Não há almoço sem vinho

Nunca fui um adepto das politicas de François Hollande mas admirei a firmeza do presidente francês relativamente ao almoço com a delegação iraniana que estava de visita a França. Porém o incidente diplomático não impediu que Hollande e Rouhani se encontrassem substituindo o almoço por um lanche. A coisa assim até ficou mais económica

PS começa a dar os primeiros sinais de cedência a Bruxelas

orcamento_estado A proposta de orçamento apresentada pelo governo socialista ainda não passa de um draft mas já está a ser alvo de críticas e a levantar muitas dúvidas de vários sectores nomeadamente de Bruxelas.

Aliás ainda hoje Carlos César, líder parlamentar do Partido Socialista, admitiu que poderão vir a ser feitas algumas cedências à Comissão Europeia.

Este anúncio de Carlos César penso que é estratégico vindo assim abrir caminho a algumas cedências prévias de António Costa que amanhã terá que enfrentar os deputados na Assembleia da República.

E não tenho dúvidas que este será o tema forte do debate quinzenal no Parlamento.

Estou curioso para ver a estratégia que Pedro Passos Coelho vai começar a trilhar na oposição ao governo agora que se conseguiu libertar de alguns dirigentes do PSD que o condicionaram, nos últimos anos, mas que agora passaram a meros figurantes.

Mas será também interessante observar os primeiros sinais de um novo CDS que está claramente num processo de mutação que vai implicar um novo posicionamento político do partido que vai passar a ser liderado por Assunção Cristas.

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Então, que tal?

Santana Castilho *

1. Dois meses corridos sobre a entrada em funções do novo Governo, considerando todos os anúncios de mudança e o que já foi mudado, venho perguntar aos professores de sala de aula: então, que tal?

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Bem-vindos a Bruxelas

Hellhole

© Ancienne Belgique #hellhole

Os fatos são eternos

James Bond: What would you like to talk about?
Tiffany Case: You pick a subject.
James Bond: Diamonds?
Diamonds Are Forever (1971)

***

Em 2009 e 2010 não houve nem fato, nem fatos no Diário da República. Em 2011, houve 5 fato e 5 fatos no Diário da República. Em 2012, o Diário da República começou a adoptar o Acordo Ortográfico de 1990 e, nesse ano, houve 140 fato e 237 fatos.

O primeiro número de 2016 do Diário da República (já sabiam os leitores do Aventar e sabem, a partir de hoje, os leitores do Público) trouxe “valorização dos fatos constantes nos números precedentes” e “registo contabilístico dos fatos patrimoniais”.

Souberam hoje os leitores do Público – e saberão, doravante, os leitores do Aventar – que, em 6 de Janeiro de 2016, um município publicou uma declaração de rectificação de edital, no qual se grafara ‘contatar’, em vez de ‘contactar’:

contatar

Entretanto, a situação melhorou? Sem sombra de dúvida. [Read more…]

Se houver visita…

Assisto à cena da ocultação, por governantes italianos, das obras de arte que pudessem ofender a delicada sensibilidade do presidente iraniano e, preocupado, perguntei-me sobre quais as peças que, em Portugal, estariam sujeitas a esse acto de fina cortesia. E dei por mim a pensar que, para nossa desgraça e prova da nossa pobreza, não há grande coisa para esconder, sobretudo se a visita não incluir um périplo pelas Caldas da Rainha.

Todavia, chamo a atenção para a ostensiva e exuberante exibição fálica erecta – é o termo…- por mestre Cutileiro no alto do Parque Eduardo VII. Talvez, no caso de tal visita, se possa tapar. O pior é que, dada a provável forma perservatival que teria tal cobertura, haveria problemas com outras religiões. Caramba, isto do politicamente correcto é muito complicado.

Sensibilidade

O governo da Dinamarca informou que está a considerar a possibilidade de, ao revistar os refugiados para os “aliviar” dos valores que transportem consigo, lhes deixar as alianças de casamento. Quanta sensibilidade! Quanta generosidade!

A carta de Bruxelas

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A carta enviada pela Comissão Europeia ao ministro das finanças é uma coisa perfeitamente normal – uma carta de trabalho onde se alerta para a necessidade de justificar o facto de o Governo não seguir a recomendação do Conselho Europeu para a redução de 0,6% do défice estrutural – e não permite nenhuma das conclusões que vi na comunicação social. Basta ler a carta. Não é uma questão de regras, e muito menos de não cumprir o acordado. Mas sim de trabalho em cooperação olhando para a realidade de cada país. E esta carta não é mais do que isso: uma carta normal de trabalho. O alarme criado na comunicação social nacional é inaceitável, porque prejudica o país. Quanto ao veto, seria inimaginável e nunca aconteceu. Portugal não está nessa situação. Toda a gente tem de ter juízo e não desejar o pior.

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É uma penhora portuguesa, com certeza

Não conhecemos Helena, mas podemos imaginá-la.  Não deve chegar ainda aos quarenta anos, é viúva, tem três filhos menores a seu cargo. Moram os quatro num bairro social. Os miúdos vão à escola, Helena procura trabalho. Vivem com a pensão de viuvez dela, as pensões de sobrevivência dos menores, os abonos de família e um complemento de rendimento mínimo. Tudo somado, não chega a 400 euros.

No ano passado, Helena viu a sua conta bancária penhorada por ordem da câmara municipal da sua cidade, para liquidar uma dívida relativa às refeições dos filhos na cantina da escola. O saldo total da conta não chegava a um salário mínimo nacional, o que torna o valor impenhorável. Apesar disso, a conta foi penhorada.

Helena perdeu o acesso ao único dinheiro que tinha para fazer face às despesas, e é difícil saber que caminho desesperado poderia ter seguido se não tivesse a sorte de conhecer um advogado disposto a ajudá-la. Recebeu aconselhamento e reclamou perante a justiça, exigindo a devolução do valor indevidamente penhorado. O tribunal julgou o caso e deu razão a Helena contra a autarquia.

A penhora foi em Maio de 2015, a sentença é de Outubro do mesmo ano, estamos no final de Janeiro de 2016 e o valor ainda não foi devolvido. Curiosamente, a autarquia constatou, entretanto, que Helena está isenta do pagamento das refeições dos filhos, o que torna o caso ainda mais kafkiano: a autarquia mandou penhorar o impenhorável para sanar uma dívida que não existia. [Read more…]

O supra-sumo dos Ricardos Salgados

Najib-Razak

Lembra-se da prenda de 14 milhões euros que José Guilherme – aquele empresário que nos deve 121 milhões de euros via BES e que escapou à comissão de inquérito ao banco, alegando problemas de saúde que o impediam de viajar para Lisboa, excepto no caso de precisar de cortar o cabelo – deu a Ricardo Salgado, e que tanto trabalhou deu ao ex-ministro a prazo do PàF para explicar? Coisa de pobre. O primeiro-ministro da Malásia recebeu uma prenda de 681 milhões de dólares – sim, leu bem – do regime totalitário saudita mas, ao contrário do amigalhaço do recém-eleito presidente da República, não tentou esconder o motivo da oferenda: servia para ajudar Najib Razak a ganhar as eleições deste ano. Servia porque aparentemente foram devolvidos 620 milhões. Só não se sabe o que aconteceu aos restantes 61. Mas não se passa nada. O procurador-geral da Malásia, nomeado por Razak, já decidiu que não existe ali qualquer indício de criminalidade. Mais ou menos o que se passa por cá.

Hellhole?

A sério? Hellhole? There you go again, Mr. Trump. There you go again.