Fica tudo mais simplificado

Anda aí um grande tumulto por causa do jantar de gala da feira das vaidades internéticas se ter realizado no Panteão Nacional. Acho que têm razão, sobretudo atendendo à memória curta de António Costa, o qual se revela igual entre pares, e ao lavar de mãos de outros protagonistas. O Paulo Guinote explica isto bem.

Mas é de ver o lado positivo da coisa. Finalmente, podemos dar por encerrada as discussões sobre quem vai para o Panteão e sobre fulano x acabar a partilhar sete palmos de terra por toda a eternidade com quem não aceitaria estar lado a lado em vida.

E isto será possível graças a estes jantares no Panteão. Se é digno os vivos comerem no lugar de descanso dos mortos, porque não hão-de os mortos repousarem nos locais onde os vivos almoçam e jantam? Legisle-se para que se possa regionalizar o Panteão Nacional (aí está outra vantagem, a regionalização – isto só pode ser uma grande ideia). Criem-se leis para podermos ter a Delegação Regional do Panteão Nacional na Metinha dos Leitões. Ou no Gambrinus. Ou no Manjar do Marquês, em Pombal. É só escolher e até se pode fazer um catálogo de reputação mortuária associado às estrelas Michelin. Estão a ver o slogan? “Você, a sua paixão e a alma de Negreiros à mesa.” Ou então “Jantar a três e só duas contas.”

Isto merece uma app de aconselhamento cultural. “O que é que combinará melhor com um chateaubriand? Um toque de Eusébio ou uma pitada de Sofia?” Podem usar a ideia à vontade na próxima web summit e nem têm que agradecer.

Comments

  1. José Feliciano Cunha de Sotto Mayor says:

    argumento sujinho. a ATL era liderada “por inerência” por antónio costa? sujinho, sujinho, sujinho.

    costa não tinha qualquer função ou poder executivo. não sabia sequer daquilo. situação já confirmada pela propria ATL.

    nota – não sou contra actividades em monumentos, de um modo geral. mas há actividades e actividades. e há monumentos e monumentos.

  2. joão lopes says:

    mais um “escandalo”(aposto,que a oposição,até ja se esqueceu de alguns “escandalos”,tal é a superprodução de escandalos).mas nos Jeronimos ja lá se casou o Bruninho(olha,que bela forma de desviar as atenções da corrupção do SLB,como é que o cm não se lembra desta?)

  3. Rui Naldinho says:

    “Eu sou a favor dos eventos no Panteão Nacional, incluindo jantares e concertos de música clássica, por exemplo. É a única forma dos espíritos dos nossos mortos ilustres, se sentirem acompanhados. Uma espécie de homenagem ao seu legado, e ainda por cima ao som dos talheres e tilintar dos copos, coisa que eles deverão gostar. E logo, um momento solene celebrado por uma casta de gente, também ela ilustre, disposta a largar oitenta e cinco euros por um jantar, e não por um qualquer bêbado a cantarolar áquela hora, a passar diante do Panteão.
    Imaginem o espírito do Eusébio desfrutando o estalar da carapaça de uma lagosta, no meio das tenazes manipuladas por um comensal. Dirá o seu espírito de Tuga, olhando ofuscado para todas aquelas velas ou gambiarras:
    – Porra, isto não é o Estádio da Luz, nem este barulho me soa ao descascar de tremoços!
    E com este pensamento, poderíamos imaginar outro, talvez mais poético, para Sofia de Mello Breyner.

    Ou então, alguém que me explique qual a razão para que no Panteão Nacional se possam fazer eventos que não exclusivamente os fúnebres, ou a eles associados?

    • joão lopes says:

      podiam deixar de ser parvos,e ler o Aquilino Ribeiro( Os lobos que uivam” por sinal mais que proibido pelo abutre do Salazar).mas ser parvo e ler o Aquilino é coisa que não combina.É melhor ler os livros das tias,pois claro.

  4. Não compreendo porque razão, com tanto sítio para jantar, foram logo escolher o Átrio do Panteão…
    Tenho a certeza que os mortos que lá estão não se importam com nada disso. Nós, os ainda vivos, é que não respeitamos o silêncio deles.
    Com ironia: Porque não fazem jantares e festanças em cemitérios? As Juntas agradeceriam porque isso dava jeito ao orçamento…
    Cá por mim até podiam jantar dentro do túmulo de qualquer ex-vivo. Se ao homem vivo tudo é permitido o que falta fazer para se ir para a classificação do cúmulo do disparate?
    O facto do ministro da saúde divulgar que o déficit dele é de 2 mil milhões. Isso não interessa para nada?…
    Cá por mim mandava imprimir nova moeda…E o jogo vinha a zero. Os credores que se aviassem noutro lugar…

    • joão lopes says:

      podia-se até desenterrar todos os que morreram com pneumonia nos ultimos 6 anos,ver qual deles morreu com a legionella(com estes faz-se escandalo.Com os que morreram com pneumonia,mas não com a bactéria atras referida,não tem “direito”a escandalo.)

  5. Tem de fazer umas coisas dessas mas com urna aberta! Assim sim…

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