Aprecio bastante esses grandes debates virtuais, por estes dias a propósito da mais recente crise política venezuelana, em que se mistura socialismo, comunismo, marxismo ou até – juro que vi – anarquismo, como todos estes conceitos correspondessem a uma e à mesma coisa. Alarvidades deste género, naturalmente, servem na perfeição a agenda de estupidificação promovida por certos sectores à direita, uns assumidamente violentos e antidemocráticos, outros aparentemente muito bonzinhos e cristãos, apesar de servirem, entre outras coisas, de asilo para o que sobrou do energúmeno salazarismo.
E parte engraçada no meio de toda esta demonização de tudo o que mexe à esquerda, como se um social-democrata tivesse o mesmo pensamento político que um maoista, é perceber que as sociedades mais desenvolvidas, abundantes e justas, onde os serviços públicos são abrangentes e funcionam de forma quase perfeita, e cujos habitantes, segundo tudo o que é estudo, são os mais felizes do mundo, apesar de pagarem impostos altíssimos e do Estado ter uma dimensão suficientemente grande para causar pesadelos a esses novos liberais, partidários da economia desregulada que só gera mais desigualdade, são sociedades organizadas segundo um modelo social-democrata, que para quem não sabe ou está iludido com a pseudo-social-democracia do PSD, é uma ideologia de centro-esquerda, que cresceu de mãos dadas com o socialismo (do qual eventualmente acabou por se separar, é certo) e que foi fortemente influenciada pelo marxismo.
O marxismo, esse bicho papão, que, efectivamente, deu asas a alguns bichos sanguinários, deu também um inegável e importantíssimo contributo para a emancipação das classes sociais mais desfavorecidas, em particular na Europa. Antes do marxismo, a lógica feudalista garantia uma existência miserável à esmagadora maioria da população, que de resto estava sujeita aos desmandos de uma elite totalitária, que escravizava, extorquia e matava a seu bel-prazer. O marxismo, por muito que isto custe a certos simpatizantes da extrema-direita, foi fundamental para libertar milhões de pessoas da opressão. A sua apropriação por diferentes déspotas, contudo, levou também a que milhões fossem brutalmente assassinados. Um pouco à imagem daquilo que foi a história da Igreja Católica, que em tempos usou a palavra do Senhor para queimar uns quantos hereges na fogueira.
E talvez tenha sido isso que tenha feito a diferença para a selvajaria que se viveu (e vive) nos Estados Unidos, onde se propala o “sonho americano” mas que depois na realidade as coisas são bem diferentes.
Ainda esta semana lia uma crónica sobre um livro que uma empregada de limpeza publicou (e que parece que está a fazer sucesso) e basicamente ficamos a saber que, por mais que um pobre trabalhe (a ganhar 5€ à hora em casa de ricos) nunca que sairá da cepa torta.
Espera lá!
Não me digas!
Foi o marxismo que fez a Revolução Francesa?
Ouvi-lo falar da Revolução Francesa, deve ser o mesmo que ouvir o André Ventura a falar de imigração, integração de minorias, ou coisas do género.
Deve ter muita piada.
Ora diz lá “quelque chose”?
Mas que pergunta tão insólita, Ó Menos! Então V. Exa. não se lembra? Toda a gente sabe que V. Exa. estava lá! Aparece nas gravuras da época a vender castanhas ao pé da Bastilha! Já não se lembra se o marx era cliente? Francamente!
Foi a ameaça do marxismo que obrigou o Bismark a fazer reformas estruturais que ainda perduram. Por enquanto.
O que eu mais gosto nessa discussão, é a miscelânea que a direita faz sobre a esquerda, de forma intencional e estratégica, diga-se, como se não soubéssemos todos, eles incluídos, que há muitas esquerdas. Aliás, tem sido a fragmentação da esquerda em dezenas de partidos, muito mais que a direita, o dobro, que lhes tem garantido a sobrevivência no Poder. Caso contrário, poucas vezes lá tinha sentado o rabinho. O eleitorado de esquerda todo somado, ainda é maioritário, como se viu no caso da Geringonça.
O que eles não digeriram ainda, e dificilmente o aceitarão, foi o fim desse maná. Daí a azia latente em todo esse discurso.
A esquerda, de uma vez por todas, tem de perceber que os tempos que correm, não dão para sectarismos estéreis.
A par desta discussão, temos depois aquelas tiradas propagandísticas, como por ex:
1- Comparar a Noruega, a Suécia, a Finlândia, a Dinamarca, a Islândia, o Canadá, entre outros países, dos quais não me recordo agora, com os outros países geridos por sistemas capitalistas puros, com governos neo liberais como os EUA.
2 – Os “100 Milhões de mortos provocados pelo comunismo”, também se enquadra nesta retórica. Como se houvesse um contador de mortos, do comunismo. Que os regimes comunistas provocaram milhões de mortos, disso não tenho dúvidas. Tal como a escravatura provocou um número incontável de mortos. Que o Colonialismo, o Fascismo, deixaram igualmente um rasto de destruição tão pesado como o comunismo, também. Nem a Inquisição, ou qualquer outra forma de intolerância, deve ser poupada, ainda que com um rasto menos tenebroso. Agora, desconheço quem lidera esse campeonato, e dispenso-o bem. Nem pretendo justificar as asneiras de uns com as dos outros, minimizando-as. E muito menos ocultá-las.
A nossa direita tem hoje um problema endémico. Convive muito mal com a democracia. Pior, convive hoje muito pior com a democracia, do que os próprios comunistas.
Esse hoje é o verdadeiro problema de Portugal.
Por isso, há que estar atento.
Quem não faz miscelânea nenhuma é a esquerda! Basta não ser de esquerda para ser fascista, racista, homofóbico etc. Que falta de vergonha.
Propaganda é querer colar essa lista de países com socialismo. Esses países têm em possibilidade redistribuir riqueza porque têm um sector privado que cria riqueza, porque são livres economicamente e são homogéneos culturalmente!
A direita é que vive mal com a democracia? Até conceptualmente isso é falso! Quem deseja que o indivíduo se submeta ao estado é a esquerda, quem coloca um “bem” coletivo acima das liberdades individuais é a esquerda. É triste mas vocês não sabem mesmo o que dizem
Parece que há 26 indivíduos no Mundo que, apesar dos ataques diários do Estado, e utilizando a sua liberdade individual, e uma “mãozinha invisível” marota acumularam uma fortuna equivalente à de 3,8 mil milhões de habitantes do Planeta (ao qual, aliás, V. Exa. não dá mostras de pertencer…).
Se pagassem 1% que fosse sobre as suas liberais fortunas, seria possível assegurar grande parte das despesas de educação e saúde desses 3,8 mil milhões.
Mr. Bessa: os seus estudos de Economia baseiam-se num tipo que escreveu “O Caminho da Servidão” depois de ter trabalhado meia vida para o Estado. A outra meia trabalhou para multimilionários a quem convinha a difusão dessas patacoadas.
E sim, Mr. Bessa a direita junta frequentemente capitalismo a ditadura. O próprio Hayeck escreveu a Salazar instigando-o a aprofundar o regime autoritário (digo, corporativo-fascista). E os seus discípulos de Chicago desenharam a política económica de Pinochet (esse comunista disfarçado)!
Mas aposto que V. Exa. só vai dar valor à ação do Estado de Direito Democrático quando tiver o azar de adoecer de alguma doença oncológica. A menos que, dada a sua tendência para o Sadomasoquismo resolva ficar em casa a ler as obras completas do Hayek e a pedir um milagre ao Bispo Macedo. É lá consigo!
Voltamos ao Chile?
Exemplo único de uma ditadura , militar com política económica liberal, que já era ditadura antes dessa opção (logo ao contrário de todas as de esquerda) e não como consequência dessa opção, que resultou no país mais desenvolvido da América latina e que fez uma transição para democracia negociada?
Único? Mais desenvolvido?
Conheço as palavras, mas os seus factos têm qualquer coisa de alternativo. Mas confirma-se, como eram neo-liberais, o número de mortos e torturados foi irrelevante para a salvação final.
Toca a rezar um Capital Nosso.
Transição negociada sim, mas o negócio foi outro. Foi o de proteger os assassinos que estiveram no poder através de uma amnistia geral!
Xô Bessa, V. Exa. deve deixar de praticar contorcionismo, está todo torcido carago! Já nem se sabe onde está o quê. A está virada para as costas e..está a mijar pela cova do braço! Eh Pá! Não sei se tem cura!
É “a cabeça está virada para as costas”. O resto mantém-se.
Criam riqueza porque o estado não deixa os recursos apodrecerem só por um qualquer infortúnio; e mesmo assim, para lá caminham, com os mesmos resultados que cá.
São livres economicamente… é a favor da saída do mercado único, portanto. Óptimo.
Homogéneos? Homem, isso é como dizer que alguém de Braga é igual a alguém do Alentejo, um disparate pegado. Não têm é negros, assuma o racismo, ou é um cobardolas?
Quanto à direita não querer que o indivíduo se submeta ao estado, a direita é que quer o contribuinte a pagar os lucros capitalistas, seja em PPP, subsídios variados a empreendedores, a monopólios privatizados, ou em basear a economia em dívida privada em que uns têm que pagar quando os outros pobres vão à falência.
O seu comentário é paradigmático. Reflete per si, tudo aquilo que eu escrevi. Aliás, sabia que você acusaria o toque, não fosse o meu caro, um desses belos exemplares, que por aqui pululam.
A propósito da Suécia, da Noruega e da Dinamarca. Estude antes de falar.
Já agora, e por mera coincidência, talvez se lembre de um tal Rui SIlva, que por lapso ou por mau manuseamento do teclado, quem não o tem(?), escrevia o I do Silva, em maiúscula.
Eu lembro-me dele!
Tanta letra e não tem um argumento!
Sim, sim, … engana-me que eu gosto!
Parece que o Rui Naldinho também já aderiu ao ditado lá da minha terra: “a jumento que elogia jumento não se dá argumento”. Não sou eu que digo. É o povo! Lá na minha terra!
«Basta não ser de esquerda para ser fascista, racista, homofóbico etc. »
Há exageros? Há. Mas vamos ao Bessa.
1) Defende Pinochet, Bolsonaro e outros
2) Defende que a falta de homogeneidade é horrível, só criticando quem tem etnia diferente; já os europeus tem valores comuns sabe-se lá como. É caso para perguntar, os eslavos estão incluídos?
3) Acha que as pessoas do mesmo sexo são todas iguais e que os órgãos que têm ditam o comportamento sexual.
4) Acha que as mulheres têm é que estar caladas e aguentar o assédio diário do trabalho e na rua.
Pode inventar outras palavras para o descrever, mas elas já existem para essas opiniões.
«a fragmentação da esquerda em dezenas de partidos»
Dêem-lhes um princípio disparatado – a igualdade para tudo e um par de botas – e cada um quer disparatar à sua maneira, muito justamente.
… menos, ó Menos!
Para disparates, já bastas tu. Impagável!
«a fragmentação da direita em dezenas de partidos»
Dêem-lhes um princípio disparatado – o mérito para tudo e um par de botas – e cada um quer disparatar à sua maneira, muito justamente.
Gostou, ó Menos? Fui eu que inventei!
A única alarvidade que pode ser dita sobre a Venezuela é a habitual: não era o verdadeiro comunismo!
Mas eleve lá o nível. Questão simples, o que originou a situação da Venezuela? O que tem em comum: Venezuela, Cuba, China (pré reagan goes to China), URSS, albania e muitos outros? Ok que cada caso poderá ter pequenas variações mas foque se no comum.
Eu prefiro ser pobre numa sociedade desigual onde tenho dinheiro para comer, pagar por serviço de saúde, ter casa, do que ser igual ao meu vizinho mas não termos de comer! Você prefere ganhar 50 e o seu patrão ganhar 100 ou prefere ganhar 10 e o seu patrão 12? A esquerda não é contra a pobreza é contra a riqueza!
Sim, sim. O marxismo tirou muita gente da pobreza na Europa. Aquela malta do lado de lá do muro era super rica! Ou queres ver que do lado de cá é que estavam os comunistas?
Esta frase é “fantástica”: “Antes do marxismo, a lógica feudalista garantia uma existência miserável à esmagadora maioria da população, que de resto estava sujeita aos desmandos de uma elite totalitária, que escravizava, extorquia e matava a seu bel-prazer. ” Lol. Que falta de vergonha! Que suprema lata! Com o comunismo houve fome e morte como nunca tinha existido antes, houve escravatura nos gulags, houve mortes em massa, havia uma elite totalitária ainda mais violenta! Animal farm! São todos iguais mas uns são mais iguais. Que falta de vergonha.
A única alarvidade que pode ser dita sobre a Venezuela é a habitual: era o verdadeiro comunismo!
Mas eleve lá o nível. Questão simples, o que originou a situação da Venezuela? O que tem em comum: Venezuela, Honduras, El Salvador, Guatemala,Mali, República do Congo, Ruanda, Indonésia, Filipinas e muitos outros? Ok que cada caso poderá ter pequenas variações mas foque-se no comum.
Gostou, Bessa? Fui eu que inventei!
O que originou a questão da Venezuela foi a falta de reformas industrial e agrária, o que deixou os mesmos capitalistas de sempre a mandar na economia. Associado a isso, não conseguiu largar a dependência de uma moeda estrangeira mais forte, que ao subir destruiu as contas do país – tal como a Argentina das contas “certas” do FMI, ou a Grécia, ou muitos outros países.
Com capital estrangeiro, os capitalistas donos da produção foram capazes de atacar a economia através da escassez artificial, disparando a inflação.
Tá percebido?
De resto, de comum não têm nada, a Venezuela tem eleições abertas e a China tem hoje um culto de personalidade do líder que não tinha à muito.
«Eu prefiro ser pobre numa sociedade desigual onde tenho dinheiro para comer, pagar por serviço de saúde, ter casa, do que ser igual ao meu vizinho mas não termos de comer! »
Pois, muitos dos seus compatriotas não têm na mesma, mas tem o seu, os outros que se fodam, a culpa é deles!
«com o comunismo houve fome e morte como nunca tinha existido antes»
Só para começar, os Irlandeses e os Indianos tinham muito para lhe ensinar sobre o assunto.
Os capitalistas da Venezuela a mandar? Lol. Tanta ignorância é demais.
Se os capitalistas mandavam porque era aclamado o socialismo? Ah, ok, não era o verdadeiro.
Os capitalistas mandam porque tinham e têm os meios de produção. Apesar da “ditadura”, estão vivos, de boa saúde e com toda a sua propriedade. Se isso para si é socialismo, bom, também a Suécia.
V. Exa. é produto de uma mistura de ignorância económica, vesguice política e manha argumentativa. Tem cura, mas é difícil.
A mistura de conceitos tem só e apenas como responsáveis a nossa classe política que usa chavões, transporta bandeiras, mas desconhece o que e quais são os princípios doutrinários.
Acresce o desgaste destes princípios, estafados por práticas que nada têm a ver com a doutrina que se usa como bandeira.
Todos os partidos são disso, responsáveis e exemplos vivos.
Quantas pessoas do PS – refiro PS porque são a maioria – conhecem ou já leram Marx. Para o actual PS, Marx é uma espécie de Judas proscrito, alguém que convém que se assobie para o lado quando o seu nome é pronunciado.
Vade retro Satanás … Nós somos pelo sistema financeiro impoluto, pelos contratos a prazo, pelos contratos público privados e o nosso passatempo é contar notas.
Diz o colunistas que :
” …como se um social-democrata tivesse o mesmo pensamento político que um maoista …”
Pense em Durão Barroso ou em Ana Gomes e verá que sim. Depende do maoismo, da social democracia e até do socialismo.
Pense em Freitas do Amaral ou em Basílio Horta e veja de onde eles vieram e onde estão – devem ter lido Marx numa regaladas férias, digo eu…
Estes exemplos comezinhos são a evidência que, hoje em dia, os partidos não são nada e distribuem-se entre – sejamos honestos – fascistas, neo-fascistas, aspirantes a fascistas, os envergonhados ditos de esquerda e a “esquerda” radical.
Linha política – zero ou o sistema financeiro que é o mesmo.
Bíblia, o orçamento e a dívida soberana.
Princípios, exceptuando os dos fascismo, que nunca estiveram tanto na berra, já passaram ao mais profundo esquecimento.
E já que aqui se falou em Revolução Francesa, aconselho o personagem que pegou no tema a ler, não só a revolução Francesa de 1789, mas as que lhe sucederam, porque as feridas não foram curadas: a revolução francesa de 1830, a de 1847 e a denominada Comuna de Paris. Talvez assim perceba a influência de Marx, Engels e Bakunin – os “famigerados” autores da teoria do “comer criancinhas vivas ao pequeno almoço” – na regularização dos problemas sociais que a Industrialização trouxe à Europa. E talvez assim se perceba o que uma classe burguesa e um estado, desprovido de qualquer regulação, fizeram a milhões de pessoas que viveram quase um século em verdadeiro regime de escravatura e que foram desaparecendo sob a forma de morte lenta, nesta Europa e bem longe dos sistemas da China, da Rússia e quejandos.
A luz é branca, mas na realidade ela é feita de muitas cores e, na política, tal como na luz, dá muito jeito misturar as cores, de forma a branquear – a prática mais querida da nossa auto proclamada democracia e dos nossos auto proclamados democratas … não sei bem de quê.
Há muita gente que só percebe quando lhes toca a eles. Idiotas chapados.
https://www.cnn.com/2019/01/25/us/kentucky-shutdown-family-breathing-tube/index.html
Agora vou ter que levar com um Deus da à 2000 anos! Mas nesse já acreditam?!