Quando o negócio é a doença, não a cura

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[Pedro Pinheiro Augusto]

A Goldman Sachs (actual patroa do Durão Barroso, esse self-made man), publicou um relatório que põe em causa a sustentabilidade do negócio da saúde ao providenciar curas para as doenças. Demonstra com o caso da Gilead, cujo valor dos lucros e acções tem vindo a cair desde a colocação no mercado da cura da Hepatite C, apesar de vender a cura a $84.000/doente.
O capitalismo (que tem as suas virtudes mas o humanismo não é uma delas) tem como fito final o LUCRO sobre qualquer outra consideração. Assim, questiono: Podemos continuar a confiar ao privado a busca das curas para as doenças, sabendo que não é do seu interesse? Da mesma maneira, poderemos algum dia esperar a Paz, quando o negócio do armamento lucra com a Guerra? Algum dia acabarão os incêndios enquanto gerarem lucro?

Comments

  1. Fernando says:

    Não apenas imoral é criminoso!

    Porque é que a investigação cientifica não fica encarregue às universidades sem fins lucrativos?

    Não foram os grandes avanços científicos e tecnológicos financiados pelos contribuintes?

  2. Fernando Antunes says:

    A saúde não dá dinheiro, a doença dá dinheiro.

    Se recuarmos 25 séculos, conta-se que Confúcio aconselhou o Imperador da China que um sistema em que se paga ao médico por tratar um doente é um sistema perverso, pois o médico vai querer ver as pessoas da aldeia doentes e não saudáveis, senão ele próprio morrerá à fome. Dizia que o verdadeiro médico é, na verdade, aquele que não tem nada que fazer, porque já instruiu as pessoas a como terem vidas saudáveis.
    Agora, tentem explicar isto à Goldman Sachs…

    Se pensarmos no cancro, por exemplo, e que mais de 100 biliões de dólares são gastos no mundo inteiro em medicamentos e quimioterapias, percebemos que a descoberta de uma cura miraculosa seria insustentável para as gigantes corporações farmacêuticas. Por isso, esqueçam. Nem daqui a 100 anos…

    • Luís Neves says:

      Se pensarmos no cancro, temos um “não-tratamento” – “não tratamento” porque não recorre a nenhum medicamento, suplemento alimentar ou dieta alimentar – a Nova Medicina Alemã que o cura com um sucesso superior a 90%. Mas, por isso, a Nova Medicina Alemã está desacreditada.

    • Bento Caeiro says:

      Nem mais amigo, Fernando.
      O que se passa nos negócios farmacêuticos, não me surpreende. Surpreende-me é que alguém ainda se surpreenda por tal coisa – ou será por ser a Goldman Sachs a dizê-lo?
      É tal e qual as energias: não fora o negócio dos petróleos e em torno destes e há muito que o problema, colocado pela aparente escassez de energias, estaria resolvido.
      Neste caso, trata-se de curas que não avançam e são mesmo retardadas – caso das doenças cancerígenas: as mais rentáveis – precisamente pelos mesmos motivos – aqui os negócios farmacêuticos.
      Mas também é o que, de uma forma geral, se passa como a vida numa sociedade assente no consumo pelo consumo; porque razão os telemóveis e outros equipamentos estão, na prática, sempre obsoletos?
      Porque razão as matas não são organizadas e preparadas para responderem, por elas próprias – espécies, configuração, acessos – ou com um mínimo de intervenção (caso do médico em Confúcio) aos problemas que possam surgir?
      Sempre mais dos mesmo, interesses.

  3. ZE LOPES says:

    Há uns tempos chamava aqui a atenção de um comentadeiro liberalote para o facto de não ser a eficiência económica que gera rendimento, riqueza e emprego, mas sim a ineficiência, o que deita abaixo qualquer discurso liberaleiro. E dava alguns exemplos: entre os maiores empregadores do nosso país estão as empresas de…segurança! Que necessitam, obviamente da insegurança para trabalhar…E não estou a incluir o cada vez maior número de indivíduos empregados na prevenção de ataques informáticos…

    E a indústria militar? Precisa de guerras…E a indústria da reciclagem? Precisa de lixo…”And so on”…

    Já para não falar no caso dos madeireiros que lucram com…incêndios! Que também justificam o emprego de…helicópteros, bombeiros, sapadores florestais, etc.

    Claro que a indústria farmacêutica vive de doenças. É o capitalismo, estúpidos! A Goldman Sachs confirma!

    Por outro lado a eficiência extingue cada vez mais postos de trabalho. Veremos em breve os supermercados sem caixas e balconistas…mas pejados de guardas!

    Imaginem uma cidade onde a criminalidade baixou a próximo de zero, fruto do investimento na prevenção e na educação. Em breve um qualquer liberalote colocaria em causa a necessidade de tantos polícias, juízes, etc. Ora, tal como o médico de Confúcio, a melhor polícia é aquela que não tem necessidade de atuar. mas o mais certo era, caso se conseguisse, tratar demandar embora os “inúteis” que vivem à custa dos nossos impostos. O mesmo vale para juízes, funcionários judiciais, prisionais e, noutras atividades, médicos, enfermeiros, professores, bombeiros, militares…

    • ZE LOPES says:

      Só um número: a “Prosegur” e a “Seciritas” juntas empregam quase 12 000 pessoas. E são só duas das empresas do sector da segurança. Neste momento já devem empregar mais gente que os CTT. Que continuam a despedir em nome da…”eficiência”…

  4. ZE LOPES says:

    Também me lembrei do negócio que consiste em matar a fome e outras necessidades básicas aos pobres. O Dr. Lambreta, conhecido ex-ministro Cristão (de Cristas…), encarregou-se de duas coisas: tornar os pobres mais pobres (cortando no RSI, no Subsídio por Doença, no Subsídio de Desemprego…) e, em seguida, montar um negócio de apoio aos mesmos nas IPSS. Que, obviamente, empregam muita gente. O que lhes acontecerá se os “pobres” desaparecerem? Desemprego para os trabalhadores. E menos “benesses” para os “filantropicos” “gestores”…

  5. Mr José Oliveira Oliveira says:

    Amigo Pedro, o capitalismo é assim mesmo. Ou acabamos com ele ou ele acaba connosco. Não há volta a dar.
    Não esbanjámos………….Não pagamos!!!!!!!!!!

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  1. […] são estes tipos que compram políticos corruptos e tiranos sanguinários, não o contrário. Não, Pedro Pinheiro Augusto, não podemos confiar nestes banqueiros filhos da […]

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