Era bem bom:

E se os deputados fossem avaliados? Resta saber a quem compete avançar com essa dita “reforma profunda” e quem o vai fazer. Alguém se acusa?

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Com excepção da avaliação lectiva feita no final de um ciclo de estudos, na qual um aluno ou um profissional é colocado perante um conjunto de questões as quais lhe compete resolver num determinado espaço de tempo, e mesmo isso pode ser discutível, para mim, as avaliações são sempre muito subjectivas. Não sou contra as avaliações. Sou sim contra os critérios muitas vezes engendrados por quem de direito, para cortar despesas, ou para fechar um serviço que a partir de certa altura não interessa manter, e dessa forma vão-se fazendo purgas até os ditos bons ficarem reduzidos à sua insignificância, e também eles passarem a ser dispensáveis.
    Por norma a política está muito longe dos valores deontológicos e éticos da maioria das profissões, incluindo a advocacia, classe à qual a política recruta grande parte dos seus membros permanentes ou intenerantes. Nesse contexto, avaliar um político seria sempre um a tarefa insana, algo injusta, mesmo que pela negativa, do estilo: “o menos mau”, ou “o menos mentiroso”, na medida em que não se pode aferir com uma nota de zero a vinte, ou mesmo em percentagem, se o António Costa é mais demagogo que o Rui Rio. Ou se as privatizações feitas por Passos Coelho foram feitas de forma mais séria e idónea que as de Sócrates.
    Mas, por caricato que nos pareça, imaginar que Bolsonaro tem nota positiva, numa escala de trezentos trafulhas no Congresso, só pode dar náuseas.
    Político só pode ser eleito ou rejeitado. Até porque votar, maioria das vezes, é a escolha do mal menor.

  2. Ana Moreno says:

    Olá Rui Naldinho, tal como entendo o artigo, essa pergunta é apenas o mote para lançar a verdadeira questão – a da necessidade de uma “profunda reforma” do regime democrático e do sistema político”; e a existência dessa necessidade, penso que ninguém, com seriedade, pode negar. O que falta no artigo é dizer qual é o caminho para que isso possa acontecer, pelo menos, o ponto de partida. “O que é preciso é que todos o queiram e assumam a coragem de se expor” diz David Dinis; Ora bolas, bem podemos esperar sentados. É que não é nada saudável, nem para cada um de nós, nem para a Democracia, falar só para o ar. É preciso apontar vias e depois é preciso avançar nelas.

    • Rui Naldinho says:

      Olá Ana.
      Os políticos são o reflexo da nossa sociedade. A Noruega, a Finlândia ou a Suécia têm políticos “mais sérios”, aparentemente mais idóneos, pelo menos no respeito para com os seus eleitores, porque o seu povo tem um elevado nível de escolaride. Têm um Estado Social forte. Têm boas condições económicas e sociais para a maioria da população, enfim, um conjunto de requisitos que nós estamos ainda longe de alcançar.
      O eleitor português avalia a promessa no imediato.
      Em Portugal, no curto prazo, uma avaliação dos políticos resultaria num desastre. Basta ver como funciona a nossa justiça, em especial a PGR, para percebermos que a política tomou conta de tudo. Pior, a clubite. Os gajos do BPN estão há dez anos para serem condenados. Temos uma comunicação social voyerista, preocupada mais com fait divers, assassinando o carácter do político, que o dono desse meio de comunicação social eleger com a próxima vítima.
      Quando um demagogo e populista como Bolsonaro ou Duterte, isto já para não recuarmos a Hitler, é eleito com uma maioria de votos nas urnas, significa que milhões de pessoas acreditam nele. Motivadas pelo desespero, pelo ódio, por crenças religiosas, seja lá o que for, mas nunca por uma avaliação fria e racional das suas qualidades.
      Acresce que se essa avaliação do político é para ver as presenças no hemiciclo, isso redundaria num .
      Por acaso gostava de saber se existe algum país na Europa comunitária que faça esse tipo de avaliação. Só de pensar em Jean Claude Juncker, já fico assustado.

      • Rui Naldinho says:

        redundaria num fracasso.

        • Ana Moreno says:

          Segundo o artigo, pelos vistos é feita no PE; também duvido dos resultados. Mas então, não falemos de avaliação; falemos de controle. E de reforma do sistema. Coloquemos coisas muito práticas como presenças, como auditorias às contas. Encontremos alguma forma de identificar e punir a pouca vergonha. Lembro-me daquela deputada alemã, Petra Hinz, que há 2 anos teve de se demitir por ter colocado no CV que era jurista e afinal não era. Não terá sido por avaliação, mas o resultado foi conclusivo no sentido de evitar que essas aldrabices aconteçam. O que é certo é que se dá cabo da Democracia, se não há controles efectivos, eficazes e eficientes. Qualquer explicação em volta de que não é possível em Portugal é uma olhada para o fundo e para trás, mas não para onde é preciso, o futuro.

          • Rui Naldinho says:

            Ana, sou a favor do escrutínio dos políticos. Um escrutínio rigoroso, independente, que deveria começar logo no TC. Não o dos Juizes, como é óbvio, ainda que também eles o possam ser, noutro contexto. Mas os candidatos a deputados, com uma entrega de currículo académico e profissional, declaração de património e registo de interesses. Tudo isto antes da formação das listas, ou se quiserem, da eleição, e não depois de eleitos, como acontece agora. Só depois dessa entrega feita, e da verificação por parte do TC ou outro órgão com competências para validar tudo aquilo, como compatível com o exercício da função, como verdade, o/a Senhor/a tomaria posse na AR. Caso contrário, nunca tomaria posse por impedimento legal. Aconteceria o mesmo para ocupar um lugar dentro do governo. Quaisquer falsas declarações, dariam imediata perda de mandato. Ou a demissão.
            A Lei das incompatibilidades, como sabe, não passa de uma trapaça. Já melhorou por culpa do BE, mas ainda assim está cheia de excepções que acabam por desvirtuar qualquer coisa que se pareça com uma lei de incompatibilidades. Os grandes partidos do Poder, não querem perder o domínio dos seus lobby’s, logo, nunca aceitariam ser escrutinados, sem terem a certeza de que no final, eles continuam a influenciar os destinos dos grandes negócios da República.
            O país está cheio de leis, cuja finalidade não é garantir a legalidade dos actos, mas sim a permanência nos postos que cada político ocupa, mesmo depois de fazerem asneira. Por vezes acabam por se demitirem, “já apodrecidos”.
            Nos últimos anos, todas as trapaças que se têm conhecido dos políticos em geral, são mais fruto das guerras inter partidárias, ou lutas pelo poder, do que por um escrutínio sério feito pelos órgãos de soberania, cuja função seria essa mesmo. Aí, andam todos a dormir. Se o fazem por incompetência, se o fazem por compadrios, não sei. Mas é comum, serem os últimos a acordar.
            Só se soube do curso do Miguel Relvas, quando ele entrou em guerra com Balsemão e a sua SIC, na pretensão de privatizar a RTP. Ora, como sabe, eles são liberais, mas não tanto, que se queiram comer uns aos outros. Se a RTP fosse privada, com as mesmas benesses dos outros concorrentes, um deles acabaria por sucumbir. Depois veio o Rui Rio e o Feleciano Barreiras Duarte. Agora, mais recentemente, o José Silvano. Podíamos falar do curso de Sócrates. Do Mestrado do Armando Vara concluído antes da Licenciatura. Eu sei lá quantos casos…
            Numa coisa estou de acordo com a deputada do PSD que usava a password do José Silvano. Naquela casa, gente séria é coisa que não abunda. Ela preferiu dar-lhes o nome de virgens ofendidas. Mas como é óbvio, a “virgindade intelectual daquelas personalidades” perdeu-se ainda muito jovens, numa qualquer Universidade de Verão.
            “A única pessoa capacitada para dar avaliações aos deputados e aos governantes, era o Prof Marcelo, ao Domingo”. Mas como sabe, Domingo é dia de missa.

          • Rui Naldinho says:

            Feliciano

  3. Paulo Marques says:

    Já é mau demais avaliar a academia pela quantidade de papel que produz, e não faltam ideias mais parvas. Quais os critérios objectivos de avaliação política, sendo que ter falsos bons resultados políticos num ano é trivial e em quatro há muitos efeitos que não são visíveis? Um bom exemplo são os vários bons alunos europeus, que têm bons resultados económicos com fundos europeus que tiveram como contrapartida a desindustrialização, a precariedade e o endividamento privado crónico.
    Se a Ana não quer mais ISDS e CETA, não compre a demagogia barata.

    • Ana Moreno says:

      Colegas 🙂 esqueçam a avaliação, falemos do que interessa. Como está, não está bem, pois não? Como se pode intervir no sentido de uma melhoria real: controle, transparência, responsabilização, isso é que será relevante.

      • Paulo Marques says:

        Rezar muito?
        Bom, primeiro convinha mudar o sistema eleitoral para as legislativas, onde temos um dos piores. Ninguém faz ideia de quem elege e toda a gente vota no cargo que não vai a eleições. Mas não faz mal, porque o nosso eleito também só faz o que o partido manda assinar de cruz.
        Fora isso, ter a certeza que todo o trabalho, dos votos às comissões, efectivamente aconteceu (nada de trapalhadas porque saiu da sala), está arquivado e é de consulta fácil.

        E depois, as pessoas têm que se voltar a convencer que os governantes trabalham para elas, não para uma hipotética economia que nunca aparece porque a narrativa é sempre burguesa. Devido aos grilhões europeus, só quando batermos no fundo é que as pessoas quererão mudança, é preciso estar preparado para que a narrativa pós neo-liberal e pós-democratica ganhe.

      • Paulo Marques says:

        Se calhar primeiro é preciso livrar-mo-nos do comité central… https://corporateeurope.org/economy-finance/2018/10/eu-obstacle-course-municipalism


  4. Acho que estão a ver as coisas ao contrário. Quando alguém se candidata a algo é preciso mostrar que se merece sê-lo. Então, antes da avaliação deveriam prestar provas em como estão preparados para representar o povo, mais ou menos como fizeram com o Tiririca.
    Eu defenderia um exame bem exigente para se poder ser deputado. Quando temos deputados que afirmam que nem sequer sabiam que as senhas que validam o ponto são pessoais e intransmissíveis, ou deputados que acabam por ser primeiro-ministro que afirmam que nem sabiam que tinham de pagar Segurança Social, acho que estamos conversados sobre a sua inaptidão para a exigência do cargo.

  5. Carlos Almeida says:

    Um Jornal do Grupo Amorim , para mim não é grande referência
    Têm lá outros figurantes para fazer cenário.
    Se eu nem Gasóleo meto na Galp que é maioritariamente do “rolha e descendentes SA” !

    • Ana Moreno says:

      Carlos, se o artigo é bom, e para mim é, não perde valor – a meu ver – por ser de um ex-observador, ex-director do Público e estar no grupo que diz. Já quanto a decidir conscientemente sobre onde se compra gasolina, onde se compram os produtos de mercearia, quanto a ver bem de onde vêm os produtos e tudo o mais o que podemos fazer dentro da nossa responsabilidade, estou 100% consigo e fico contente por cada pessoa que o faça.

      • Carlos Almeida says:

        Boa noite

        Não sei se é bom ou não porque nem sequer leio.

        A razão é a a frase que copio do post do Rui Naldinho em
        17/11/2018 at 15:53

        “Temos uma comunicação social voyerista, preocupada mais com fait divers, assassinando o carácter do político, que o dono desse meio de comunicação social eleger com a próxima vítima.”

        Repare bem: Que o dono desse meio de comunicação social eleger como a próxima vitima

        Quem achar que um jornalista escreve o que quer ou tem na consciência. está enganado.
        São assalariados que têm que escrever bem, tal como um pedreiro tem que ser bom artista, senão é despedido

        • Ana Moreno says:

          Carlos, não me parece que ele seja ali empregado, para poder ser despedido, trata-se de um artigo de opinião. Agora não duvido que só sai o que convém. Mas, neste caso, basta-me que seja um bom artigo – e continuo a achar que é.


  6. Nunca ouviu falar de eleições legislativas?

    • j. manuel cordeiro says:

      As eleições não avaliam deputados pela simples razão de os eleitores votarem em listas e não em deputados.

  7. Ana Moreno says:

    Rui, concordo com tudo o que escreve e dou-lhe toda a razão. As suas análises demonstram sempre profundo conhecimento da realidade portuguesa e por pouco eu pegava no seu comentário e colocava em post. 🙂 O problema, o grande problema, é como sair desses vícios de sempre, desse lamaçal, desse funcionamento que nem sei como chamar, digamos à chico-esperto à falta de melhor, que sempre, mas sempre, beneficia quem já está por cima e lixa quem está por baixo. Compreendo bem que os portugueses acabem por se acomodar, por desgaste, até por não conhecerem melhor. Também não digo que exista o paraíso na terra seja lá onde for, é claro que não existe. Mas valha-nos quem for, é preciso acabar com algo que toda, mas TODA a gente está a ver que NÃO pode ser! É que pelo menos há que tentar fazer alguma coisa, mesmo sem garantia nenhuma, mas fazer, não ser conivente, sei lá…


  8. Vivam ! Viva Ana Moreno.
    Tudo bem, estas e outra vossas e nossas preocupações são coisa séria que ameaça realmente a democracia .

    Mas o pior é que o povo em geral, que não só entre os seus representantes políticos, está igualmente minado de xicos espertos a cometerem diariamente falcatruas e esquemas manhosos de fazer dinheiro ( para além de descaradas fugas ao fisco por ex. nos rendimentos avultados de arrendamento de casas e quartos a estudantes et ali sem fiscalização por parte da AT porta sim porta não aqui em Coimbra…que os sei e os tenho bem perto ! ) em seu proveito, com todo o descaramento e lata, escapulindo a qq. controle legal ou regras de ética e honestidade e deveres cívicos .
    este lamaçal alastra e faz apodrecer as bases de uma sociedade decente.
    só pq a corrupção nos políticos os incentiva a isso ? não só apesar de tb, que trafulhas e xicos espertos abundaram sempre neste país .

    Falo nisto pq. chocada com exemplo real recente vivido e sabido em episódio de seguros/ vs/ danos provocados pelo Leslie no Condomínio em que habito, aonde perante um orçamento mais caro primeiramente enviado às Seguradoras pela Administração mas substituído- por incompetência de actuação da Administração do Cond.- por outro e respectiva adjudicação de menor preço, alguns condóminos aderentes a um seguro colectivo gerido pela Administração e a própria Administração irão receber e ficar na maior com as quantias superiores relativas à diferença dos orçamentos a seu favor sendo que a adjudiçação da obra vai ser feita pelo orçamento e custos menores, tendo os outros condóminos e eu incluída afirmado que seremos nós a declarar às nossas Seguradoras o novo orçamento e os reais custos entendendo que assim deve ser, mas sendo nós os tolinhos honestos tótós e eles os espertitos a ganharem nas calmas $$$$$ que não lhes é devido e sem problema algum na consciência e ainda a rirem-se de nós.

    ….admitindo não ter explicado bem e ser despropositado tudo isto, desculpai se não vos aprouver ler ou entender, vim em forma de escape à indignação sentida expor esta coisa por verificarmos que isto está a acontecer abondo e cada vez mais a nível de pessoas comuns mas tb a nível de instituições e empresas, como estas de administração de condomínio que qq bicho careta pode abrir sem controle de competências e muito menos de exercício de funções e é o que está a dar com esta bolha imobiliária crescente e das quais ouvimos e sabemos e constatamos mau desempenho e tropelias em proveito próprio sem que sintamos apoio de a quem e a que entidade recorrer para fiscalizar e controlar e acudir-nos a tanto desaforo e problemas causados .

    Tudo isto vai corroendo tb sim a democracia, minada que vai ficando sem jeito de ser o desejável e conquistado suporte e jangada do nosso viver em sociedade…umana nesta casa comum país ou planeta .

    Lástima…..

    • Ana Moreno says:

      Viva Isabela,
      “mas sendo nós os tolinhos honestos tótós e eles os espertitos a ganharem nas calmas $$$$$ que não lhes é devido e sem problema algum na consciência e ainda a rirem-se de nós.”
      “sem que sintamos apoio de a quem e a que entidade recorrer para fiscalizar e controlar e acudir-nos a tanto desaforo e problemas causados.” Lamento muito, Isabela. Partilho a sua indignação perante essa peçonha subterrânea e lodosa que mina a sociedade. E olhando em volta, vemos o quanto ela vem sendo difundida como a peste, a nível global, pela mão do neoliberalismo. Vemos como o empecilho dos valores éticos vai decaindo, decaindo, e quase nos esvazia de sentido. Um forte abraço, Isabela. https://www.youtube.com/watch?v=bHCAgJbRkF8


      • bem haja, Ana , pela nobreza de seu interior bonito.
        : )
        …sublime, esta Sílvia Perez Cruz e a beleza que nos trás, dela e seu cantar magnífico e mensagem, o que nos faz sentir a utopia de um mundo bom (im)possível !

        Abraço e continue assim, cá estaremos até que a vida nos doa…demais


  9. ” Mas como é óbvio, a “virgindade intelectual daquelas personalidades” perdeu-se ainda muito jovens, numa qualquer Universidade de Verão.
    “A única pessoa capacitada para dar avaliações aos deputados e aos governantes, era o Prof Marcelo, ao Domingo”. Mas como sabe, Domingo é dia de missa. ”

    ) estou consigo nesta, Rui Naldinho, aprecio este tipo de sarcasmo