Citações: O Liberalismo explicado às criancinhas…

…porque aos mal intencionados não vale a pena.

Se é fácil demonstrar a impostura do primeiro-ministro, é mais complicado alertar o país para a mensagem distorcida que está a receber de muitas outras fontes sobre os fundamentos e objetivos do liberalismo. Se em Portugal os liberais são um fenómeno novo, o mesmo não acontece em muitos outros países, precisamente aqueles com superiores níveis de progresso económico e liberdade individual. É então importante que se compreenda e apreenda que os liberais não são contra a existência do Estado. Apenas procuram que o Estado seja capaz e eficiente nas suas funções centrais e que se procure imiscuir daquelas que não deveriam ser as suas incumbências. Aqui sim, está o cerne da questão: quais são as áreas em que o Estado deve efetivamente colocar a sua atenção? Peguemos em alguns exemplos drásticos, onde suponho que praticamente todos os portugueses concordarão: Na defesa nacional, desde o PCP até ao Chega, nunca vi uma única pessoa a defender que Portugal substituísse o seu exército por mercenários. Todos consideramos que é uma função central do Estado e que deve ser este a garantir a defesa do país, incluindo a contratação dos meios e recursos humanos necessários para o fazer. No seu oposto, todos os partidos aceitam a ideia de que os cabeleireiros devem ser privados. Embora seja um serviço importante para todos, não é, no entanto, uma função do Estado e só mesmo o mais soviético e obsoleto dos comunistas poderia defender tal interferência do poder político na economia, na liberdade individual e, literalmente, na cabeça das pessoas. Entre estes dois casos mais óbvios temos um infinito número de negócios, necessidades, gostos e vontades que em geral podem e devem ser satisfeitos pelo mercado em si, onde este conseguir responder adequadamente às necessidades do país.

Comments

  1. POIS! says:

    Pois fiquei deveras surpreendido!

    Quando segui o “link”. Estava á espera que o autor fosse francês. Um tal La Palisse, um conhecido liberal-mosqueteiro, também conhecido como Jacques de las Chabanes.

    • POIS! says:

      Embora eu defenda, por razões muito liberais e tal, a privatização das Forças Armadas e a nacionalização dos cabeleireiros.

      Sim, porque uma coisa que preocupa qualquer liberal é a ineficiência. Por que razão deve existir uma coisa enorme de gajos fardados com bonés e tudo, que vivem dos nossos impostos, se há décadas não matam nenhum espanhol?

      E, quanto aos cabeleireiros, a nacionalização impõe-se para que se possa regular a proliferação de penteados, evitando-se sobretudo carapinhas e térerés que são uma provocação à nossa cultura e aos nossos ancestrais costumes!

      E também porque se os funcionários do Estado, como denunciam destacados liberais, passam os seus dias lá nos salões, haveria toda a vantagem em tornar os industriais do cabelo funcionários públicos.

  2. António Sequeira says:

    Bastante esclarecedor, sobretudo por aquilo que não diz.

  3. Vaz Silva says:

    Tal como um ateu, quando está aflito, grita por Nossa Senhora, um liberal grita pelo governo.
    Aliás, depois de “acho” não deve haver palavra mais pronunciada neste pais nos últimos tempos do que “governo”.
    Sugiro que repesquem a recente intervenção do Cotrim Figueiredo no parlamento a questionar o Ministro das Finanças.

  4. Filipe Bastos says:

    O post são realmente lapalissadas, mas o artigo linkado vai ao tema: a TAP. Este governo já lá enterrou e vai enterrar muitos milhares de milhões, que tanta falta fazem para outras coisas.

    Um bom exemplo de abuso de poder, de uma decisão grave tomada à revelia dos eleitores, dos contribuintes, de toda a população, por uma classe pulhítica – e sucateira – que faz o que lhe dá na gana.

    E isto antes de discutir em que áreas o Estado deve ou não intervir; sejam quais forem, é absurdo e obsceno que um governo possa assim enterrar um país sem qualquer validação democrática.

    Infelizmente, é a norma: assim fazem todos os governos. É lembrar os ‘desígnios nacionais’ do 44, as PPP criminosas, as privatizações de Passos… crimes lesa-pátria que ficam impunes.

    Democracia? Bardamerda.

  5. Paulo Marques says:

    Portanto, o liberalismo é qualquer coisa entre aquilo que ninguém quer, e o oposto que ninguém quer.Estou esclarecido.

    • POIS! says:

      Tem toda a razão!

      E a prova disso é que a única coisa comum nos discursos dos nossos liberais é a expressão “eu não quero(…)”. A partir daqui já se notam umas certas diferenças.

  6. “Um infinito nº de negócios que podem e devem ser satisfeitos pelo mercado”. A Banca é certamente um deles, para poder assaltar países inteiros à conta do “Urso”. O Big Pharma é outro, para com as suas patentes reforçadas (vivó mercadinho), poder chantagear e esmifrar fortunas aos submissos governos. Realmente, nada como o mercado para resolver os nossos problemas. Os EUA que o digam.
    Porque será?????

    • Paulo Marques says:

      Um indivíduo economicamente liberal poderia dizer-lhe que o problema é serem demasiado grandes para falhar ou sequer ser regulados. Um liberal dos que temos diria que surgirá outro que faça melhor, porque forças monopolistas é ficção. Mesmo que se espatife, outro surgirá das cinzas com rapidez suficiente para continuarmos a ter sociedade.
      Por alguma razão, muito pouca gente leva a última opção a sério.

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