Os fracos, os mais fracos e os mais fracos dos mais fracos

hqdefaultO Estado Social, segundo Isabel Jonet, deve limitar-se a ajudar os mais fracos dos mais fracos. O Estado Social não deve, portanto, ajudar os que são apenas fracos, porque os fracos, no fundo, são fortes e fortes do pior tipo. O fraco é um forte que se limita a fazer força para parecer fraco. Não é por acaso que dos fracos não reza a História: não porque não sejam fortes, mas porque não são suficientemente fracos. Para Isabel Jonet, fraqueza é algo que se resolve com um copo de água e açúcar.

E os mais fracos? Não deveria o Estado Social ajudá-los? Os mais fracos são só fraquinhos, gente tão desprezível que é olhada de lado pelos fracos. Cálculos recentes permitem, aliás, saber que um fraco terá a força de dez mais fracos.

Os mais fracos terão, todavia, força suficiente para, pelo menos, pedir esmola, o que isenta o Estado Social do dever de os ajudar. Se os mais fracos, aliás, tiverem deficiências físicas, Isabel Jonet poderá, até, dizer-lhes: “Vá lá pedir esmola, que tem muito mau corpo para isso!” Não há, afinal, como uma boa chaga para que o mais fraco não vá chagar o Estado Social.

Sobram, então, os mais fracos dos mais fracos. Espero que, a bem da seriedade, sejam obrigados a apresentar atestados de fraqueza extrema. O candidato a esta condição deverá reunir uma série de requisitos mínimos. Está acamado e impossibilitado de se movimentar? Terá direito a ajuda do Estado Social, desde que comprove que não tem ninguém que possa ajudá-lo (caso contrário, passará à categoria de “mais fraco”). Não consegue alimentar-se sozinho? O Estado Social irá entregar-lhe uma sopa diária no passeio em que reside (se pernoitar, uma vez que seja, debaixo de um tecto, será inscrito como “mais fraco”). Respira com dificuldade e quase não tem pulso?  Venha de lá o Estado Social!

A grande vantagem do mundo criado por Isabel Jonet consiste, ainda, no facto de que o Estado Social precisará de pouquíssimos funcionários, bastando um pequeno contingente de coveiros. Os fracos e os mais fracos, como é evidente, serão obrigados a cavar a própria sepultura.

Comments

  1. Ana A. says:

    Excelente texto! A maior fraqueza do ser humano reside na sua pobreza de espírito. No mundo desta “benemérita” para que serve a organização social? Não será para que a dignidade humana, apesar de tudo, não seja destruída?! Ou é só para “amparar” os mais desgraçados que foram pisados pelo caminho, na voragem das turbas pelo seu lugar ao sol?! Para isso, já existe um tipo de regime: a Lei da Selva, onde os mais fracos serão inexoravelmente destruídos e assim deixarão de poluir o ambiente, que tanto incómodo traz!

  2. Escatota Biribó says:

    Madame Jonéte disse:

    “O Estado deve confiar às IPSS os cuidados, até porque estas estão mais próximas. Mas não deve meter-se de mais, para coisas para as quais não tem vocação. O papel do Estado deve limitar-se exclusivamente à garantia desses direitos, a assegurar que a gestão é correta e a satisfação das necessidades está assegurada.”

    Na verdade Madame Jonéte queria dizer, o estado deve assegurar o lucro das IPSS (Instituições particulares de solidariedade social.), não se meter mais no assunto, e permitir a essas IPSS escolher os seus “clientes” mais endinheirados.

    Entretanto os “pobrezinhos”, esses que se lixem, e os menos pobres que os sustentem com donativos e bancos alimentares e afins.

    Madame La Patrone Jonéte fazendo uso de todos os mecanismos de manipulação existentes, nada fez contra a probreza.

  3. rumalete says:

    A esta senhora lhe irei responder mais uma vez, mas nao será hoje, tenho a cabeça quente para lhe responder terei que lhe oferecer uma medalha duma pecilga a onde ela lá esta ao lado dos residentes, a comer.

  4. Isabel Chonette é parte do problema e nunca será parte da solução

  5. pSalaberth says:

    Por favor parem de dar tempo de antena a este nojo.

  6. joão lopes says:

    a caridade é a tradução do estado social à moda da jonet.ou então entregar dinheiro do contribuinte ás IPSS para os provedores andarem de mercedes(ultimo modelo).acima de tudo manter a caridade,para a casta superior não ser incomodada…pelo pobre.

    • Joaquim Monteiro says:

      Não podia estar mais de acordo consigo. No dia que o Cidadão comum se disponha a questionar o Estado sobre os MILHÕES que têm sido dados a IPSSs, Misericórdias e outras (com terrenos e imóveis à mistura), creio que vamos ter muitos Provedores (da sua vidinha e dos familiares e amigos) e outros Dirigentes pendurados pelo pescoço e regados com gasolina. Sería assim, num país desenvolvido…

  7. Calvin says:

    Parafraseando esse enorme talento, de esquerda, Ricardo Araújo Pereira.. “quando eu vejo que há p’ra aí palhaços que falam, falam, falam mas eu não os vejo a fazer nada, fico chateado! claro que fico chateado!”

  8. José almeida says:

    Excelente Post. Parabéns.

  9. Maria Clara Simão says:

    Já há muito deixei de ajudar nas campanhas de recolha de alimentos, prefiro ajudar diretamente.
    Considero esta mulher uma imbecil e não me inspira confiança.

  10. O post apesar de mostrar como as palavras da I Jonet . uma excelente profissional e directora europeu dos BA, tem uma tendencia natural para a polémica, prejudica muito o BA.
    Ao contrario de muitas das ONG e afins em que muita gente dá dinheiro e do euro que dá, nem metade chega a quem precisa, por má organização, duplicação de encargos burocratico, sedes,telefones,carros…no BA por 1 euro que dá chegam 99 centimos ao necessitado (O BA tem tres funcionários a receber salario), porque a gestão é do mais eficente do mundo.

  11. Moreira da Silva says:

    Que grande confusão que para aqui vai. É preciso saber do que se fala, pois a ignorância nesta matéria é muita. As IPSS não têm provedores a andar de merdedes (último modelo), simplesmente porque as IPSS não têm provedores, como joão lopes says afirma no seu post. Ao contrário de muitos que falam, falam, falam, mas não os vejo fazer nada, são muitas, mas mesmo muitas as IPSS e não só, que têm feito um excelente trabalhado em prol do semelhante Termino dizendo:sabe tão bem fazer o bem!

    • joão lopes says:

      resposta:só falei na questão caridade ou solidariedade? quanto á questão mercedes,é ve-los parados na A1 com problemas eletronicos e as “tias” e os “provedores” atarantados porque a porra do carro não obedece ao dono(imagine-se se fosse um…tuk tuk,o que as “tias” não diriam)

  12. Lúcia A. Costa Ribeiro says:

    Se não fossem “os pobres” e os “fracos”, como mostraria Isabel Jonet a sua “força” e a sua “riquezade caráter” ? Como poderia ela brilhar com estas tiradas “filosóficas” tão baças…

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