Democracia deposta no Brasil

O golpe foi consumado esta quarta-feira no Senado brasileiro. Dilma Rousseff foi afastada do cargo e Michel Temer assume, definitivamente, a presidência do país até 2018. Era um resultado previsível mas, quando acreditamos na Democracia e na Justiça, é um murro no estômago. E, na verdade, é um murro em mais 54 milhões de votos, na Educação, na Saúde, na Justiça, na Democracia. É um “chega para lá” em milhões de pessoas.

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O Acordo Ortográfico de 1990 explicado por Dilma Rousseff

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© Igo Estrela / Getty Images (http://bit.ly/2bMqB1b)

“I want so to see the Arno. The rooms the Signora promised us in her letter would have looked over the Arno. The Signora had no business to do it at all. Oh, it is a shame!”

— E. M. Forster, “A Room with a View

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Hoje, durante o discurso inicial de defesa, Dilma Rousseff explicou as razões pelas quais o Acordo Ortográfico de 1990 é perfeitamente inútil.

Por exemplo, no discurso de Rousseff há duas ocorrências de «ruptura democrática» e uma ocorrência de «ruptura institucional». Ora, segundo o estabelecido no AO90, ruptura mantém-se no português do Brasil, mas deixou de existir em português europeu: criou-se a *rutura. Exactamente, aquela que já em 1999 parecia “injustificada“. Efectivamente.

Quanto ao aspecto, Rousseff volta a referi-lo:

Nos últimos dias, novos fatos evidenciaram outro aspecto da trama que caracteriza este processo de impeachment.

O aspecto foi proscrito da norma portuguesa europeia. O aspecto português europeu é outra vítima do AO90: criou-se o *aspeto. Quanto aos “novos fatos”, todos sabemos onde encontrá-los: sim, eles existem.

Obrigado, Dilma Rousseff, por esta lição.

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Breve sumário da crise política brasileira

A era da informação trouxe-nos um obstáculo de maior quando nos debruçamos perante este tipo de acontecimentos: a cada hora que passa, o rol de informações e contra-informações que os órgãos de comunicação social nos dão a conhecer a uma velocidade, diria, de torpedo, fazem com que por vezes, o nosso discernimento sobre o ponto de situação seja cada vez mais difícil e confuso. Grande valia no mundo actual é conseguir, no meio do cataclismo informativo que nos injectam, conseguir criar uma âncora que nos permita fundar uma opinião limpa e isenta.

Sobre a actual crise brasileira, resumidamente, chego a 4 conclusões e 3 dúvidas:

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Cai logo fora, Dilma

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(c) Evaristo Sá/AFP [Fonte: Público]

Presidência do Brasil

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O leitor sabe então que Ulisses, reiteradamente qualificado pelo narrador como o mais subtil dos homens, vive a experiência da perfeição, desde o dia em que o acaso dos mares ou a vontade dos deuses marinhos o atiraram para aquela ilha perfeita, para os braços da perfeita Calipso.

Isabel Pires de Lima

 

Segundo o Público, a palavra ‘mentira’ foi a mais frequente durante o debate entre Dilma Rousseff e Aécio Neves.

Ao ler os programas de governo quer destes dois candidatos à presidência do Brasil, quer da candidata que ficou em terceiro lugar na primeira volta (Marina Silva), detectei palavras muito mais interessantes do que ‘mentira’ — caso não saibam, uma variante específica do conceito ‘indiciariamente inverdadeiro‘.

Adiante.

Se algum defensor, promotor e amigo do Acordo Ortográfico de 1990 se der ao trabalho de percorrer as páginas das propostas de Dilma Rousseff, Aécio Neves e Marina Silva, deixo já um aviso: tropeçará inevitavelmente em palavras exóticas, como aspecto, aspectos, concepção, confecções, excepcional, excepcionais, facções, infecciosaspercepção, perspectiva, perspectivas, recepção, receptiva, receptividade, receptivos, receptor, respectivamente, respectivas, respectivo, respectivos, ruptura e rupturas. [Read more…]

“A Copa do Mundo é meia piroca no cu do brasileiro”

Parafernalha em grande ou da minha relação com o futebol.

A presidenta e a ombudsman (sim, a ombudsman)

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Segundo  a Folha de S. Paulo, Suzana Singer “é a ombudsman [?????] da Folha desde 24 de abril [sic] de 2010″.  Confesso que me incomodei com o assunto “presidenta” (exactamente: presidenta), mas admito que uma Suzana poder ser ombudsman é tema que me deixa sprachlos. Sim, porque há alternativas, já que na Folha, aparentemente, não gostam da palavra portuguesa. Também há outros exemplos, pois há. Por falar em sprachlos, peço imensa desculpa por esta publicação: a interrupção segue dentro de momentos.

Ó dúvida cruel

A “Presidenta” do Brasil irá tratar o Francisco por “Papo”?

Roubado ao João Roque Dias

Quem vê Dilma, vê Dilema

A matéria política brasileira, hoje tão incandescente, deveria interessar-nos mais, a nós portugueses. Quer pelo que dela possamos aprender e colher para o momento crítico que vivemos, quer por simples instinto de quem se olha ao espelho a confirmar que é mesmo do tamanho daquilo que vê.

Contra o que o populismo-socialista praticado por Lula deixaria antever, a Presidente Dilma movimenta-se hoje sob o pesadelo de um pesado e impiedoso criticismo. Das redes sociais às manifestações na rua, milhões sibilam ou vociferam o seu nome e apresentam uma dura agenda de exigências, cujo gatilho, já se sabe, foi a construção perdulária de novos Estádios de Futebol, ilhas sumptuosas-luxuosas com pobreza à volta. É como se, de repente, todo o populismo possível do passado redundasse agora em aguda impopularidade, transbordado o copo da festiva paciência popular. A Dilma sobram vaias, embaraços em eventos públicos, cobrindo, à uma e por azar, essa mulher, ex-guerrilheira, que ousou assumir as rédeas do Gigante Sul-Americano. Em política, como na bloga, é preciso ter estofo. É preciso ter estômago. E um instinto de fuzileiro, tipo «Eles que venham. Todos.» [Read more…]

Dilma, Morsi e o Dr. Soares

A rua está a falar cada vez mais alto. Gritou na Turquia. Vociferou no Brasil. Berra agora no Egipto, rejeitando um presidente eleito, o islamista Mohamed Morsi, cujos passos políticos foram dados no sentido, não de uma reconciliação nacional, mas de um absolutismo islamizante, pé ante pé, medida ante medida. A rua é soberana no século XXI? Depende. Alguns, na Esquerda Impostora e Nihilista Portuguesa, convocam-na e ela não acontece. Nunca. A não ser que, num primeiro momento, se disfarce de movimento cívico Que se Lixe a Troyka para logo se expor e gerar desmobilização dado o facto de os portugueses odiarem ser manipulados do Sofrimento Real para o Nada Garantido, típico das Esquerdas Raivosas, do BE ao PS. A rua não se empertiga em Portugal. Não acontece em Portugal. Mário Soares, por exemplo, tomando a nuvem por Juno, considerou que os insultos organizados pelo Bloco de Esquerda e os arrufos promovidos pelo PCP, à chegada e à partida dos Ministros em eventos e encontros oficiais, chegariam e sobrariam para derrubar o Governo Passos. Não. [Read more…]

Acordo Cacográfico da Língua Portuguesa de 1990

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Luís Nunes/Demoticon (http://bit.ly/1688Tde)

Acerca desta notícia, uma consideração intempestiva, cinco perguntas de algibeira e respectivas reacções irreflectidas (respostas), durante um curto intervalo para café.

Consideração:

Trata-se de inaceitável ingerência no processo de avaliação actualmente levado a cabo pelo Grupo de Trabalho — Acompanhamento da Aplicação do Acordo Ortográfico, da Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República. Para já, é tudo o que tenho a considerar. Se mais considerasse, correria o risco de pressionar os deputados e de perturbar indecentemente o processo de avaliação em curso. Em suma, de ter um comportamento semelhante ao do Governo português.

Pergunta:  É possível, em Declaração Conjunta de uma Cimeira Brasil-Portugal, que as grafias *Arquitetura (duas vezes, uma com ‘A’ inicial, outra com ‘a’ inicial), *Projeto [Read more…]

10 de Junho, haja poesia

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Enquanto facturava 2500€ Marcelo Rebelo de Sousa choramingava-se ontem porque Dilma Rousseff estava em Portugal e não ia meter os pés em Elvas. Dilma é uma mulher culta e com uma cultura de esquerda. A simples ideia de que a Presidente do Brasil sendo uma mulher culta e com uma cultura de esquerda ia meter os pés nas celebrações do dia do colonialismo arraçado de Camões só lembra a uma Marcelo, e por isso recebe 10000 ao mês, para mentir, debitar propaganda e dizer disparates. Sim, o 10 de Junho é isso, a celebração da escravatura, do genocídio, das páginas mais negras da História de Portugal inventada pelos republicanos no séc. XIX, abençoada por Salazar no seguinte e reciclado em mais gesta embora cada vez menos heróica. Um dia que devia levar mais 14 em cima e aí sim, ser o Dia de Portugal, celebrando o primeiro momento da sua fundação.

Dilma, que veio aos saldos dos CTT, TAP e outros pedaços de Portugal que os migueisvasconcelos meteram à venda ao preço da uva mijona, vai estar presente na entrega do Prémio Camões, onde se celebra o vate pelo que valeu, a poesia e não a épica, e sobretudo a língua e quem a pratica.

Entretanto Nuno Judíce prestou-se à vassalagem da medalha, enquanto Artur Queiroz travestido em Álvaro Domingos (quem te viu e quem te vê) acusa um filho de Herberto Hélder de ser “filho de ninguém“. Grande Herberto, que nunca te prestaste a homenagens, quem se não os poetas para salvarem a honra da pátria.

Que diferença faz uma vagina?

Nas vésperas do Dia Internacional da Mulher, pode parecer que vou cometer a heresia de criticar algumas mulheres ou uma certa visão sobre as mulheres, mas, na realidade, vou escrever sobre o medo que temos de confirmar o lado negro da nossa História.

O politicamente correcto é mais uma importação dos Estados Unidos que nos chegou juntamente com os hambúrgueres e muitas outras coisas prejudiciais à saúde e o mesmo país que dizimou os índios chama-lhes nativos-americanos, numa espécie de expiação tardia, pagando em moeda linguística o que roubou em vidas impagáveis.

A preocupação com a susceptibilidade alheia ou o medo de descobrirmos que dentro de nós está algum monstro inesperado leva-nos a tentar calar a História que está marcada nas cicatrizes da língua e da linguagem que somos porque fomos. Quando a História não se cala ou é mal entendida, há quem tente reescrevê-la, retorcê-la, fazendo de conta que a interpreta.

É verdade que a História é brutal e violentamente masculina e todas as mulheres que sofreram e sofrem com isso nunca poderão ser compensadas das violações de toda a espécie a que foram sujeitas, restando-nos a possibilidade de sermos todos melhores e mulheres no futuro.

Dilma Roussef, Presidente do Brasil, passou pelo Porto e aproveitou para comer bacalhau, o que é, evidentemente, notícia. Também é, infelizmente, notícia o servilismo de alguma comunicação social que reproduz o “Presidenta” com que a Chefe de Estado brasileiro exige ser tratada, agredindo, ao mesmo tempo, a língua portuguesa que nos é comum.

Esta ânsia de encontrar um feminino que não existe revela, afinal, um estranho machismo ao contrário, ou, para ser considerado completamente preconceituoso, um machismo de saias. Há uns meses, Pilar del Rio considerou “néscio” qualquer um que não lhe chamasse Presidenta da Fundação José Saramago. A todos os que queiram merecer conscientemente esse epíteto aconselho a leitura deste texto do Francisco Miguel Valada.

«O Povo é quem mais ordena»?

 (site do Centro de Documentação 25 Abril, Universidade de Coimbra)

No passado dia 26 de janeiro, no Fórum Temático de Porto Alegre, a presidente Dilma Rousseff citou uma passagem da canção Grândola, Vila Morena de Zeca Afonso, a segunda senha de sinalização da Revolução dos Cravos. É uma canção referente à fraternidade entre as pessoas daquela cidade alentejana e que foi banida por Salazar. Está hoje associada ao início da nossa Democracia. Dilma quis, com este exemplo, defender um modelo de desenvolvimento mais «progressista» e «democrático» . Declarou que, “na América do Sul, como diz aquela canção da Revolução dos Cravos, ‘o povo é quem mais ordena’ “. [Read more…]

A "concertação estratégica"


O sr. Cavaco Silva decidiu enviar as felicitações da praxe à folgada vencedora das presidenciais brasileiras. Tudo dentro das convencionais normas da diplomacia entre países soberanos, notando-se o facto de um deles ser mais soberano que o outro, precisamente aquele que esteve durante séculos sob a soberania do “parabenizador à cata de negócio.”
Preocupante para o staff do Palácio do Planalto, deverá ser uma passagem do inquilino de Belém, pois promete-lhe …“uma renovada oportunidade de aprofundamento do nosso relacionamento e da nossa concertação estratégica. Pode, Vossa Excelência, contar com o meu firme empenho pessoal nesse sentido.”
Por experiência própria, os primos portugueses conhecem bem o significado deste tipo de “concertação”: se enveredar por “grandes desígnios”, “oportunidades”, “parcerias” e outras figuras de retórica, a Sra. Dª Dilma bem poderá ir contactando o FMI, pois dele necessitará dentro de quatro anos. Pergunte ao Sr. Cavaco Silva.

Como as eleições brasileiras vão chamar a atenção do mundo (III)

Por CHICO JUNIOR

continuação daqui

Agendadas para outubro deste ano, as eleições no Brasil vão permitir que o povo brasileiro escolha candidatos para os cargos de Presidente, Senadores, Deputados Federais, Governador e Deputados Estaduais. Os três primeiros cargos estão relacionados à esfera federal, os seguintes se referem às unidades que compõem a Federação. A Presidência da República é o mais alto posto e recebe maior atenção por ser lugar onde os olhares dos demais países se deitam. Dentre os mais bem cotados e conhecidos a disputar a vaga estão a ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ex-governador de São Paulo, José Serra, e a ex-senadora do Acre, Marina Silva – todos afastados dos respectivos cargos para darem andamento a candidaturas, oficializadas recentemente.

Além da responsabilidade de comandar o Poder Executivo de uma nação emergente que conquista espaço geopolítico e econômico, quem vencer as eleições presidências precisará tratar de complicadas questões internas e externas. Internamente, uma delas é a de obter base política no Legislativo a fim de conseguir a chamada governabilidade do País. Em outras palavras, é preciso oferecer cargos e outras benesses para que os projetos do Governo sejam aprovados no Parlamento. Em 2002, quando tomou posse, o Presidente Lula enfrentou uma situação desta ordem e foi nela (ou dela) que se originou o escândalo denominado por Mensalão – uma espécie de benefício financeiro dado aos parlamentares para votar a favor das propostas da presidência. [Read more…]

Opacamente transparente

Dilma Rousseff, a putativa sucessora de Lula da Silva, tem metido os pés pelas mãos na Cimeira de Copenhaga. O pior foi, no entanto, quando decidiu meter também as mãos pelos pés.

Na melhor das hipóteses foi uma gafe. Caso contrário, fugiu-lhe a boca para o que ela pensa ser verdade. Peça opinião ao seu psicanalista ou decida você mesmo.

O meio ambiente é uma ameaça ao desenvolvimento sustentável!!!

Ora, toma!