“Sou uma mulher negra, mas antes disso tenho falado muito que antes de reivindicar e compreender o que era ser uma mulher negra no mundo, eu já era favelada. Nascida e criada na Maré (…)” – palavras de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, mulher progressista,socialista, feminista, lutadora, livre. Assassinada – executada? – após ter criticado com dureza a intervenção violenta das forças militares nas favelas. Pode haver quem julgue esta associação de factos forçada, mas o modo de ataque, a natureza do crime, traz-nos irresistivelmente à memória o Brasil dos esquadrões da morte dos tempos chumbo. Que, optimistas, julgávamos superados. Tristeza não tem fim.
Para os mais desatentos, mas nem foi assim há tanto tempo, houve um golpe em 2016, e o Brasil é governado, desde o golpe de Estado, por um programa de governo completamente oposto do que foi sufragado nas eleições ganhas por Dilma; e aliás Temer (no Google Translate, traduz-se para “fear” em Inglês, e com bons motivos) teria até muito menos percentagem que a Assunção Cristas se fosse realmente a votos.
Esta execução faz parte de um processo normal de “mexicanização” do Brasil. Os resultados das próximas eleições determinarão se o país deixa de oficialmente poder ser considerado uma democracia ou não.
É uma situação já vista em tantos países da América Latina, e no próprio Brasil (décadas atrás): 1) desmantela-se completamente a Segurança Social ou Providência, “flexibilixa-se” mais ainda o mercado de trabalho, deixando uma grande parte da população em condições de pobreza ainda mais extrema, e de escravidão; 2) isso gera conflitualidade nos sectores desfavorecidos e nos bairros precários; 3) o problema resolve-se com esquadrões e milícias de metralhadora em punho para limpsr as favelas da “sujeira”.
Arricando-me a ser rotulado outra vez de “esquerdalhada”, isto no meu dicionário chama-se simplesmente guerra de classes.
Para negra já está muito descolorida.
A bandeira do racismo é uma das muitas muletas da esquerdalhada.
Outra é a ‘luta de classes’.
No Brasil as classes verdadeiramente em luta são as dos bandos de corruptos amorais que empestam toda a vida pública.
Os “ismos”, caro Menos, são e, desde há muito tempo, têm sido muletas – diria, bandeiras – para todo o tipo de gente. É conforme a posição e o lugar que se ocupa ou julga ocupar na mesa do xadrez – onde até há muitos que não sabem se são damas ou cavalheiros, outros se são de esquerda ou de direita, porque até, por natureza, são canhotos e os que sendo meros peões, esticam o pescoço e até se fazem passar por rainhas e reis, quando mais não são que cavalos.
Tivemos o caso dos comunismos, como papão para as gentes ocidentais, Portugal incluído – o caso dos anos 50, nos EUA foi surpreendente; dos fascismos – após estes – como ameaça iminente, apontada pelos comunistas sobre os portugueses (o papão fascista do PCP); do nazismo, porquanto imagem e argumento utilizado pelos sionistas israelitas para chantagearem os outros povos.
Também, obviamente, temos o caso de certas minorias, também do racismo, que actuam, por analogia da mesma forma, como acontece nos estados unidos (não à mesma dimensão: veja-se o caso cigano em Portugal).
Contudo, porque não sendo tudo verdade, não poderá ser metido tudo no mesmo saco; até porque na verdade o que acontece no Brasil à população negra, ou mais ou menos negra – como parece gostar – é que tal acontece pela grande questão destas populações estarem entre os mais desprotegidos. Como tal os mais sujeitos a todo o tipo de abusos – como foi agora o caso – por parte daqueles que estão ao serviço daqueles que aqui aponta como “… bandos de corruptos amorais que empestam a via pública”, porque são estes que, directa ou indirectamente, mataram a vereadora brasileira Marielle Franco e os mais interessados em que a situação no Brasil se mantenha por mais tempo, mesmo que em praça pública venham dizer o contrário.
Mas, amigo Menos, não é só corrupção, é também luta pelo pelo poder – alguns diriam: sobretudo luta pelo poder e pelas riquezas que o mesmo pode proporcionar.
É preciso viver num território em guerra – e isso é o Rio de Janeiro – para deixar essas simplificações teóricas «…são estes que, directa ou indirectamente, mataram a vereadora brasileira Marielle Franco».
Se todos fossem felizes e boa gente, ninguém matava ninguém – vale tanto como esse tipo de bocas.
Já vimos tudo! Se V. Exa. fosse governador lá do Rio ainda mandava a conta das balas à família da vereadora…
Ó menos, hoje mereces mesmo um “Vai-te foder”.
Ou de forma mais calma, a desigualdade não existe nem causa problemas?
Quando chegas ao ponto de estar mais à direita do que o FMI e da comissão europeia, se calhar devias pensar um bocadinho sobre o que andas a fazer na vida.
A desigualdade?
Onde é que ela não existe? E andam aos tiros por todo o lado?
Se em vez de te armares em analista política com esse comodismo do direita/esquerda procurasses distinguir o certo do errado dizias menos asneiras.
“E andam aos tiros por todo o lado?” Ora aí está! até que enfim que V. Exa., na sua excelsa sabedoria nos dá a todos uma pista para a resolução do problema!
O problema, evidentemente, é o de andarem “aos tiros por todo o lado”. Assim, uma boa proposta seria arranjar um recinto devidamente vedado onde se poderia atirar à vontade, incluindo a polícia, esta para aliviar o “stress” e o tédio da vida na esquadra.
Até se poderia atribuir uma pontuação e sagrar campeão o “bando de corruptos amorais” que obtivesse maior “score”.
A pontuação seria diretamente proporcional á importância do alvo e à desculpabilidade da eliminação.
Por exemplo: Tiro no sem abrigo – 10 pontos; tiro no esquerdalho/a, 100 pontos; tiro n@ polític@ esquerdalh@, 10000 pontos e uma estadia com tudo pago num “resort” à escolha. E assim sucessivamente…
O menos preferia que fossem calmamente para as plantações, ou o seu equivalente moderno de estagiar até morrer.
Quanto ao certo e errado, epah, olha para o que diz a OCDE e o FMI, esses revolucionários.
Corruptos amorais? Que horror! Corrupção sim, mas dentro da moralidade! E nada de bandos, que só prejudicam a sã concorrência entre corruptos!
Pelo comentário se nota que V. Exa se orienta para outras preferências, e não gosta de meias-tintas. Prefere tudo bem colorido.
Ela diz que é “uma mulher negra” mas eu, olhando para a fotografia dela, acho que ela é de facto uma mulher (por sinal bastante bem feitinha), mas negra é que certamente não é, pelo contrário, é uma mulata até relativamente clarinha.
Lá pelas Américas têm a mania de chamar negros aos mulatos. Já com o Obama fizeram a mesma coisa, mas ele ao menos era 50% negro. Esta Marielle acho que está bem abaixo dessa fasquia.
Luís Lavoura, com cinco minutos de pesquisa, evitava essa análise barata de almanaque sobre o que é ser negro. Existem negros mais claros e outros menos claros, seja em África, naturalmente, seja no Brasil, seja noutros países. Mulato é outra coisa.