Também eu peço a sorte grande e ninguém me liga

Presidente da Bolsa pede “clarificação do rumo” sobre medidas do próximo Governo

Cavaco e as falsas opções de escolha

O mundo comentador tem andado animado sobre o que Cavaco irá decidir. Irá dar posse ao governo PS apoiado pelo PCP e pelo BE? Ou irá manter o governo do PSD/CDS em gestão? O fiel da balança, dizem, está naquilo que o Cavaco considerar mais estável. Esta é uma falsa questão.

  1. Imaginemos que Cavaco considera que um governo PS/PCP+BE é instável. Neste caso, manterá o governo PSD/CDS em funções e haverá eleições lá para Março.
  2. Por outro lado, vamos supor que Cavaco considera um governo PS/PCP+BE estável e mandata Costa para formar governo. Imaginemos ainda, neste cenário, que, afinal, este governo de esquerda não será estável. Então, se as coisas correrem muito mal, haverá eleições lá para Março, assim se caindo na situação 1. Se correrem mais ou menos poderá haver eleições lá para o meio do mandato, o que corresponde a uma situação melhor do que a 1. E se tudo corre bem, haverá daqui a quatro anos, e a situação é muitíssimo melhor do que a 1.

Note-se que, para se avaliar se uma situação é melhor ou pior, se está a utilizar o padrão Cavaco, segundo o qual importa ter estabilidade.

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Sondagem Aventar

 

Então vamos lá brincar ao Photoshop

catarina martins(clicar para ampliar)

O post do Carlos levou-me à velha questão sobre o que nos dizem as imagens. Parecem objectivas, por serem concretas, mas estão carregadas de subjectividade, desde o enquadramento, passando pela luz e pela própria selecção da imagem a usar, só para citar alguns exemplos. O Photoshop trouxe uma nova dimensão de manipulação, acentuando ou suavizando detalhes, manobrando as cores e a luz e alterando drasticamente as formas. Ou construindo realidades alternativas. Nada de novo, mas muito mais simples agora.

A bonequização do corpo, com as formas impossíveis e com os filtros de eliminação de “imperfeições”, visível em tudo o que seja revista e publicidade, é uma fonte de constante ansiedade, mesmo que não consciencializada, pela figura inatingível que contrasta com a imagem que nos olha de frente no espelho. A publicidade, aliás, vive muito deste conceito de criar uma necessidade que será, supostamente, resolvida pelo produto anunciado. Seja ele um carro ou iogurte.

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Nada de amores

Na pensão de sobe-e-desce, a empregada sacudia as colchas para a rua. Olhos concupiscentes fixaram-se nelas. Esvoaçavam com o pesadume dos tecidos velhos, gastos, deformados. A empregada sacudia-as com esforço, um rosto cansado e sofrido, uma imigrante de leste que trabalha sem folgas. Os velhos que passam o dia à porta da pensão conhecem o ritual das cinco, o sacudir das colchas. Não têm dinheiro para subir, limitam-se a andar pela rua, de trás para a frente, a meter conversa com as meninas, que são quase todas cinquentonas, à espera do milagre, da benesse, do dia em que as encontrarão de cabeça tão perdida, ou de coração tão apertado, que lhes darão uma borla, só para dizerem que não foi por dinheiro, só para se sentirem mais livres. Mas o dia nunca chega, ou pelo menos ainda não chegou. E eles andam sempre por ali, pés cada vez mais arrastados, a ver que se lhes acabam os dias e nada de amores. [Read more…]

Coincidências

coincidencias

No Porto.

Não nos desiludam

yes

Nem nos venham dizer daqui a uns meses que não sabiam o que vos esperava. Dessa história já Portugal se fartou. Arregacem as mangas, coloquem o interesse nacional acima dos vossos partidos e façam o que vos compete. Sim, vocês podem. Mas é preciso querer.

via Luís Vargas@Twitter

O antigo dono disto tudo?

Eu sei que o mundo não é a preto e branco, embora, por estes dias, tudo pareça flutuar entre o laranja e o vermelho. E, até por isso, vou entrar no desafio e questionar o Carlos Garcez Osório: Aqui entre nós, que ninguém nos ouve, entre a “nova dona disto tudo” e este tipo de pessoas que agora apresento em vídeo (ao minuto 7.50), será que a escolha a fazer, resulta em alguma divergência entre nós?

Obviamente, não estou a fazer trocadilhos foleiros. Estou a falar da substância do conteúdo do que vai na mente deste tipo.

Sublinho algumas palavras que até poderiam passar em branco, coisas deste género”as meninas do bloco de esquerda”, “esganiçadas…”

Mas, daquele orifício do sistema digestivo do senhor saiu algo verdadeiramente inacreditável: “não queria nenhuma daquelas mulheres, nem dada.”

Será que o personagem costuma pagar? É isso.

“Contra o marido, lá em casa (…) Com o tempo iriam colocar o personagem fora de casa e a coisa até poderia continuar…

E o aborto, e o casamento e a adopção…

Ainda há dúvidas sobre a evolução social que os acontecimentos de ontem reflectem?

Nunca como agora está clara a divisão em Portugal, entre o poder de alguns, suportado no passado e nas tradições e o poder, partilhado e construído por todos, suportado na evolução permanente da sociedade.

Pode e deve haver divergência económica, cultural e claro, social. Mas, não podemos querer voltar à idade média, ou podemos? Portugal não é o que este senhor defende e, também por isso, a votação no Parlamento mostra de forma clara o que Portugal pensa sobre algumas das coisas que este personagem defende.

E, para terminar, finalmente descobri que para ele a tradição é um elemento estrutural da vida em sociedade. Não deve, estou certo, questionar as mulheres que são mortas, todos os anos, às mãos destes medíocres. É da tradição!

«O ‘Jornal de Negócios’, relativamente à maioria parlamentar de esquerda que rejeitou o governo da coligação PàF,

tem tido um comportamento impróprio de um jornalismo da democracia, i.e., responsável, imparcial e consonante com os interesses do País.»
[Carlos Fonseca disse-o e agora repetiu-o]

jornal_negocios

A (nova) dona disto tudo

catarina

foto Gonçalo Santos (sabado.pt)

Paulo Cunha e Silva (1962-2015)

Não há que ter ciúmes uns dos outros. Num sistema complexo, o conjunto é mais do que a soma das partes, mas as partes passam a ser mais do que aquilo que são se funcionarem autonomamente e entregues à sua solidão cósmica.

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Hipocrisia e choque com a realidade

Apesar de toda a propaganda disseminada pela PAF, tanto directamente pelos políticos que a compõem, como pela legião que vagueia na comunicação social, o gráfico seguinte traduz o que foram quatro anos e meio de transformação do país pela direita mais obcecada na entrega do Estado a privados que o país alguma vez conheceu.

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O «inverno demográfico» como pretexto

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Palavra dada é palavra honrada

LM PPC

Na sua intervenção da histórica tarde de ontem, António Costa usou a expressão “palavra dada é palavra honrada” e o galinheiro em que se tinha transformado a bancada parlamentar do PàF explodiu em histerismo. Uma reacção que não deixa de ser curiosa vinda da facção liderada por Pedro Passos Coelho, que se fez eleger em 2011 com um conjunto de falsas palavras dadas que não foram honradas, apesar do seu conhecimento da realidade do país.

Costa termina a sua intervenção e o senhor que se segue é Luís Montenegro. Orador perspicaz, o líder da bancada parlamentar do PSD soube dar uso à expressão e virá-la contra António Costa. Mas, perante a indignação daquele que em tempos vaticinava que “a vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor“, e longe de querer fazer a defesa do líder do PS que até mereceu alguns dos mimos desferidos por Montenegro, vou tentar aqui repetir o exercício feito pelo distinto maçon, ainda que sem o brilhantismo de tão capacitado mestre da retórica: [Read more…]

Carta do Canadá: Maré Alta

Agora foi a Roménia. Acabo de ver a reportagem duma manifestação popular em Bucareste durante a qual milhares de pessoas gritaram que, se foram capazes de lutar contra a ocupação soviética, também o são para liquidar uma classe política corrupta. Porque, de fonte limpa, já se sabe que houve corrupção da grossa naquela discoteca que operava sem licença e na qual um incêndio matou um elevado número de pessoas. O primeiro ministro, um social democrata, teve a decência de se demitir imediatamente.

Nos dias que correm, torna-se cada vez mais grave a fraude cometida pela Volkswagen e outras marcas de renome da indústria automóvel da Alemanha. Passado o pasmo de se saber que, afinal, na pátria de Merkel também há grandes podres, segue-se a revolta internacional por um país arrogante, sobranceiro, que de forma tão cruel tem humilhado os países do sul da Europa e, principalmente, a Grécia. Os réis da competência e da auto-proclamada seriedade, estão aos nossos olhos como vulgares trapalhões. Pormenor que, até agora, só era conhecido pelos coca-bichinhos que se informam: na verdade, a Alemanha colaborou alegremente na corrupção dos partidos gregos do arco da governação lá do sítio e foi por isso que se mandou ao ar quando um atrevido Syriza sacudiu a Grécia pelos ombros e a acordou. Teve, ao menos, essa virtude. A Alemanha é, hoje, um caldeirão em fervura lenta, mas fervura que vai da esquerda à extrema direita. Ainda temos muito filme para ver.

Em Espanha, nossa vizinha, a corrupção tem sido tão grande e tão prolongada que os jovens do Podemos e do Cidadãos tiveram de saltar à rua e mobilizar o povo. Vai ser lindo. [Read more…]

Só tenho uma coisa a dizer

sapos
Pode-se escolher a cor favorita.

« Em lugar de acusarem Costa por ter feito aquilo que disse que ia fazer

– terminar com “o arco da governação” – e apresentar uma alternativa, seria talvez mais instrutivo interrogarem-se sobre o seguinte: porque é que perdemos a maioria absoluta que tínhamos, mesmo concorrendo juntos?»
[Argumentos e falácias, António Pinho Vargas]