Crónica do Rochedo 33º – A pandemia europeia

europa
Quando Portugal procurou a ajuda dos seus parceiros europeus para a questão da violação dos direitos humanos em Timor, boa parte da Europa assobiou para o lado (então a Holanda…). Quando os países do sul da Europa precisaram de ajuda no combate à crise provocada pelo colapso financeiro de 2008/9, boa parte da Europa balançou entre o assobiar para o lado e o castigar esses “bebedolas”. Quando a Grécia se viu a braços (e continua) com o problema dos refugiados, boa parte da Europa fez de conta. Quando, hoje, perante uma pandemia sem precedentes a Itália pediu ajuda, parte substancial da Europa disse não ou, no melhor dos casos, nim.
A Europa está refém de uma doença infecciosa que se espalha entre parte substancial dos seus países, sobretudo a norte e centro, um vírus que se pode descrever como uma espécie de “eu quero lá saber dos outros países, do bem comum, o que importa é o meu interesse: o meu país, a minha economia, os meus problemas”. É uma pandemia europeia.

O projecto europeu, a ideia de um largo território onde os países se unem por um bem comum, com uma só moeda, sem fronteiras, com livre circulação de pessoas e bens foi uma das mais apaixonantes criações do século XX. A ideia em si é extraordinária. As novas gerações nem se aperceberam deste fantástico mundo novo dado que o consideram como algo natural, nasceram na sua vigência e explicar-lhes que antes se demorava uma hora para atravessar a fronteira com Espanha e que não existia o euro, era escudo e peseta, é algo ao nível de uma série da Netflix. Para a minha geração foi, sobretudo, um dado adquirido que primeiro se estranhou e depois se entranhou. Para as gerações dos nossos pais, os mesmos que para os políticos holandeses ou para a senhora Lagarde são descartáveis e se deve deixar morrer, foi um feito histórico em prol da paz na Europa e o seu maior legado para as gerações vindouras.
Foi o artigo do Professor Manuel Damas, publicado hoje na sua página no facebook, que deu o mote para esta crónica. Quando esta pandemia (a do COVID 19) passar será chegada a hora de a minha geração e as gerações mais novas pensarem seriamente o que querem para Portugal. Se querem continuar a ter de depender da disposição de personagens como o ministro das finanças da Holanda ou dos apetites de Lagarde’s e todos aqueles que pensam como ela, não é preciso fazer nada. Se querem um futuro seguro e melhor, então temos de mudar de vida. Não é um caminho fácil mas não existe melhor. O Professor Manuel Damas explica o seguinte (vou tentar resumir): Portugal terá de se tornar autosuficiente em termos de produção e fornecimento de EPI’s (máscaras, viseiras e óculos de protecção individual, fatos e calçado de protecção, em termos de produção de gel e álcool e outros desinfectantes)”.
Porque esta crise veio provar que se não somos auto-suficientes estamos dependentes dos humores e vontades de terceiros e, como já sabem, os países produtores estão mais interessados em vender a quem paga mais do que a quem necessita mais.
Ora, mas não é só nas EPI’s, temos de ser auto-suficientes nos produtos alimentares básicos (tal como já o somos no azeite) e no máximo possível dos chamados produtos essenciais. Claro que nunca o seremos na totalidade. Temos de ter uma estratégia de longo prazo em todos os sectores da sociedade. Procurando dar alguns exemplos, por muito básicos que possam ser: a GALP e a EDP. Uma e outra devem ser pensadas para, antes de mais, serem o garante da nossa auto-suficiência energética. O investimento que a GALP está a fazer, em parceria, para a exploração de petróleo deve ser uma prioridade e a sua componente de retalho (a venda de gasolina e gás e seus derivados) deve ser assegurada no nosso território e apoiada a sua internacionalização se o negócio for rentável para a empresa e seus acionistas (a operação da GALP em Espanha é lucrativa?). A EDP, por sua vez, terá de assegurar as nossas necessidades energéticas e os seus investimentos internacionais terão de estar sempre condicionados a não prejudicarem a primeira premissa.
Para sermos auto-suficientes temos de mudar muita coisa na nossa sociedade, uma mudança de mentalidades que nem é muito difícil. O mais complicado será os nossos dirigentes, os nossos políticos perceberem que vão ter de mudar de vida e a mentalidade de uma parte substancial das nossas grandes empresas que vão ter mesmo de pensar local independentemente do agir global. Que vão ter de colocar em primeiro lugar os interesses do país e não os seus. Será a parte mais difícil. E sermos auto-suficientes não significa sair da Europa. Se a Europa continuar, melhor. Se não continuar, temos de estar preparados. E reforçar as nossas parcerias com terceiros não esperando que seja a Europa a fazê-lo por nós. Tivemos agora um bom exemplo, António Costa falou grosso com a Holanda porque hoje pode. O facto de termos superavit e estarmos a cumprir largamente as exigências (por muito estúpidas que possam ser na opinião de alguns) da Europa, permite a Portugal estar numa posição melhor que a Espanha ou a Itália. Caso contrário, o nosso PM não teria dito o que disse (muito bem dito, por sinal).
São muitas as coisas que teremos de mudar mas não são assim tão difíceis, tão dolorosas. Doloroso foi o que tivemos de fazer depois da crise global de 2008 (que nos atingiu em cheio em 2011). Doloroso é ter de ouvir palavras e sentenças de senhores como o holandês e ter de comer e calar. Isso sim, é doloroso.
É muito o que temos de fazer para mudar. Imenso. Terá de ser a sociedade a obrigar os políticos a seguir esse caminho. Terão de ser os especialistas a apresentar as medidas que são necessárias. Porque a pandemia do COVID 19 vai passar. A pandemia europeia essa vai continuar, com tendência a piorar.

Comments

  1. esteves ayres says:

    Chegou altura de colocarem as nossas opiniões politicas na comunicação social:

    O Grande Projecto Europeu e a União Nacional Antiviral

    Soaram trompetas patrióticas quando, na conferência de imprensa, que se seguiu à reuniao do Conselho Europeu (constituido por 27 Chefes de Estado e de Governo), de dia 24 de Março, levado a cabo por tele-conferência, Costa considerou repugnantes as posições assumidas pelo ministro das finanças holandês – Wopke Hoekstra –, mais tarde acolhidas pelo primeiro-ministro daquele país – Mark Rutte – declarações que mais não fazem do que replicar as posições da Alemanha e da chanceler Merkel.

    Dando voz e expressão ao que o cinismo pragmático das burguesias da Europa do Norte, nomeadamente da Finlândia, defendem abertamente, o ministro das Finanças holandês, questionara as razões pelas quais a Espanha e a Itália – chegará a vez de Portugal – não conseguiram constituir reservas para enfrentar a presente crise, pedindo inclusivamente à União Europeia que investigue estes países.

    Por seu lado, no Conselho Europeu, a Holanda, agora chamada de Países Baixos, e mais três países do norte da Europa, entre os quais a já citada Alemanha, opõem-se à solução eurobonds – ou, na versão saloia de Costa e seus pares de centenobonds – para fazer face à dívida cujo crescendo exponencial se adivinha, argumentando, curiosamente, o que Costa também já dissera: “não é sensato gastar todas as armas”, defendendo que só em último recurso se deve recorrer ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). E, assim, perante a enorme crise sanitária e social provocada pela pandemia, e tal como o PCTP/MRPP sempre denunciou, fica mais uma vez a nu o que é efectivamente o projecto de coesão europeu.

    Torna-se repugnante que o primeiro-ministro Costa recorra à mais pura das demagogias para atacar comportamentos desta natureza, como sendo contrários ao espírito europeu e contributos para o desmantelar da unidade europeia.

    Sempre o dissemos. A União Europeia e, sobretudo, o euro, são tenazes que esmagam os interesses de Portugal e de outros países do sul da Europa, elos fracos da cadeia capitalista e imperialista europeia. É notório que os países e burguesias que mais beneficiaram desta união e desta moeda são, precisamente, aqueles que agora se opõem em participar num esforço conjunto e solidário para combater a pandemia.
    Nada de novo, portanto! Com o apelo a uma “União Nacional Antiviral”, Costa pretende escamotear que a União Europeia nunca foi um espaço de convergência ou de solidariedade entre povos. Antes pelo contrário. Foi sempre um espaço em que, com a Alemanha à cabeça, as nações com maior poder económico, financeiro e industrial, impuseram uma divisão de trabalho europeia que melhor serve os seus interesses.
    E, o resultado está à vista. A burguesia portuguesa – de que Costa é um lídimo representante – aceitou destruir o tecido produtivo, delegando na Alemanha o papel de motor da indústria europeia e na França o papel de fornecedor de produtos agrícolas do continente europeu. Ao mesmo tempo, Costa representa esse sector da burguesia nacional que aceitou o papel de criado de libré – a que chama pomposamente turismo – para os trabalhadores portugueses. E aqui temos a grande diferença, sendo a Alemanha o quinto país com mais casos no mundo, poucos alemães morrem do vírus, porque a Alemanha investiu na aplicação de testes que produz, assim como ventiladores. Enquanto isso, Portugal se precisar de ventiladores, só poderá contar com ventiladores alemães lá para o mês de Junho. É repugnante? É. Constitui uma surpresa? Claro que não!

    A precariedade, o desemprego, os baixos salários, são tudo consequências dessa política vende-pátrias levada a cabo por PS e PSD, com as muletas do PCP/BE/Verdes/PAN e CDS/PP, que nunca indignaram aqueles que agora se dispõem a formar uma santa união nacional antiviral.
    A burguesia só entende uma linguagem: aquela que lhe vai ao bolso.

    Está provado, pelos exemplos da Coreia do Sul, Taiwan, Macau, China, a própria Alemanha, que a aplicação de testes e o recurso a material de protecção, pode salvar muitas vidas e travar a pandemia. É necessário e urgente tomar medidas.
    Para além da exigência da criação de uma rede integrada de saúde – com a requisição de todos os recursos, humanos e materiais, públicos e privados – coordenados e geridos pela DGS, de forma a assegurar os cuidados de saúde necessários a todos aqueles que a ela têm de recorrer, os operários e os trabalhadores portugueses devem opor a esta “União Nacional Antiviral” a unidade e a luta pelo encerramento de todos os locais de trabalho, – com o pagamento integral dos salários – salvo aqueles que asseguram a resposta de saúde à actual crise pandémica, a aplicação de testes a todos (sintomáticos e assintomáticos) os que são obrigados a trabalhar para manterem os serviços mínimos.

    O Governo tem de ter uma estratégia, tem de conhecer com rigor os meios e recursos que o País possui e ter a capacidade de planear, reconvertendo, se for necessário, fábricas para produzirem material médico e de protecção. E não, não é verdade que “até à data não faltou nada, nem se prevê que venha a faltar!! E já agora, em época de férias de Páscoa, haverá alguma razão para se decidir que não haverá controlo, relativamente aos estrangeiros que entram em Portugal?

    Há que salvar vidas em vez de dividendos que só servem para engordar os lucros da burguesia, nesta crise que se vai estender por tempo ainda indeterminado.

    • JgMenos says:

      A tenaz do euro é a chave de acesso aos mercados da UE.
      Todo o tadinho que reclama contra o euro havria de lhe ser cometido o encargo de buscar rendimento no que conseguisse vender para esse mercado.
      Disso não querem ouvir falar; só reclamam ajudas para manter a ronceirice de tadinhos.

      • Paulo Marques says:

        Alguém que explique isso à Polónia, Suécia, Noruega, Suíça, Reino Unido e por aí adiante a falta que lhes faz a chave.

  2. esteves ayres says:

    O Grande Projecto Europeu e a União Nacional Antiviral
    Soaram trompetas patrióticas quando, na conferência de imprensa, que se seguiu à reuniao do Conselho Europeu (constituido por 27 Chefes de Estado e de Governo), de dia 24 de Março, levado a cabo por tele-conferência, Costa considerou repugnantes as posições assumidas pelo ministro das finanças holandês – Wopke Hoekstra –, mais tarde acolhidas pelo primeiro-ministro daquele país – Mark Rutte – declarações que mais não fazem do que replicar as posições da Alemanha e da chanceler Merkel.
    Dando voz e expressão ao que o cinismo pragmático das burguesias da Europa do Norte, nomeadamente da Finlândia, defendem abertamente, o ministro das Finanças holandês, questionara as razões pelas quais a Espanha e a Itália – chegará a vez de Portugal – não conseguiram constituir reservas para enfrentar a presente crise, pedindo inclusivamente à União Europeia que investigue estes países.
    Por seu lado, no Conselho Europeu, a Holanda, agora chamada de Países Baixos, e mais três países do norte da Europa, entre os quais a já citada Alemanha, opõem-se à solução eurobonds – ou, na versão saloia de Costa e seus pares de centenobonds – para fazer face à dívida cujo crescendo exponencial se adivinha, argumentando, curiosamente, o que Costa também já dissera: “não é sensato gastar todas as armas”, defendendo que só em último recurso se deve recorrer ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). E, assim, perante a enorme crise sanitária e social provocada pela pandemia, e tal como o PCTP/MRPP sempre denunciou, fica mais uma vez a nu o que é efectivamente o projecto de coesão europeu.
    Torna-se repugnante que o primeiro-ministro Costa recorra à mais pura das demagogias para atacar comportamentos desta natureza, como sendo contrários ao espírito europeu e contributos para o desmantelar da unidade europeia.
    Sempre o dissemos. A União Europeia e, sobretudo, o euro, são tenazes que esmagam os interesses de Portugal e de outros países do sul da Europa, elos fracos da cadeia capitalista e imperialista europeia. É notório que os países e burguesias que mais beneficiaram desta união e desta moeda são, precisamente, aqueles que agora se opõem em participar num esforço conjunto e solidário para combater a pandemia.
    Nada de novo, portanto! Com o apelo a uma “União Nacional Antiviral”, Costa pretende escamotear que a União Europeia nunca foi um espaço de convergência ou de solidariedade entre povos. Antes pelo contrário. Foi sempre um espaço em que, com a Alemanha à cabeça, as nações com maior poder económico, financeiro e industrial, impuseram uma divisão de trabalho europeia que melhor serve os seus interesses.
    E, o resultado está à vista. A burguesia portuguesa – de que Costa é um lídimo representante – aceitou destruir o tecido produtivo, delegando na Alemanha o papel de motor da indústria europeia e na França o papel de fornecedor de produtos agrícolas do continente europeu. Ao mesmo tempo, Costa representa esse sector da burguesia nacional que aceitou o papel de criado de libré – a que chama pomposamente turismo – para os trabalhadores portugueses. E aqui temos a grande diferença, sendo a Alemanha o quinto país com mais casos no mundo, poucos alemães morrem do vírus, porque a Alemanha investiu na aplicação de testes que produz, assim como ventiladores. Enquanto isso, Portugal se precisar de ventiladores, só poderá contar com ventiladores alemães lá para o mês de Junho. É repugnante? É. Constitui uma surpresa? Claro que não!
    A precariedade, o desemprego, os baixos salários, são tudo consequências dessa política vende-pátrias levada a cabo por PS e PSD, com as muletas do PCP/BE/Verdes/PAN e CDS/PP, que nunca indignaram aqueles que agora se dispõem a formar uma santa união nacional antiviral.
    A burguesia só entende uma linguagem: aquela que lhe vai ao bolso.

    Está provado, pelos exemplos da Coreia do Sul, Taiwan, Macau, China, a própria Alemanha, que a aplicação de testes e o recurso a material de protecção, pode salvar muitas vidas e travar a pandemia. É necessário e urgente tomar medidas.
    Para além da exigência da criação de uma rede integrada de saúde – com a requisição de todos os recursos, humanos e materiais, públicos e privados – coordenados e geridos pela DGS, de forma a assegurar os cuidados de saúde necessários a todos aqueles que a ela têm de recorrer, os operários e os trabalhadores portugueses devem opor a esta “União Nacional Antiviral” a unidade e a luta pelo encerramento de todos os locais de trabalho, – com o pagamento integral dos salários – salvo aqueles que asseguram a resposta de saúde à actual crise pandémica, a aplicação de testes a todos (sintomáticos e assintomáticos) os que são obrigados a trabalhar para manterem os serviços mínimos.
    O Governo tem de ter uma estratégia, tem de conhecer com rigor os meios e recursos que o País possui e ter a capacidade de planear, reconvertendo, se for necessário, fábricas para produzirem material médico e de protecção. E não, não é verdade que “até à data não faltou nada, nem se prevê que venha a faltar!! E já agora, em época de férias de Páscoa, haverá alguma razão para se decidir que não haverá controlo, relativamente aos estrangeiros que entram em Portugal?
    Há que salvar vidas em vez de dividendos que só servem para engordar os lucros da burguesia, nesta crise que se vai estender por tempo ainda indeterminado.
    28Mar2020


  3. Felicito o autor do post e este seu excelente texto/análise, esteves ayres , . e com sua autorização vou divulgar como sendo importante as pessoas de boa vontade tomarem conhecimento e consciência e acção cívica .
    Acrescento algo pensado somente para que se tome consciência e acção, porque corresponde a outro aspecto desta séria situação a que chegámos , outro aspecto real a que basta e é preciso estarmos atentos :

    O Planeta já agradece menos poluição, e os senhores do mundo e políticos causadores disto tudo que reconheçam o mal que nos fizeram ! tá provado !!!

    Pelo menos essa vantagem de o planeta, independentemente do bicho homem, estar a beneficiar desde já com esta paragem abrupta das emissões é um efeito positivo disto tudo. No fundo foi um veemente basta da natureza a todas as barbáries que estavam em curso…

    Quando isto amainar os nossos lideres (e nós todos a exigir, claro), vamos ter uma oportunidade única e derradeira, de por tudo em questão e duma vez por todas acabar com os excessos demenciais do capitalismo selvagem, da ganancia, do consumismo desenfreado, do turismo massivo e insustentável, do crescimento exponencial da população, da destruição de habitats onde, entre outras coisas se vão buscar animais selvagens donde nunca deveriam ser saído, etc, etc

    • Paulo Marques says:

      Como vem hoje no Público, não se foi lá buscar animais, esses ficaram onde estavam enquanto chegavam as pessoas.

    • JgMenos says:

      Num país em que a dívida se mede em percentagem do rendimento, será uma surpresa para muita gente verificar qual a percentagem da despesa indispensável para o seu rendimento nominal.

      Tudo o mais são pela maior parte aquelas coisas que afligem a Isabel, defensora da natureza e inimiga do consumismo e do emprego que ele cria

      • Paulo Marques says:

        Pois, como se sabe, noutros lados mede-se a dívida em percentagem de bonés. E o consumismo não leva a maior dívida e défice de balança comercial.
        Um prémio nobel da economia para o Menos.

  4. Paulo Marques says:

    “Para a minha geração foi, sobretudo, um dado adquirido que primeiro se estranhou e depois se entranhou.”

    E depois percebeu-se, uns melhor, outros pior, quais eram os custos. Porreiro, pode-se ir a Espanha, não se tem é para onde voltar porque não há espaço para portugueses.
    Estar preparado sem défice? Sendo ilegal investir na produção nacional (a menos que se chame Volkswagen)? Costa pode falar o que quiser, ninguém o ouve, até boa parte do país acha que é pedinchice. Está na hora de pagar o preço de meter o socialismo na gaveta para sonhar com pelotões da frente que cantam. O pior é que não há suplente, por várias e diferentes razões.

    • Anonimo says:

      “Está na hora de pagar o preço de meter o socialismo na gaveta para sonhar com pelotões da frente que cantam.”

      Claro podiamos hoje felizmente ser uma Venezuela e por causa destes bandidos temos pessoas fechadas em casa por causa di virus da china e que se lamentam porque não podem fazer exercicio e por isso vão “ENGORDAR” , sim “ENGORDAR”. E depois dizem mal do Capitalismo, claro de barriga cheia …

      Anónimo

      • Paulo Marques says:

        Se acha que são essas as opções, pode juntar-se a Costa ou Rio e ao seu desejo de continuar a política de empobrecimento permanente.
        E sim, engordar é sinal que se tem uma boa dieta, pois claro.

  5. Paulek says:

    … ou como diz em título de crónica recente Viriato Soromenho Marques “A UE nos cuidados intensivos”.
    Agora uma coisa é certa: toda a gente sabe o regabofe em que os portugueses gastaram o dinheiro dos fundos comunitários e não há concerteza já grande pachorra para continuar a apoiar quem só se deixa governar pelo tal turismo, Altices e afins, tachos em tudo o que é Administração Pública, autarquias e acesso fechado ao cidadão comum, etc…
    E todos sabemos como vamos e estamos no mesmo barco, mas já estou “como diz o outro”: é preciso é saber remar.
    E viva a grande família do PS, mãe do grande pai da democracia nacional, faz de conta, faz…
    Vivi e trabalhei 2,5 anos na Holanda. É um país espectacular. Não tem nada a ver. Não são racistas, pagam a tempo e horas e de facto não tenho a menor razão de queixa. Como é sempre a direito, é uma curtição andar naquela cultura da bicicleta – semáforos para os peões, para os ciclistas e para os automobilistas (“enlatados”) em cada passadeira. Têm um defeito que não aprecio: gostam da porcaria do futebol que até parecem os portugas, mas se calhar lá o ambiente futebolístico também será diferente….
    E oxalá ninguém descubra por lá que os juízes portugueses e restantes magistraturas tiveram ainda o ano passado 700 euros de aumento no seu singelo salário. Realmente parece que jogamos noutro campeonato. Depois ainda há quem se admire com a educação dos liberais da europa do norte e do centro…
    Quanto ao Eurogrupo ninguém nos obrigou a aderir. Ponto.

    • Filipe Bastos says:

      A Holanda é realmente melhor em várias coisas; a começar pela classe política. O exemplo vem de cima.

      Com a classe pulhítica que temos, só por milagre Portugal poderia não ser a bandalheira corrupta que é. A chulice, o compadrio, a impunidade destes pseudo-representantes, tudo isto nos arrasta para baixo.

      Mas a Holanda não é só organização e mérito. Também mama nos impostos dos outros. É como o Luxemburgo, a Irlanda ou a mui respeitável Suíça: offshores com outro nome. Mamadores sem vergonha.

      • Paulek says:

        Há mais duma porrada d’anos que Portugal vem sendo chamado à atenção e legalidade europeia para acabar com a roubalheira do IA – Imposto Automóvel, na importação de carros usados. Quem cumpre as leis??? Homem: são todos iguais; resquícios de culturas – políticas colonialistas / imperialistas. A monarquia holandesa, por exemplo, deu a independência à sua colónia Suriname no dia 25 de Novembro de 1975. Entre nós, a regionalização anda em bolandas, o municipalismo é uma merda. Viva a grande família do PS.

        • anticarneiros says:

          Bem me parecia que tinha eras apoiante do Partido do Marcelo Caetano recauchutado

    • Paulo Marques says:

      Racismo no país de criou o Apartheid e a industria de diamentes? Opá, nunca. Podia lá ser.
      Quanto aos fundos europeus, até parece que são um suborno com controles mínimos para comprar adesão política a um desastre que nos obrigou a depender do turismo e a vender tudo ao desbarato. Pode lá ser.

  6. Julio Rolo Santos says:

    Temos de procurar no país os recursos essenciais para fazer face ao vírus importado da China e não nos voltarmos para o exterior. São milhões de euros que saiem do país pue, para uma economia em suspenso, não faz o mínimo sentido. No país há, certamente, fábricas que podem ser reconvertida para poderem produzir os produtos em falta para combater o virus, como sejam, material de proteção, testes e ventiladores, já que o que produzem atualmente está em suspenso por falta de procura. O nosso governo tem de ser mais inteligente e, em vez de criticar os países que se estão nas tintas para nos ajudarem deve antes desconfiar deles de que ainda nos querem explorar com o fornecimentos destes materiais em falta. Temos de reconhecer de que ninguém dá nada a ninguém e já devíamos estar escaldados com o exemplo de crises anteriores em que os nossos melhores ” amigos” foram os que mais nos roubaram. É tempo de acordarmos para a vida porque, se assim não for, estamos tramados e não haverá dinheiro nem mantimentos para ninguém e vamos, inevitavelmente, voltar aos temos da candonga.

    • Paulo Marques says:

      E se Bruxelas manda que não se pode pagar pela produção, faz-se o quê?

  7. JgMenos says:

    Sempre me parece um jogo viciado esta história da solidariedade europaia que é de uso ser transformada em choradinho.

    • Paulo Marques says:

      Já termos que pagar a falência da banca alemã por maus investimentos não é choradinho, é cuidar dos menos afortunados.

  8. JgMenos says:

    O projecto europeu começou por ser um acordo comercial.
    Progrediu para ser um mercado livre.
    Acresceu-lhe a liberdade de circulação de pessoas.
    E quando se lhe acresceu a solidariedade esta foi limitada a contribuintes líquidos e beneficiários líquidos.
    E somos desde sempre beneficiários líquidos.

    A partir daqui só se houve proclamar o direito democrático de fazermos o que nos dá na gana, e dando para o torto logo vem a treta da solidariedade europeia!

    Se o holandês nos manda dar uma curva está no seu pleno direito!

    • Paulek says:

      Oh Sr. JgMenos, não me diga que não concorda que para efeitos de defesa e ataque ao Covid 19 a dívida não tem de ser mutualizada! Parece-me da mais elementar justiça que todos os países se financiem com taxas iguais.

      • abaixoapadralhada says:

        O JGMenos só concorda com o que Salazar dizia. Como o Botas já morreu há 50 anos esta desnorteado

    • Paulo Marques says:

      Mercados tão livres que precisam de uma carrada de papel a dar poder aos estados para que garantam as condições em que existem à força. Um verdadeiro estado natural.
      Só somos beneficiários ignorando os efeitos da balança comercial a que os tratados obriga. E a “real gana” foi fazer aquilo que a Troika ditou sem assumir os custos de coisa nenhuma, para agora dizer que fizemos mal sem assumir a sua responsabilidade por um qualquer Menos lá do sítio.
      Paga tu, a política é tua.

  9. Miguel Martel says:

    O que diz, só confirma a farsa que é a UE…, solidariedade é pura hipocrisia e só funciona num sentido…, da periferia Sul para o Centro da União Soviética Europeia, sediada em Berlim. O/a fuher estão vencendo!

  10. Luís Lavoura says:

    Este post fala da EDP de uma forma totalmente disparatada.

    A EDP atualmente não é a produtora dominante de eletricidade em Portugal. É a comercializadora dominante, mas muita da produção é feita por empresas estrangeiras, e por empresas privadas portuguesas no caso do solar e do eólico.

    A EDP é atualmente uma empresa internacional de energia, que até tem mais interesse nos seus investimentos nos EUA, por exemplo, do que em Portugal.

    Dizer que a EDP deve voltar a ser aquilo que foi no tempo de Vasco Gonçalves é perfeitamente anacrónico.