Em 2010, Pedro Passos Coelho publicou um livro intitulado “Mudar”. Nessa altura muitos acreditaram e apoiaram de forma inequívoca a sua candidatura a líder do PSD e, mais tarde, a Primeiro Ministro de Portugal. Eu fui um deles.
Nesses anos, a blogosfera era muito forte e era normal que os lideres políticos dos principais partidos reunissem com diferentes bloggers para explicar as suas ideias e, simultaneamente, ouvir a dos blogues. Tornaram-se comuns os “jantares com bloggers” e foi dessa forma que conheci Pedro Passos Coelho. Não concordava com tudo – as nossas diferenças na questão, entre outras, da Regionalização eram profundas. A sintonia existia, sobretudo, na sua visão liberal nos costumes e em parte da sua visão liberal para a economia. O resto é história.
Ontem, surpreendentemente, pelo menos para mim, ouvi incrédulo parte da sua intervenção na apresentação de um livro. Um livro com um enorme cheiro a mofo. Não escondo que a sua última intervenção no Algarve já me tinha deixado desconfortável mas, inocência minha, pensei que era uma “coisa” combinada com Montenegro para piscar o olho ao eleitorado do Chega que, como se viu, era forte no Algarve. Afinal, não. O seu discurso ontem confirmou que este Pedro Passos Coelho já não é o mesmo que escreveu “Mudar”. Mudou. E com essa mudança afasta todos aqueles que, como eu, são de uma direita que é liberal nos costumes. Aliás, ainda não ouvi a IL pronunciar-se sobre o que aconteceu ontem na apresentação do livro “Identidade e Família”. E a minha pergunta não é inocente: a IL representa uma direita mais liberal que a minha mas que nos costumes é idêntica. E essa direita não se revê, minimamente, naquilo que aconteceu ontem. E a IL já deu a entender que apoiaria uma candidatura de Pedro Passos Coelho a PR. E muitos dos mais importantes lideres da IL foram “passistas”.
Quanto ao tema, a ideia de “família tradicional” que sempre nos venderam é uma “fake news” como a história facilmente ensina. Como diz o outro: “estudassem”…
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