Jamaica

Pessoa amiga disse-me, há uns anos, depois de dar aulas a criancinhas de um bairro problemático, que nunca pensou ser possível odiar criancinhas de oito anos. Terão sido momentos, mas esses momentos em que o comportamento é todo bairro, já família, impõem a selvajaria na sala de aula, numa agressividade incontrolável, seja contra quem for. Coube a essa pessoa, irrepreensível, manter-se no seu posto, cumprindo um dever profissional e social, porque é a Escola que, tantas vezes, faz pelas crianças aquilo que família e sociedade não fazem, uns porque não sabem, outros porque não querem.

Imagino o que será a raiva reprimida de um polícia sério obrigado a lidar diariamente com gente agressiva que a sociedade mantém na pobreza e no crime ou com gente agressiva que se mantém na pobreza e no crime, que um pronome pode fazer diferença quanto às causas, mas não apaga a realidade. Explicar as razões de um crime não é, evidentemente, razão para perdoar um crime: se um polícia for agredido por um pobre ou por um negro, o pobre ou o negro continuam a ser criminosos, por muito que a vida lhes seja madrasta ou guarda prisional. [Read more…]

Tudo bons autarcas III – já reparou que lhe estão a ir à carteira?

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O socialista Luís Correia, presidente da CM de Castelo Branco, adjudicou dois contratos à empresa do pai e outros sete à própria esposa, a deputada Hortense Martins, entre outras adjudicações a empresas directa ou indirectamente ligadas a familiares, revelou o jornal Público, em Maio de 2018. Em Setembro, o Ministério Público pediu perda de mandato para o autarca.

No mês passado, o Tribunal Constitucional negou provimento ao recurso apresentado pelo autarca Luís Mourinha, condenado em 2016 pelo Tribunal de Évora a 2 anos e 8 meses de pena suspensa e perda de mandato, por suspender o subsídio a uma associação cujo presidente criticou abertamente o presidente da CM da Estremoz, o que configura um grave atentado contra a sua liberdade de expressão. Ao crime de prevaricação junta-se ainda um outro de peculato de uso, avança o Público. [Read more…]

Operação Marquês

Arrancou a fase de instrução do processo em que o ex-primeiro-ministro José Sócrates está acusado de 31 crimes. A maior parte das defesas optou por não discutir os factos imputados na acusação, insistindo em várias alegadas ilegalidades que dizem invalidar a prova.

Portanto, os senhores não contestam os factos, mas tão só o modo de obtenção das provas dos crimes que cometeram.

Pois imaginem, meus senhores, que a nós nos interessam os factos. E também nos interessa, meus senhores, que os crimes não prescrevam.

Isso interessa-nos, interessa-nos muito, mas somos bem capazes de vir a não ter sorte nenhuma.

A Justiça, muitas das vezes, parece do mais injusto possível.