O Acordo Ortográfico de 1990 explicado por Dilma Rousseff

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© Igo Estrela / Getty Images (http://bit.ly/2bMqB1b)

“I want so to see the Arno. The rooms the Signora promised us in her letter would have looked over the Arno. The Signora had no business to do it at all. Oh, it is a shame!”

— E. M. Forster, “A Room with a View

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Hoje, durante o discurso inicial de defesa, Dilma Rousseff explicou as razões pelas quais o Acordo Ortográfico de 1990 é perfeitamente inútil.

Por exemplo, no discurso de Rousseff há duas ocorrências de «ruptura democrática» e uma ocorrência de «ruptura institucional». Ora, segundo o estabelecido no AO90, ruptura mantém-se no português do Brasil, mas deixou de existir em português europeu: criou-se a *rutura. Exactamente, aquela que já em 1999 parecia “injustificada“. Efectivamente.

Quanto ao aspecto, Rousseff volta a referi-lo:

Nos últimos dias, novos fatos evidenciaram outro aspecto da trama que caracteriza este processo de impeachment.

O aspecto foi proscrito da norma portuguesa europeia. O aspecto português europeu é outra vítima do AO90: criou-se o *aspeto. Quanto aos “novos fatos”, todos sabemos onde encontrá-los: sim, eles existem.

Obrigado, Dilma Rousseff, por esta lição.

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Comments

  1. Pedro says:

    Qual é a coisa mais chata do mundo de todos os tempos? Ver a tinta a secar? Não, ler uma análise ortográfica do texto do discurso de um politico, ainda por cima um discurso tão importante, num momento tão decisivo.

    • António Fernando Nabais says:

      Análise ortográfica do discurso? Ler é uma chatice, efectivamente. O texto é mais uma demonstração de que o AO da uniformização ortográfica criou diferenças que não existiam. Se o Pedro lesse, teria percebido o que Dilma Rousseff explicou.

  2. anónimo says:

    Obrigado Dilma Rousseff por lutar abnegadamente,
    pelo Brasil, pela Democracia, pela Verdade, pela Justiça, pela Humanidade,
    contra o golpe de estado dos gatunos da extrema direita.
    Discurso completo aqui:
    http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2016/08/na-integra-de-proposito.html

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