Auditoria externa e independente ao Banif

Não compreendo a inexistência de uma auditoria externa às contas do Banif. Não me interpretem mal, não é a rejeição por parte do parlamento que eu não compreendo. O que não entendo é como um procedimento desses de auditoria não é automático e compulsivo, depois da resolução do banco em que se usou dinheiro dos contribuintes. Não sei o que é que uma decisão deste tipo serve, mas não serve o interesse público.

O que aconteceu no Banif é de tal forma sombrio que exige esclarecimento cabal e urgente. Não me interessa a politiquice, nem o tradicional sacudir de culpas entre partidos. Mas interessa-me saber exatamente o que aconteceu: se houve desleixo, se houve gestão política do dossier, como é que um banco não sistémico precisa de perto de 3000 milhões de euros, como pode esse banco ser vendido por 150 milhões de euros, qual o papel do anterior Governo, qual o papel do atual Governo, qual o papel do Banco de Portugal e da Comissão Europeia. Exige-se total transparência. Qualquer outra coisa é inaceitável.

Quando se usa dinheiro dos contribuintes o procedimento de auditoria externa e independente não deveria ser alvo de decisão política, mas antes deveria ser um procedimento obrigatório.

Comments

  1. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Há muito tempo que o dinheiro deixou de estar associado ao conceito de “bem ou valor”.
    A razão está no capitalismo selvagem que faz da especulação uma arma de arremesso do miserabilismo reinante, que conduz a que mais de 95% da fortuna mundial esteja concentrada em 1% da população.
    Associa-se a esta arma uma segunda, denominada corrupção, que tem hoje muito mais valor que o dinheiro. E justamente por este ter perdido a tal noção de valor, passamos a ter na especulação e na corrupção, o “outro valor”, ocupando o outro prato de uma balança em que o fiel, chamado justiça há muito foi mandado às urtigas.
    Mas o dinheiro, independentemente do seu valor, não desapareceu. A moral pode ser volátil e é. Os valores podem ser voláteis e são. A verdade pode ser volátil e é. A justiça pode ser volátil e aqui mesmo reside o problema: a sua volatilidade é tal, que se esfumou completamente.
    Mas o dinheiro não se esfuma.
    A volatilidade está fundamentalmente nos valores e na consciência dos governantes e de presidentes que nunca garantiram o funcionamento de uma instituição que poderia equilibrar esta tremenda vigarice e regabofe a que vimos assistindo há já larguíssimas dezenas de anos. E se no passado a ditadura nos aconselhava a que nos mantivéssemos cuidadosos, hoje a situação poderia ser diferente.
    O problema é que praticamente toda a classe política está envolvida directa ou indirectamente nestes escândalos e à boa maneira do fascismo, o silêncio aconselha-se.
    Eis porque ninguém quer tocar neste assunto.
    O problema não é a politiquice. O problema, são os políticos, uma classe que optou por uma clara via de destruição de um aparelho que podia ser democrático.
    Mas grave, grave, grave, é que os votantes repetem sistematicamente o mesmo erro: dão a sua arma, o voto, a quem os comerá. E quem não o faz, como eu, vai na corrente por arrasto. Gloria sic transit mundi…

  2. Tratando-se de uma decisão paradoxal porque, presumo, toda a gente deve estar interessada em saber o que se passou com o banif, só pergunto qual é o racional que está por detrás dessa decisão do parlamento. Fiz uma pequena pesquisa e apenas vi uma ligeira justificação por parte do Galamba do PS, então mais ninguém se pronunciou sore o assunto? E onde pararam os comentadores de serviço das televisões? A noticia foi dada, mas não foi explicada nem justificada.
    E assim vai o mundo, temos uma comunicação social que é uma verdadeira fraude, especialista em escamotear o que não interessa aos donos e em evidenciar o que lhes pode dar jeito. Parece que temos informação mas verdadeiramente o que temos é desinformação que é uma maneira de gerir os dados de modo a confundir e a condicionar a opinião das pessoas.

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      Subscrevo o que diz.
      A nossa comunicação social tem claramente tiques fascistas. Repare-se que de cada vez que há eleições puxam os casos anti-Rússia como é, hoje,o caso da morte do espião russo.
      Eu acho que eles, tão ignorantes, burros e incultos, ainda não entenderam que a União Soviética já não existe.
      O que já não existe, seguramente, é coluna vertebral nessa espécie de gente.

      • José Chorão says:

        A crise que passamos (a pela qual vamos continuar a passar) não é financeira, nem sequer é política: é uma crise de valores. A Sociedade perdeu os seus valores fundamentais: Honra, Verdade, Solidariedade, Honestidade, Coerência.
        Actualmente vale tudo ou quase tudo. Quem respeita valores decentes e age em conformidade, é ridicularizado e afastado. Os políticos que temos (autêntica escumalha com raríssimas excepções), a comunicação social que temos (idem, idem…) são o reflexo desta gente que cresceu sem valores nem Honra nem vergonha na cara.
        A Sociedade está a falir. Terá de ser substituída por outra coisa qualquer, seja lá o que for.

    • Nightwish says:

      Segundo percebi, a criação de uma auditoria iria fazer com que a direita se recusasse a discutir o assunto na comissão de inquérito porque estaria tudo na auditoria que acabaria um dia destes.

      • obrigada pelo esclarecimento pelo menos ajuda a perceber a jogada. Eu não acompanhei o assunto, fiquei curiosa mas não vi nenhum desenvolvimento nas televisões.

  3. Nascimento says:

    Pois cá para o Je, auditorias”externas” são sempre bem vindas.Olaré!! A começar por auditar às continhas da DIVIDA PUBLICA, ou não?O que me diz o senhor que escreveu esta postada? Hem???Allo, Allo…

    Pois é, que chatice pá, la vai a Mariana arranjar mais um SARILHO, NÃO É’??? Pois,como dizia o ” outro”:- o que tu queres sei eu-…. com que então ” externo”!!! Quem ???MARCIANOS VINDOS DOS STATES? DE BERLIN?Ai, já sei : vindos do BANCO “XENTRAL” EUROPEU!!! Lindo.
    Ó Vitinho ,arranja aí um gajo ou gaja,muiito “independente” e ” externo”, qué prá malta ficar descansadinha….ui,ui…

  4. Eduardo Campos says:

    Plenamente de acordo
    Nestes casos a auditoria externa deveria ser obrigatória.

  5. Afonso Valverde says:

    A Assembleia da Republica é órgão democrático de fiscalização das decisões dos Governos. A tal proposta de uma auditoria externa independente não passa de uma manobra baixa. Tenho sérias dúvidas em saber quem seriam os tais auditores independentes !!!. Talvez os mesmos que sugaram o dinheiro dos contribuintes ou os seus tentáculos. Os tipos que fizeram a proposta acham que os outros são morcões? Auditoria externa independente!! independente de quem? Há alguma coisa independente? Os deputados são os nossos representantes e por isso devem ser eles a investigar e auditar. Não é função de estranhos. O que iria acontecer era colocar na comissão de auditoria os amigos dos que sugaram o dinheiro. Sacanas.

  6. carlos pinheiro says:

    Não foi este banco que recebeu capital da Guiné Equatorial? Para quê? quanto é que foi? Terá sido por isso que essa tal Guiné entrou para a CPLP?

  7. Quanta gente inocente…uma auditoria,mesmo externa, nunca será independente. Ou por quem a paga ou por quem tem interesse políticos que a mesma seja “adequada” . Mais, há clientes dessas auditoras,clientes “pesados” e “indispensáveis” que não vão deixar de tentar meter o bedelho. Não se esqueçam, em Portugal os salta-pocinhas saltam para manter os interesses da classe dominante.

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