Moedas, family & friends

Há dias escrevi aqui que Carlos Moedas foi uma boa escolha de Rui Rio para a CM de Lisboa. Uma escolha forte e agregadora. Continuo convencido disso. E a quantidade de partidos que o apoiam parece confirmar a ideia, pelo menos no que ao factor agregador diz respeito: CDS, Aliança, MPT, PPM e até o RIR, do antigo autarca socialista e ex-candidato presidencial, Vitorino Silva, a.k.a Tino de Rans. Só falta a IL. Parece que o Chega foi pré-excluído por Moedas. Tem o meu respeito por isso.

Depois fui confrontado com um:

  • Mas tu sabes quem é Carlos Moedas?

Não o conheço, claro está, mas sei umas coisas. Lembro-me do tempo em que era o Secretário de Estado Adjunto de Pedro Passos Coelho, e um dos responsáveis por acompanhar o takeover da Troika. Um dos homens por trás da máxima “ir além da Troika”. Um político que, antes de chegar ao governo, esteve no Deutsche e no Goldman Sachs, dois dos beneficiários da desnecessária privatização dos CTT, com os resultados que se conhecem. Os CTT que, anos mais tarde, convidaram Celine Abecassis-Moedas para a administração da empresa.

Quem?

Exactamente: a esposa de Carlos Moedas.

Por isso sim, sei umas coisas sobre Carlos Moedas. Mas isso não invalida que seja um dos nomes mais fortes que o PSD poderia avançar, mais ainda se considerarmos o período particularmente delicado que o partido atravessa. Pese embora o mau arranque, com a péssima (e desnecessária) encenação do “sonho” e do “projecto de vida” de vir um dia a presidir à CM de Lisboa. Consegui visualizar o jovem Carlos, num banco do liceu de Beja, a sonhar com o dia em que entrava pelos Pacos do Concelho de Lisboa, com o colar ao pescoço. Não havia necessidade…

*

P.S. Estou particularmente curioso para saber se a IL alinha na coligação de direita, encabeçada por Moedas. Se fosse socialista, certamente teria direito a um cartaz @comPrimos. A ver vamos, se isto é uma questão de primos. Ou de socialismos.

Comments

  1. JgMenos says:

    Já está claro por onde a esquerdalhada vai acerca do Moedas e da mulher nos CTT.

    Pôr os parentes nas empresas públicas é muito reputada prática de esquerda, mas logo se levantam suspeitas as mais graves se os parentes vão parar a empresas privadas.

    Certo é que é do interesse das empresas privadas de alguma dimensão ter na administração, ou em qualquer outro lugar, quem tenha acesso a prestar e obter informação por canais que evitem a infernal teia burocrática do Estado, mormente se houver risco de tropeços ideológicos.
    No caso, empresa pública privatizada tem cem cães assanhados para lhe destinarem o insucesso.

    • Paulo Marques says:

      Claro, podiam lá ser contrapartidas e para acesso privilegiado a discussões internas sobre negociações! Nunca! Há que ultrapassar a burocracia de o estado saber o que compra!
      E, não, por os parentes nas administrações também não é aceitável.

  2. POIS! says:

    Realmente a IL não alinhou. Mas não creio que fosse por motivos de grandes diferenças políticas.

    Um partido que se quer afirmar e que está a subir nas sondagens só trocaria uma candidatura autónoma por lugares certos de eleição. Ora, a coligação já está demasiado “preenchida” para alguém ceder lugares elegíveis.

    Senão veja-se: o CDS já prescindiu de indicar o primeiro candidato o que, em situação normal., seria prerrogativa sua. Por isso, os seguintes serão previsivelmente ordenados, no mínimo, paritariamente (o CDS, atualmente tem o dobro (4) dos vereadores do PSD (2)). O CDS não irá, certamente, abdicar de um lugar elegível para entrar a IL. O PSD, direi eu, muito menos.

    E na Assembleia Municipal? Aí seria mais fácil? Pois não sei, mas duvido. A multidão de “pequenos” parceiros de coligação quererá o seu lugarzito. A IL arriscava-se a ser misturada com eles e a ficar reduzida a representação simbólica.

    Sendo assim é muito mais inteligente apresentar-se em solitário. Com 17 vereadores a eleger, o método de Hondt é amigo: em Lisboa 5,88 por cento dos votos dão para garantir um. Mas nem é preciso tanto: nas últimas autárquicas o último vereador (o segundo do PCP) foi eleito com o coeficiente 12055, o que corresponde a 4,98% dos votos expressos, que são os únicos que contam.

    O problema da IL, tal como o do Bloco e do PCP é o de a bipolarização poder acentuar-se, entrando-se no jogo do voto útil. Nas autárquicas esse fator tende a acentuar-se já que a possibilidade de “compensar” no voto para a Assembleia Municipal tende a “descansar consciências”.

  3. Filipe Bastos says:

    Quem é Carlos Moedas? Simples. É um lacaio de mamões. Um lacaio menor que aspira a ser um lacaio maior – um Mordomo Burroso. Vai no bom caminho.

    E ao contrário do calhau Barroso, esse ícone do Príncipio de Peter, não é um mero fantoche pulhítico. Moedas, tal como como o mui incensado Paulo Macedo, é um tipo aplicado e competente, um bom funcionário. Um bom capataz.

    É o tipo de tecnocrata para quem é indiferente gerir um banco, um hospital ou um campo de concentração. Lá estará todos os dias sentadinho a garantir que os comboios correm a horas.

    Claro que isso não é política. E a treta do ‘sonho de menino’ mostra como se adaptou à pulhítica. Tomou o gosto à teta, o Moedas.

  4. Albino Manuel says:

    Dizem que Demóstenes andava por Atenas de lanterna à procura de um homem honesto. Aconselho o João Mendes a correr Beja de lanterna e gravador à procura de quem fale como aquele boneco de plástico. Nem deve comer açorda. Talvez salmão fumado com a goela meio aberta para não parecer mal.
    Quem renega os seus nega os outros e não mererce que se perca tempo com ele.

    • Paulo Marques says:

      Para quem tanto se preocupa com o nepotismo, preocupando-se com o primo do genro que no caso da maior parte das pessoas nem conhecem, desprezar a contratação de alguém com quem se dorme é obra.

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