Perpendiculares e não coincidentes

Fazer o óbvio, em política, nem sempre tem sido a distância mais curta entre as práticas dos governantes e a vida de cada um de nós.linhas

E, para a direita, tal opção geométrica resultou numa equação simples – juntar duas linhas bem distintas: o PSD e o PP – e criar uma nova realidade matemática em que duas linhas se transformaram numa só. No entanto, tal fusão, deixou de fora a social democracia e por isso, há tanto PSD com os pés de fora.

À esquerda, em 41 anos, tivemos duas linhas paralelas que, apesar dos pontos de contacto, teimaram em fazer um caminho paralelo, sem nunca se encontrarem.

Para surpresa da direita conservadora, descobriu-se, há uns dias, que é possível juntar duas ou mais linhas, sem que, obrigatoriamente, se tornem imediatamente coincidentes.

E esta é a chave da questão – manter três linhas em movimento, com contactos nos pontos em que o povo fique a ganhar. Ora, tal objectivo está mais do que alcançado, até porque foi essa a opção eleitoral dos portugueses.

PS, BE e PCP já se entenderam e agora só falta o mais complicado: fazer o óbvio.

Nota: para os Proenças e Assis, a quem a direita dá palco fica uma questão geométrica: a quadratura do círculo. Liguem ao Pacheco Pereira, que ele explica.

 

Um governo do PS

com o apoio da esquerda é SEMPRE melhor que um da direita com o apoio do PS. Subscrevo, as palavras de Carlos César.

Mundo civilizado?

O Público chama a atenção para um “cantinho” da agenda noticiosa.

Vamos continuar a fazer de conta?

Ainda me lembro da PàF em campanha na Cercica. Foi há um mês.

Alunos sem apoio e pais com medo de falar. Associação Portuguesa de Deficientes descreve “cenário bastante grave”. (Foto: Lusa)

Entregar a alma ao criador

calvão da silva
Só por causa do ministro Calvão da Silva, quase chego a ter pena que este Governo vá durar tão pouco tempo. Pela amostra, ia ser muito divertido.
Feliz ou infelizmente, em virtude da fúria demoníaca da Esquerda, o ministro Calvão da Silva está prestes a entregar a alma ao criador. E certamente que deus lhe reservará um lugar adequado.

O ministro de Deus

maxresdefaultCalvão da Silva é, como qualquer ser humano, múltiplo. Para além de agente de seguros, é agente de execução liquidatária do Estado, é ministro semanal da Administração Interna e tem tempo, ainda, para ser ministro de Deus e teólogo da inundação.
Corajosamente, Calvão revela que “Deus nem sempre é amigo”. Sem medo de correr riscos, o ministro deixa, portanto, claro que, por vezes, Deus é inimigo, o que poderá originar mais um cisma no mundo cristão e o nascimento da seita calvanista. Mas Calvão não se fica por aqui: ao assumir que um acto de Deus pode ser demoníaco, o novo Lutero confirma a consubstanciação de Deus e do Diabo, o que poderá trazer um novo alento às igrejas satânicas.
Calvão da Silva é, também, exegeta desse grande texto que é, no fundo, a vida e, por isso, sabe que os nomes, os actos e os acontecimentos têm significados ocultos. Assim, não é por acaso que, na referência ao falecimento de um homem, o ministro tem o cuidado de lembrar a idade do falecido, o nome da mulher e o apelido do morto. Na realidade, quem tem 80 anos, uma mulher chamada Fátima e é Viana de apelido está pronto para morrer, porque a idade indica que a hora chegou e porque os nomes contêm todos eles ressonâncias religiosas. Além disso, ficamos a perceber que o senhor Viana não foi vítima de uma inundação, antes escolheu entregar-se a Deus, porque, caso contrário, não estaria no insondável caminho da enxurrada.
De qualquer modo, tendo em conta o carácter também demoníaco do Deus calvanista, saber que este “reserva um lugar adequado” ao recém-falecido não é exactamente tranquilizador, porque uma pessoa não sabe o que esperar de um Deus que nem sempre é amigo, sendo, por vezes, diabólico.
Com a iminente queda do governo, Calvão da Silva poderá dedicar-se exclusivamente a espalhar a palavra de Deus, entregando-se ao Diabo. Ou vice-versa.

Calvão da Silva quer honras da GNR e da PSP

e «já deu ordens para que estas forças de segurança lhe preparassem uma cerimónia oficial de boas vindas. E tem que ser ainda esta semana, antes d[e] o governo cair.» [DN]

Acabar com o SNS, esse desígnio da direita

SNS

Se em 1979 o PSD social-democrata votou contra a criação do SNS, não há-de ser o PSD liberal, movido por uma agenda ideológica de obliteração do Estado Social e obcecado por privatizar tudo a qualquer preço, que pensará de forma muito diferente: o SNS (tal como este governo) é para suprimir o mais rapidamente possível. Mas anunciar a sua privatização seria gerador de forte contestação por parte da sociedade civil pelo que o esquema deve ser cuidadoso e gradual: primeiro o desinvestimento, com cortes em sucessivos Orçamentos de Estado que explicam em parte o caos, por vezes fatal, que se instalou nas urgências no Inverno passado. Faltam médicos, faltam enfermeiros, entretanto emigrados para o Reino Unido, e falta equipamento. Paralelamente, emerge o sector privado de saúde, que acumula lucros fabulosos com a mesma velocidade a que o SNS se vai desintegrando, com a benção de um governo que até conta com um Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social que foi em tempos lobista ao serviço de um grupo privado de saúde. Por fim, cereja em cima do bolo, nomeia-se um ministro da Saúde com a sensibilidade de um tijolo que, confrontado com a fragilidade de um SNS que vê pessoas morrerem após longas esperas em corredores hospitalares com condições terceiro-mundistas, afirma convictamente que os serviços de urgências funcionam muito bem e que quem diz o contrário são comunistas com agendas obscuras. É uma questão de tempo. Acabar com o SNS é um desígnio desta direita “teapartizada”.

Os Irredutíveis

refugiados_migrantes
@ Ulystrations

Dicionário de eufemismos Calvão da Silva

Morrer: Entregar a alma ao Criador. Ir desta para melhor. Ir morar com Deus. Dormir o sono dos justos. Encomendar a alma a Deus. Bater a asa.

Fenómenos meteorológicos extremos

De acordo com a nova tipologia “Calvão da Silva“.

Isto é que vai uma cheia…

Eu ia para escrever aqui algumas considerações sobre as brutais cheias do Algarve e lembrar o que, nas últimas quatro décadas, foi estudado, dito e escrito sobre as barbaridades a que estava sujeito o pobre Algarve no seu processo de “desenvolvimento” urbanístico – confundido, geralmente, com desenvolvimento turístico – bem como a total ausência de estratégias de controlo e aproveitamento das linhas de água da região. Afinal, perante a grandeza das explicações do nosso novo ministro da administração interna, o Senhor Professor Calvão da Silva, calo-me e reduzo-me à minha humilde ignorância. É que sobre origens demoníacas dos fenómenos meteorológicos e da relação dos níveis de pluviosidade com os humores de Deus, nada sei. Mas, depois de ouvir as ministeriais explicações – de uma profundidade comparável às das águas que inundaram Albufeira – fiquei a saber que, com o novo governo, estamos nas mãos da divina providência. Porém eu, modestamente, que nessas transcendências não sou versado, limito-me a esperar que os augúrios que se adivinham venham a ser confirmados no dia 10. Depois disso, não posso garantir, como o santo governante, que Deus arranjará para os ex-ministros “um lugar adequado”. Mas alguém, seguramente, tratará disso, como é costume…

Carne processada

carne processada

Austeridade faz mal à saúde, diz OMS.