Game of Greves

Pires Dread Lima(reparem na pose cheia de swag deste ministro)

Estranho. Em Dezembro, perante o aviso de greve na TAP, o governo não hesitou e decretou serviços mínimos. É certo que a greve estava marcada para o final de Dezembro, o que levantava constrangimentos óbvios, e o governo, forçado a agir, optou por esse caminho. Agora, face a uma greve que tem mais a ver com os interesses dos pilotos* do que com a empresa como um todo, uma greve que poderá custar cerca de 70 milhões de euros aos cofres cheios do Estado e colocar seriamente em causa a estabilidade da empresa, o governo cruza os braços e decide não fazer uma requisição civil. O mesmo ministro que fez “um apelo humilde” aos pilotos para que reconsiderassem a sua decisão e que acenou com o fantasma da ameaça à viabilidade e sustentabilidade da TAP diz-nos agora que “quem estaria à espera de uma requisição civil para poder emendar a mão vai ter muito que esperar“. Um estratega este Pires de Lima, um homem de muitos talentos. Será que é desta que o Efromovich leva a TAP mais barata que o BPN?

*em 1999 foi assinado um acordo entre o sindicato de pilotos e a TAP, acordo esse que recebeu despacho da tutela, mas que aparentemente não tem validade legal. João Cravinho, o ministro que na altura assinou o despacho, acusa agora os pilotos de “má-fé” e “dolo”. A TAP tem tido muita sorte com os ministros que a têm tutelado.

Comments

  1. Nightwish says:

    Os pilotos fazem parte do 1%? Não? Então os acordos são para rasgar.

  2. Convido os leitores do Aventar a recordarem o ridículo tom de voz que Pires de Lima usou para fazer aquele número de stand up comedy no Parlamento, a propósito de taxas municipais. Recordados? Agora reparem bem a figurinha da que ele está a fazer nesta foto. O homem deve estar a bater-se pelo Nobel da Triste Figura. Tem o meu voto.

  3. Catalina Caldeira says:

    Sou vossa seguidora há já algum tempo e encontrei no mural de um amigo este breve esclarecimento dos outros números que não são falados nesta paralisação da TAP. Afinal existem 2 greves e nós nem demos por ela…

    “Carta Aberta,

    Como piloto PGA, orgulhoso na profissão que tenho, é com grande angústia que tenho vivido estes últimos dias. Estou de greve, pois infelizmente, é a última, e agora a única, esperança que me resta, porque quero continuar Piloto por muitos anos, com saúde, a voar em segurança e a proporcionar aos nossos passageiros o melhor. Tudo isto parece óbvio e indiscutível, devia ser óbvio aos olhos de todos e em primeiro lugar ao dos que lideram. Talvez pensem que estou a falar de “um mundo ideal”, quando priorizo a segurança de alguém que opta por apanhar um avião e confia no seu comando, talvez considerem excesso de zelo, mas se a vida passa a ser secundária em prole dos escandalosos lucros de alguém que não entra nesse voo, diria que alguém tem o mundo ao contrário, mas não serei eu, nem os 90% dos Pilotos PGA que se recusam a compactuar neste crime autorizado.

    Numa companhia em que a Administração insiste em planeamentos impensáveis, que enviam pilotos para casa, com baixas médicas, fatigados, levados ao seu limite, para que os lucros de alguém aumentem… de facto, alguém quer um mundo ao contrário… mas os Pilotos recusam-se a pagar com as suas vidas. Os Pilotos não estão à venda, não fazem greve para enriquecer, ou talvez o façam, se como diz a sabedoria popular: “Não há maior riqueza que saúde!”

    Não há um único piloto a fazer greve de ânimo leve. A greve é sempre a última opção, uma opção desgastante, uma última esperança de fazer valer o que devia ser prioritário: o direito à vida, pela segurança. Quanto custará ao Estado custear esta segurança? Compensará o custo da greve? Nada disto faz sentido, num mundo (idealmente) normal.

    Um Piloto “normal” da PGA”

    Vale a pena pensar nisto, não?!?
    Catalina Caldeira

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