Isto é que vai uma cheia…

Eu ia para escrever aqui algumas considerações sobre as brutais cheias do Algarve e lembrar o que, nas últimas quatro décadas, foi estudado, dito e escrito sobre as barbaridades a que estava sujeito o pobre Algarve no seu processo de “desenvolvimento” urbanístico – confundido, geralmente, com desenvolvimento turístico – bem como a total ausência de estratégias de controlo e aproveitamento das linhas de água da região. Afinal, perante a grandeza das explicações do nosso novo ministro da administração interna, o Senhor Professor Calvão da Silva, calo-me e reduzo-me à minha humilde ignorância. É que sobre origens demoníacas dos fenómenos meteorológicos e da relação dos níveis de pluviosidade com os humores de Deus, nada sei. Mas, depois de ouvir as ministeriais explicações – de uma profundidade comparável às das águas que inundaram Albufeira – fiquei a saber que, com o novo governo, estamos nas mãos da divina providência. Porém eu, modestamente, que nessas transcendências não sou versado, limito-me a esperar que os augúrios que se adivinham venham a ser confirmados no dia 10. Depois disso, não posso garantir, como o santo governante, que Deus arranjará para os ex-ministros “um lugar adequado”. Mas alguém, seguramente, tratará disso, como é costume…

Comments

  1. ZE LOPES says:

    Ó José Gabriel! Ataca-se assim um homem que acaba de prestar um elevado serviço ao país, se não a toda a Humanidade, ao anunciar que existe um seguro contra riscos provocados por Satanás? Francamente!

  2. Ana A. says:

    Esta gente pensa que está a falar para o Portugal de 1917…e o povo são “pastorinhos”!

  3. Rui Moringa says:

    Valha-o Deus.
    Mas porque não huve ninguém que lhe dissesse para nãose meter nisso, de ser ministro?!
    Parece ser um professor competente e por que se meteu na política ministerial!?
    O poder é uma coisa f****a.

    • Helder P. says:

      Pelo discurso moralista, só se fosse professor de Teologia.
      Sermão de Pe.Calvão da Silva aos portugueses que vivem acima das suas possibilidades (mas abaixo da linha de água).
      Vi a “homilia” de Calvão da Silva e lembrei-me de como se fala que a Protecção Civil, o conceito de que o Estado tem o papel de proteger os cidadãos, começou com o Marquês de Pombal após o terramoto de 1755. Já na altura, os “Calvões da Silva”, proclamavam que se tratava de humores divinos e penitência pelos nossos pecados.
      Só mesmo em Portugal é que a direita em pleno ano da graça do Senhor de 2015, continua a ter tais múmias de pensamento obscurantista.
      Eu vejo políticos conservadores por essa Europa fora, mas não vejo muitos que ainda habitem no século XVIII. Mas também estamos a falar do país que teve no século XX uma ditadura cujo ideário era regredir à glória da Idade Média, vulgo, integralismo lusitano.

  4. Carvalho says:

    De onde saiu esta aberração ministerial?
    A que caixote do lixo da inteligência foi o PSD buscar esta coisa abjecta e repugnante? Se metesse a religiãozinha onde o Sol nunca se põe…


  5. Deixem lá o “homem”, ele é sacristão nas horas vagas… digo eu!
    É pena ser ministro tão pouco tempo. Teríamos material para o anedotário nacional durante muito tempo.
    Mas onde é que o laparoto vai desencantar estas abéculas ?

  6. Santiago says:

    O Cardeal Cerejeira está cada vez mais novo, só não sabia que já tinha chegado a ministro…


  7. Disse Constança Cunha e Sá :
    “Temos um ministro que tanto depressa nos aparece como pregador como agente de seguros. Só faltou falar na arca de Noé”.
    Vê-se que saiu do fundo do tacho do PSD. Aparece-nos um pregador no meio das cheias e angariador de seguros.”

    • joão lopes says:

      isso mesmo:é mesmo um pregador envangelico.tenham medo,muito medo…se não ainda acabam pendurados numa arvore,no Texas.