Ouvindo os ecos da política difundidos pela comunicação social, ficamos a saber que os temas quentes são a contagem do tempo de serviço dos professores para efeitos de progressão na carreira, a empolada manifestação nacional dos coletes amarelos e a greve dos enfermeiros e de outras classes com menos capacidade mediática, tais como os oficiais de justiça.
De uma forma geral, fala-se de dinheiro que o Estado não tem para gastar na manutenção de um mínimo de qualidade nos serviços que dele dependem. O panorama é desolador, com a ruptura estabelecida como padrão.
Em causa estão muitos milhões de euros. Mas, mesmo assim, muito menos do que os 16,7 mil milhões de euros que os portugueses deram à banca. Este deveria ser o tema central de todas as discussões políticas e mediáticas. O escrutínio que é feito nos casos que enchem os telejornais deveria estar a ser levado a cabo, isso sim, para perceber como é que se chegou a esta situação, que políticos para ela contribuíram, onde está o dinheiro, o que está a ser feito para o recuperar e porque razão não há condenados na justiça. Não faltam assuntos para muitas e diversas notícias diárias.
A grande questão é saber porque é que o maior escândalo político-financeiro de Portugal não passa de uma notícia de rodapé, como esta da penúltima edição impressa do Diário de Notícias.
Como é possível que um custo líquido acumulado desde 2008 equivalente a 9,3% do PIB, e ainda em crescimento, não seja o assunto que enche as notícias?
“Como é possível que um custo líquido acumulado desde 2008 equivalente a 9,3% do PIB, e ainda em crescimento, não seja o assunto que enche as notícias?”
Simples, meu caro Jorge.
A maioria das empresas detentoras dos órgãos de comunicação social, diria mesmo a generalidade, está cheia de dívidas à banca. A começar logo pela Cofina. Mas também a Impresa, a Média Capital e outros tantos. Eles, tal como os clubes de futebol, entre muitos esquemas ruinosos produzidos neste país, fazem parte do problema, mas nunca da solução. Assim sendo, “não estou a ver o cão morder, a quem lhe deu de comer!”
A Cofina, dona do Correio da Manhã, CMTV, etc etc entre muitos outros, para alem de dividas à Banca deve milhões ao Estado.
Se fosse um particular ou uma pequena empresa já estava penhorado(a)
Ë isso mesmo. Mas como o texto não se debruçava sobre as dívidas ao fisco, só me pronunciei sobre a banca. Tudo combinado é explosivo.
Bem hajam por nos trazerem estas informações a que não é feito destaque (propositadamente) nos media e que a hipocrisia e má fé dos governantes e políticos arrecada e manobra mal explicada em jogadas de ronaldices financeiras trapaceiras !
…dá para esquecer de imediato todos os recentes votos de ano novo próspero que nos desejámos em clima postiço de boas festas, com tantas mais razões de inquietação e revolta destes nossos dias sombrios… apesar de soalheiros.