Custo por aluno e os sonhos húmidos dos liberais

O Ministro da Educação comunicou ao país que, de acordo com cálculos do Ministério, o custo por aluno na escolas públicas teve um “brutal aumento”. Ainda acrescentou que isso se devia ao facto de haver mais funcionários e mais docentes (o que estará muito longe da verdade) e de ter havido descongelamento de carreiras, levando a que mais professores tenham chegado ao topo de carreira. Passados alguns dias, o Ministério ainda explicou que o custo por aluno foi alcançado graças a uma conta muito simples (simplista, diria eu): divide-se o orçamento do Ministério pelo número de alunos.

O mundo liberal português, imediatamente, veio logo gritar pelas virtudes do privado, onde o custo será inferior. Pelo meio, lá reapareceram os mitos do cheque-ensino e da liberdade de escolha (como se os colégios obcecados pelos rankings deixassem entrar qualquer aluno, independentemente da quantia). Noutros tempos, coube a Carlos Guimarães Pinto fazer figuras tristes. Desta vez, foi Rui Rocha (mais um da madrassa Insurgente) a disparatar.

Vamos, por momentos, imaginar que o aluno da escola pública fica mais caro que o de qualquer escola privada. Esse dado, só por si, não chega e permitir-nos-ia dizer disparates de natureza contrária ao dos liberais, como, por exemplo, que, por vezes, é preciso gastar mais dinheiro para que um produto tenha mais qualidade. Também poderíamos dizer que o barato sai caro (se nos lembrarmos de que alguns colégios preparam os alunos para exames, sem se preocuparem com a formação integral de cidadãos, a crítica até faz sentido).

Nada de novo ou de especialmente importante, mas as seitas, de vez em quando, fazem prova de vida e, normalmente, fazem-no insistindo em disparates.

Comments

  1. JgMenos says:

    «Vamos, por momentos, imaginar que o aluno da escola pública fica mais caro que o de qualquer escola privada»
    Claro que tudo fica pela imaginação ou por contas simplistas (erradas); saber o custo é proibido na educação, no SNS, em tudo que é público, não vá ameaçar-se o lema de ‘o público é que é bom’.
    Já «a formação integral de cidadãos» está visto que só a escola pública o dá, pela exemplar disciplina, exigência, assiduidade e devoção do professorado; já famílias e privado é uma balda…
    Ele há cada cromo!

    • Anti fascista says:

      JgMenos

      Agora não percebo.

      Um admirador do ditador de Santa Comba, também é apoiante dos Liberais.

      Es capaz de ter razão, farinha do mesmo saco, mas aparentemente diferentes. Aparentemente

      • JgMenos says:

        No tempo do Salazar havia escola pública e privada.
        Os exames eram na pública: 4º, 6º,9º, 11º ano.

        Imagina lá como as criancinhas ficavam tão traumatizadas com tantos exames!!!!

        E era liberal no sentido de que os grunhos não tinham que ter diploma de aproveitamento escolar.

        • POIS! says:

          Pois tá tudo esclarecido!

          O Menos não necessitou de diploma.

          Também não seria fácil atribuir-lhe algum. Ninguém sabia realmente o que lá colocar.

        • António Fernando Nabais says:

          Antigamente é que era bom, não era, meninhos, coisa boa? Tanta coisa boa: o pé descalço, a fominha, a miséria, os meninos que apanhavam com o cinto e não lhes fez mal nenhum. Ai tão bom, o salazarinho do meninhos!

          • JgMenos says:

            Já tens tamanho para evitares fazer-te de cómico, pois acabas fazendo de estúpido.

          • António Fernando Nabais says:

            Ó coisa boa, ficarei muito preocupado quando me considerares inteligente.

        • Paulo Marques says:

          Por isso é que criavam empresas mundialmente conhecidas e eram empregues em qualquer empresa do mundo, tal a qualidade do ensino.

    • António Fernando Nabais says:

      Quem é um liberalóide muito fofo com dificuldades de leitura e muito riquezas do seu aventador, quem é? É o menino menos, pois é!

      • JgMenos says:

        Ignorante!
        Houve um tempo em que o ensino privado era refúgio de calinos e indisciplinados que não se aguentavam no ensino público.
        Hoje é o inverso.

        Só a grunharia que se diz progressista é que tudo cobre com com os chavões em uso e que se resumem num princípio – balda.

        • António Fernando Nabais says:

          Mas, ó grunho do meu coração, tu vives de chavões, filhinho! Como ainda tenho alguns resquícios da caridade que me foi imposta na catequese, vou deixar-te aqui algumas pérolas eventualmente perdidas:

          1 – continua a haver colégios para calinos e indisciplinados;

          2 – há colégios que vendem as notas;

          3 – há colégios com trabalho altamente meritório, sendo que esse mérito pode ser relativizado, tendo em conta o estatuto socioeconómico e sociocultural dos alunos que o frequentam, que não perdem direitos por serem privilegiados, como é evidente;

          4 – ignorante serei sempre, porque está na raiz da humanidade, mas sempre te informo, meu führerzinho das dúzias, que já dei aulas em colégios, a tempo inteiro e a tempo parcial, e conheço histórias luminosas e muito escuras de outros que já lá estiveram e ainda estão. Não serei padre, mas sou pelo menos sacristão – vai ensinar a missa à tua mãezinha!

          Vá, vai lá, que hoje já tiveste muito mais do que aquilo que mereces.

          • JgMenos says:

            Alguém te perguntou alguma coisa?

          • António Fernando Nabais says:

            Eu sei que não sabes, mas, sim, perguntaste. Não precisas de agradecer – é tudo caridade.

    • Paulo Marques says:

      Não é só no público, fofo, mas no privado só interessa o que sai de lucro para alguém; o custo é outra coisa, cheia de efeitos indirectos à entrada e à saída.

  2. antifascista says:

    Menos

    Um saudosista do ditador Salazar a apoiar os liberais ?

  3. Filipe Bastos says:

    Sempre que um post linka a posts mais antigos, sabem o que se nota logo? Como os comentários mudaram. Para pior.

    Nos posts de há alguns anos vêem-se argumentos e debates. Hoje é raro passarem de insultos pueris. Alguns dirão que contribuo para isso ao falar de pulhíticos, chulecos, mamões, etc., mas parece óbvio que o nível dos comentários baixou muito antes disso.

    No post de 2014 linkado pelo Nabais, o CGP disse o também óbvio: sempre que se fala de Educação, seja de gastos ou políticas, os profs são a principal parte interessada, Nabais incluído, logo estranho seria advogarem perder empregos, dinheiro ou regalias.

    Claro que o professor quer poder decidir salário, avaliação, métodos, horários, progressão na carreira e tudo o mais que o afecta. Quem não quer? Só que o umbiguismo das classes em Portugal, em particular de funcionários públicos, garante-nos o resultado: mais, sempre mais. Mais professores, mais dinheiro, mais tudo.

    Só não há mais alunos. A população está a diminuir. Resposta dos professores: não importa. Sou contra a educação privada, mas discutir assim é difícil. Cada classe só olha para si.

    • António Fernando Nabais says:

      O Filipe deve ter-se dado ao trabalho de ler os textos em que tive uma polémica com o Carlos Guimarães Pinto. Para estar a fazer referência a esses textos, é porque os leu. Como certamente os leu com muita atenção (caso contrário, não se atreveria, penso eu, a escrever comentários sobre eles), é, de certeza, menino para deixar aqui duas ou três citações que provem que defendi que o professor deve “poder decidir salário, avaliação, métodos, horários, progressão na carreira e tudo o mais que o afecta”. Mas é que de certezinha que o Filipe, porque leu e porque é uma pessoa honesta, vai deixar aqui citações dessa polémica.
      Quanto ao tom dos comentários, é verdade que o nível baixou, também pela parte que me toca, porque já levo alguns anos a ler comentários desonestos como este e a paciência já não é a mesma.
      Entretanto, é realmente muito estranho que uma classe profissional tenha opiniões sobre a respectiva área profissional. Devemos, aliás, não ler os profissionais, porque são parte interessada e nunca interessante.
      Enquanto espero que o Filipe deixe aqui as citações que lhe pedi, vou-me sentando, derivado às varizes.

    • Filipe Bastos says:

      O Filipe deve ter-se dado ao trabalho de ler…

      Li o post de 15/08/2014 que linkou e os comentários a esse post, Nabais. Nada sei da sua ‘polémica’ com CGP, nem fui ler tudo o que um e outro escreveram ao longo da vida.

      Se os professores não querem “poder decidir salário, avaliação, métodos, horários, progressão na carreira e tudo o mais que os afecta”, olhe que enganam bem. V. talvez não o defenda, mas eu não disse o Nabais, disse ‘o professor’. V. fala por todos?

      Esse papel costuma ser do repulsivo Mário Nogueira: esse sim, um verdadeiro chuleco. A opinião geral sobre a Função Pública já é a que sabe; acha tê-lo durante décadas ajuda?

      Note que estou a anos-luz do liberoca CGP: sim, a Educação deve ser pública e sim, os profs devem ser valorizados. Mas não existem num vácuo; em que país julgam viver? Tal como nos médicos ou nos maquinistas, não se vê preocupação com alunos, pacientes ou utentes, vê-se egoísmo corporativo.

      • António Fernando Nabais says:

        “(…) sempre que se fala de Educação, seja de gastos ou políticas, os profs são a principal parte interessada, Nabais incluído, logo estranho seria advogarem perder empregos, dinheiro ou regalias.” – primeiro comentário

        “(…) mas eu não disse o Nabais, disse ‘o professor’. V. fala por todos?” – segundo comentário

        O resto é treta misturada com generalizações: os professores não coiso, mas enganam bem; o Mário Nogueira é “repulsivo”; há uma “opinião geral” sobre a Função Pública; “não se vê preocupação com alunos, pacientes ou utentes”. Deixe lá, Filipe, eu próprio, às vezes, num café, entre amigalhaços, também digo disparates sobre tudo e mais um par de botas. As caixas de comentários são cafés sem as vantagens de podermos beber umas cervejolas.

        Bem fiz eu ficar sentado!

      • Filipe Bastos says:

        Citações parciais, Nabais? V. é melhor do que isso.

        1º comentário: “Claro que o professor quer poder decidir salário, avaliação, métodos, horários, progressão na carreira e tudo o mais que o afecta.”

        O resto é treta misturada com generalizações…

        Bem, não consigo discutir com uma resposta tão detalhada e fundamentada. Aliás, v. claramente não está aqui para discutir nada; pelo menos não comigo.

        Nabais, se está tão cansado disto, se os comentários – pelo menos os discordantes – são meros disparates a ignorar, que anda(mos) aqui a fazer? É assim que muitos blogs acabam. Clubes de compinchas sem paciência para leitores.

        • António Fernando Nabais says:

          Tal como o Filipe, ando aqui a fazer o que der na gana – escrevo e comento o que me apetecer. Não gosta dos meus comentários? Temos pena!

        • Tuga says:

          Filipe Bostas

          ” sem paciência para leitores.”

          sem paciência para aturar papagaios incontinentes estamos nós

          Nunca me hei-de esquecer das bostas perfeitamente gratuitas, que tu lançaste aqui neste blog sobre Jorge Sampaio. Deves ter sido o único cachopo do País a escrever o que tu escreveste, sobre aquele homem.

          Se escreves aquilo sobre Jorge Sampaio, o que é tu vais escrever sobre verdadeiros bandidos que por aí há.

          Vê se cresces, garotão

    • Paulo Marques says:

      Qualidade de comentário é tomar como assumido que funcionários públicos, incluindo professores, estão perto de bem pagos. A começar pelo cada vez maior número que mal sabe o que é uma progressão na carreira.

  4. É o que dá fazer contas de merceeiro ao nível dos conhecimentos do Professor Doutor Salazar…

  5. Claro que não vou comentar as bocas oleosas que por aqui pululam, mais grunhosas que nunca. Vou apenas referir um facto que deixo aos iluminados para o interpretarem.
    Um colégio particular perto de onde vivo, conseguiu um avultado subsídio estatal para construir um novo conjunto de salas de aula supostamente para alunos carenciados. No entanto, as verbas foram usadas para construir sim uma piscina que a direcção aluga regularmente a outras entidades, obtendo assim saborosos proventos a expensas do herário. Porque será?

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