E se houvesse um dia no ano em que pudéssemos visitar os nossos mortos e encontrá-los vivos? Partiríamos de comboio (vem-me à memória a viagem que fazem os sul-coreanos para visitar parentes e amigos na Coreia do Norte) rumo ao lugar deles, que eu gostaria de imaginar que fosse um bosque de carvalhos e tílias, mas apenas consigo ver um bloco de edifícios de traça austera, funcional, um lugar com longos corredores e salas pequenas, com uma única janela e um aquecedor de parede, e onde nos esperariam, à janela, os nossos mortos, sempre no mesmo dia, uma vez por ano. Ficaríamos todos juntos, cada um no seu cantinho da sala, famílias e amigos, num mesmo espaço partilhado, como nos hospitais e nas cadeias, a ouvir a conversa uns dos outros, a lamentar os que desperdiçam o dia discutindo e os que nada têm para dizer. [Read more…]
O capitalismo em tempos de corona
Foto: EPA (via Rádio Renascença)
Os Estados Unidos conseguiram a proeza de eleger Donald Trump presidente. Desde então, as proezas sucedem-se. De Trump já vimos quase tudo aquilo que não esperamos de alguém que dirige uma democracia ocidental. O racismo, a normalização do racismo e o elogio dos racistas. A xenofobia, a demonização do emigrante e o muro. A ignorância, a negação da ciência e as notícias falsas. A boçalidade, a falta de escrúpulos e ausência de uma espinha dorsal. A chantagem, a trafulhice empresarial e a corrupção. Nenhum dos seus antecessores ousou ir tão longe. [Read more…]
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Aos fazedores de opinião: vendo imagens das minhas estantes para cenário de entrevistas na tv.
Bom preço.
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