos memorandos, embora estes tenham sido categoricamente condenados pelo povo grego nas recentes eleições.

Apesar disso, nem por um momento pensámos em render-nos. Isso seria trair a vossa confiança. [Read more…]

Cavaco Silva disse que “pode haver excepções para a Grécia”?

É possível e já aconteceu algo de semelhante com o ‘factor de perturbação’ de Carvalho da Silva. Segundo o Correio da Manhã, Cavaco Silva disse que “não pode haver exceções para a Grécia”.

Eurogrupo: a Grécia como desafio democrático

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O primeiro-ministro grego está debaixo de fogo e os canhões apontados à Grécia estão em Bruxelas, com o apoio dos governos português e espanhol. Tsipras disse que os gregos encontraram em Bruxelas um eixo de poder que tem um objectivo político muito claro: assegurar os resultados eleitorais que melhor servem os interesses dos partidos que têm partilhado o poder nos países onde haverá eleições este ano, e os dos seus parceiros de negócios.

Numa tentativa desesperada de defesa dos referidos interesses (que não são os dos povos, sabêmo-lo hoje, ao custo do nosso sofrimento e da indignidade das nossas vidas de cidadãos de países supostamente desenvolvidos e democráticos, mas onde cheira de novo a fascismo, naquela versão que a gente sabe), Mariano Rajoy disse que os ibéricos não são responsáveis «pelas frustrações dos radicais de esquerda» quando confrontados com a realidade dos factos. Como se a realidade fosse unicamente composta pelos factos que melhor servem os interesses de Rajoy. Já o Governo alemão, acusou Tsipras de ter cometido um erro que não é habitual, ao atacar os seus parceiros europeus, «algo que não se faz no eurogrupo», disse o Governo alemão. Isto está bonito.
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Era uma vez um primeiro-ministro desorientado

Manif Grécia

Foto@Expresso

Quando questionado pelo jornalista Rui Pedro Antunes (DN) no rescaldo da vitória do Syriza nas legislativas gregas, a eurodeputada do BE Marisa Matias referiu que “finalmente Portugal terá um primeiro-ministro que o defende no Conselho Europeu“. Concordo com esta premissa e só lamento que esse primeiro-ministro não seja o português. Esse já há muito demonstrou que as suas prioridades são a Alemanha, a corte e os boys do seu partido e a sua agenda ideológica além-Troika. E à medida que o cerco anti-austeridade se aperta e o vazio de ideias se avoluma, pouco mais restará a Passos Coelho do que esconder-se debaixo das saias de Angela Merkel, refém da sua própria inércia.

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Ui que radicais que eles são, tenham todos muito medo!

Alexis Tsipras, o Fidel Castro das alucinações mais profundas e patetas de Paulo Rangel, continua a fazer amigos. É tudo por hoje. Boa noite Castelo de Vide.

Uma rádio portuguesa, com certeza

TSF

Segundo uma rádio portuguesa, a página do Bloco de Esquerda publicou a carta aberta escrita por Alexis Tsipras, traduzida por um “blogue português”. Ora, para quem não souber, o “blogue português” referido pela rádio portuguesa é o AVENTAR. A-V-E-N-T-A-R. Exactamente: o Aventar.

Não percebo o motivo de a rádio portuguesa não ter dito que a página de um “partido português” tinha publicado uma tradução de um “blogue português”. Ou somos todos portugueses, ou há moralidade.

Agora, vamos ao *Handesblatt.

Em primeiro lugar, não é Handesblatt, é Handelsblatt. H-A-N-D-E-L-S-B-L-A-T-T. Se, na rádio portuguesa, lerem com atenção a tradução feita pelo “blogue português”, perceberão.

Cito:

A maior parte de vós, caros leitores do Handelsblatt.

Em segundo lugar, registo o facto de a rádio portuguesa referir — sem grande êxito, como se percebeu — o nome do jornal alemão e de não mencionar o nome do “blogue português”.

Como não sou mal-educado, ficai a saber que a rádio portuguesa que não menciona o nome do “blogue português” é a TSF.

Lamentável, lamentável, lamentável.

Vergonhoso, vergonhoso, vergonhoso.

Actualização (31/01/2015): Entretanto, a TSF retractou-se. Causa finita est.

tsf retractação

Da Grécia com amor

A carta de Alexis Tsipras ao povo alemão. Um documento para a história.

Passos Coelho, contador de histórias e de outras coisas que não existem

Ver Pedro Passos Coelho referir-se às propostas do Syriza como “contos de crianças“, independentemente de elas se virem ou não a cumprir, remete-me para os inúmeras histórias de embalar ovelhas com que este sujeitinho aldrabou o eleitorado na sua busca desenfreada pelo poder entre 2010 e 2011 e que o Ricardo Santos Pinto teve o cuidado de compilar pouco depois deste contador de histórias ter chegado ao poder.

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El diccionario de Griego

Uma excelente crónica de Juan Cruz.

“A tática do medo já não funciona na Grécia”

Curiosamente, “a tática” também não funciona em português europeu. A táctica, sim, funciona.

Financial Times alemão apelou ao voto dos gregos no ND

Na passada quinta-feira, o Finacial Times alemão apelou, em grego, ao voto no Nova Democracia. Na sexta-feira, foi o presidente do presidente do Bundesbank dar uma entrevista conjunta ao PÚBLICO, ao El País, ao Corriere della Sera e ao Kathimerinion onde defendeu a ortodoxia económica segundo o ponto de vista alemão.

A política europeia está ainda mais baralhada do que a sua economia, o que é deveras preocupante, já que foram as erráticas políticas europeias e nacionais que até aqui nos conduziram.

Seguem-se os respectivos textos em alemão e em português (tradução livre).

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Talvez seja a Alemanha o primeiro país a abandonar o euro

Entrevista com Alexis Tsipras, líder do Syrisa, feita por Amélie Poinssot e publicada a 28 de Dezembro de 2011 no Mediapart


Que alternativa propõe na Grécia?

A questão não é a de uma política alternativa na Grécia, mas de uma política alternativa na Europa. Muito cedo vimos que se trata de uma crise sistémica ligada ao euro. Ora a forma como se enfrentou esta crise, na Grécia, foi provavelmente o pior que se podia fazer: quando temos um problema de dívida pública não o podemos resolver endividando-nos mais, e exigindo ao mesmo tempo à economia que pare de funcionar… Para ir até à resolução das suas dívidas é preciso pelo contrário produzir a fim de criar os excedentes para reembolsar. Sou portanto por uma regulação da dívida ao nível europeu e por uma política de relançamento na Grécia que possa contrariar a recessão.
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A carta do Syriza aos donos da Europa

Em Fevereiro  Alexis Tsipras, dirigente do Syriza, endereçou uma carta aos chefes dos estados-membros do Eurogrupo, ao presidente da Comissão Europeia, ao presidente do Conselho Europeu,  e ao presidente do Parlamento Europeu, explicando muito bem ao que vinha e que o governo da ND/PASOK e outros não tinha legitimidade democrática para assinar compromissos internacionais.

Hoje andam a fazer de conta que não leram. A democracia quando é contra nós é uma coisa muito aborrecida.

A Carta de Alexis Tsipras

Excelentíssimos senhores e senhoras, [Read more…]