Ainda o Montijo

Num artigo que tresanda a spin para justificar a opção do governo, fica logo claro porque é que Montijo foi escolhido.

Mesmo descontando perdas motivadas pelos anos a mais que demorará a obra, o custo extra de uma infraestrutura construída de raiz, no caso, em Alcochete, ascende a 6 mil milhões de euros. É o quíntuplo do valor que a ANA Aeroportos se comprometeu a investir até 2028 na reconversão da infraestrutura do Montijo e melhoramento e expansão da Portela. O custo de Alcochete ascenderia a 7,6 mil milhões – cujo custo iria necessariamente recair, ao menos em parte, sobre os contribuintes -, em vez dos 1,5 mil milhões no Montijo, assegurado pela ANA e financiado pelas taxas aeroportuárias. [DN]

“que a ANA Aeroportos se comprometeu a investir até 2028”

Esta é a chave para a decisão.

O governo de Passos Coelho ofereceu os aeroportos à Vinci por um preço simbólico, com uma concessão de meio século e com blindagem quanto ao futuro aeroporto. O governo de António Costa em vez de zelar pelo interesse de todos, deu continuação a um contrato favorável à Vinci.

A opção Montijo não foi tomada com base na escolha do melhor local mas sim onde é que dava para fazer alguma coisa com o que a ANA estava disposta a investir e onde esta concordaria investir.

Agora lança-se o medo (“cujo custo iria necessariamente recair, ao menos em parte, sobre os contribuintes”) mas é de fazer um pequeno reparo. Quem é que assinou esta porcaria de contrato? Pois é, senhores Passos Coelho e António Costa!

Depois de mais de 50 anos de estudos e de opções, o governo de Costa prepara-se avançar com uma obra com estudos de impacto ambiental sem os requisitos legais cumpridos e onde “a opção pelo Montijo aumentaria a utilização da Ponte Vasco da Gama, o que, para além de gerar lucros acrescidos à Lusoponte/Vinci, iria justificar, no futuro, a construção de uma nova ponte para Lisboa (terceira travessia do Tejo — TTT), a qual, ao abrigo do contrato de concessão, seria atribuída também à Lusoponte/Vinci“.

António “reposições” Costa tem a sua dose de responsabilidade, mas sublinhe-se que tudo este esquema foi engendrado pelo governo de Passos “além da troika” Coelho, com Cavaco “têm que nascer duas vezes para serem tão honestos como eu” Silva como presidente que nada viu.

Fica claro porque quer o governo remover a possibilidade de os municípios vetarem a localização do aeroporto. Há demasiado em jogo para a Vinci!

Outra questão é se a dinâmica pré-pandemia regressará ou se um novo aeroporto servirá apenas para partilhar as moscas com o elefante branco de Beja. A questão não é académica, apesar de algum optimismo na indústria.

Comments


  1. Falas muito, mas não dizes nada !
    Não sabes que quem manda nesta me…rda é o grupo da massa ?

  2. JgMenos says:

    2028?
    O contrato daria 16 anos para organizar um projecto, e dos 13 que a geringonça tinha já desperdiçou mais de metade.

  3. JgMenos says:

    “Privatização da ANA reduz dívida pública em mil milhões”

    • Paulo Marques says:

      Também os CTT, a EDP, as PPP, o Novo Banco, os SWAP, a TAP, a PT. É fácil quando não se contam as cláusulas a pagar no futuro, ou o impacto dos monopólios, e que tantas portas põem a girar. Não melhoram é nada na economia, além da contabilidade temporária.

    • Filipe Bastos says:

      Boa! Só faltam duzentos e sessenta mil. Como planeia pagá-los sem emitir moeda… e após vender o que ainda dava lucro?

  4. João Mendes says:

    Central block business as usual.

  5. Filipe Bastos says:

    Isto do Montijo devia ser bastante para pormos uma forca em São Bento. E outra à frente do Paralamento.

    Claro que não teriam uso. Era só decorativo. Um alerta amigável.

    • Paulo Marques says:

      Resta saber quem sobrevivia. Com os critérios do Filipe, na versão francesa ficou um quarto de milhão pelo caminho, para ir dar a um ditador. A versão Estalinista também não se recomenda.