Começo a achar que o juiz Neto de Moura (assim como parte significativa dos seus pares) pretende transformar-se na personagem mais odiada deste país, mais até que os banqueiros mafiosos ou os políticos mais corruptos. Na entrevista que deu na passada semana ao Expresso, cuja leitura se recomenda, o magistrado faz afirmações como “Os casos que julguei não são particularmente graves” ou “Tenho um sentido de justiça, ponderação e equilíbrio para ser um bom juiz”.
Este indivíduo, que é juiz desembargador, julgou casos como o da mulher agredida por dois homens com um pau com pregos, o da jovem inconsciente violada por dois homens num bar em Gaia e ainda o de uma mulher cujo marido lhe rebentou um tímpano ao soco. E não acha nada disto particularmente grave. E, imagino, considerará justo e ponderado ilibar alguns destes monstros violentos.
Grave, no entender do senhor juiz, é ser alvo do humor do RAP e do Bruno Nogueira/João Quadros. Se, ao invés disso, estes humoristas lhe rebentassem um tímpano com um pau com pregos, e de seguida abusassem sexualmente do senhor, talvez o juiz Neto de Moura não agisse criminalmente contra eles, uma vez que parece não considerar tais actos particularmente graves. Agora escárnio e sarcasmo? Isso sim, é inaceitável.
Se a violência doméstica e o abuso sexual não fossem o flagelo que são, não tivessem a gravidade que têm e não transformassem a vida de tantas mulheres num verdadeiro inferno, isto até que podia dar uma sitcom engraçada. Porque o juiz Neto de Moura, que argumenta e julga da forma bizarra que hoje conhecemos, parece saído de um sketch de Monty Python ou do Herman Enciclopédia. Pena não ser.
Se essas mulheres fossem da sua família ou círculo de amigos dele ou da família ele aí talvez já considerasse ser uma situação muito grave e o homem que fez tal acto já estaria preso com pena máxima mas como são mulheres que não conhece ele pouco se importa, apenas está preocupado com o seu ordenado cair no fim do mês a tempo e horas apesar do péssimo trabalho que tem andado a fazer.
O actor do sketch parece maricas
Rita
Pois, tava a pedi-las.
Faltam manifestamente a este juiz a ponderação e o equilíbrio na forma como se exprime – quer oralmente, na entrevista, quer por escrito, nos acordãos que redige.
Como é que um tipo como este pode ser juiz?