(…) somos o quinto país mais desigual da União Europeia (…)
Como sair desta espiral? Educação, valorização dos salários e da contratação coletiva, reforço das prestações sociais, mais progressividade fiscal e recuperar o imposto sucessório são caminhos apontados pelos especialistas ouvidos pelo Expresso.”
Como é possível que esta límpida constatação da desmedida desigualdade não abra os olhos a quem vai votar à direita???
“Como é possível que esta límpida constatação da desmedida desigualdade não abra os olhos a quem vai votar à direita???
Talvez porque a “esquerda” esteve lá seis anos, e se houve alguma mudança foi PARA PIOR 🙁
Não, não ficou pior, mas de qualquer modo, será o PS voto à esquerda???
Talvez a Ana não tenha ficado pior. Mas a maioria dos portugueses ficou. E quanto ao PS ser ou não “de esquerda” (seja lá isso o que for), segundo o Bloco, é. Segundo o PCP, é. Segundo o Livre, é.
Afinal em que ficamos? Suponho, seguindo a sua lógica, que nenhum dos citados partidos será “de esquerda”, pelo que a “esquerda” será um fantasma.
Só te falta o diploma
Mau, então a mais maior grande subida do PIB não resolve tudo? Tou chocado, pá.
Filho de camionista e mulher a dias.
Estudei e trabalhei desde os 14 anos.
Sou, hoje, trabalhador por conta de outrem bem remunerado.
O estado apropria-se de +50% do meu rendimento. A Ana ainda acha de deve ficar com mais e no final, ser meu herdeiro.
Talvez seja melhor o estado ficar com 100% e dá-me depois o que Ana acha que eu preciso.
A Ana e os autores destes estudos só ficarão satisfeitos quando formos todos igualmente miseráveis.
Os mitos da direita, Alberto… O que exactamente não quero, é que haja miseráveis.
Qd quiser pode vir jantar á casa do mito de direita. Nós mtos de esquerda, normalmente nem jantar têm….
Alberto. Parabéns pela ascenção no elevador social. Como vê, a viagem tem geralmente dois efeitos:
— o enriquecimento, no seu caso modesto, dos que sobem.
— a falta de solidariedade para com os que não sobem.
Um recente filme espanhol, El hoyo / The Platform, fala disto com certa piada. A sobrevivência do capitalismo, culto de ganância e egoísmo, depende deste desdém pelos que ficam abaixo.
Quanto mais penosa a pobreza, mais gritante a injustiça, mais obscena a desigualdade, mais feliz o contemplado com a viagem ascendente. É tal o alívio – já não sou pobre! os meus filhos não serão pobres! – que transforma a pessoa: mesmo que esta fosse sensível à desigualdade, passa a justificá-la.
A percepção de mérito individual reforça o demérito dos outros: se eu consegui porque não conseguem eles? Porque são maus; são preguiçosos; são comunas invejosos.
O outro lado da sua moeda são os pobres-meninos-ricos, os esquerdinhas caviar como o Louçã, o Daniel Oliveira ou o nosso Paulo Marques: nasceram em pisos altos, longe das misérias do rés-do-chão, mas preocupam-se com os pobrezinhos.
Claro que não abdicam do seu confortável piso alto com vista; mas preocupam-se. É fácil gozar com esquerdinhas. Ainda assim, desde que sirvam a causa em vez de servir-se dela, têm o seu valor. É mais fácil ser como o Alberto; os outros que se danem.
Explique me o Filipe com o é que entregando mais ao estado isto vai melhorar. É dar dinheiro ao pulhiticos, com diz habitualmente?
Na minha bolha, quem mais berra por igualdade nos rendimentos são os filhos do drs e engenheiros que enquanto eu estudava e trabalhava, andavam nos copos. Peço desculpa por não dar para esse peditório.
Quanto a preocupação social, tem zero a ver com a conversa. Isto tem a ver com poder e rapina de recursos. Repare que não há uma única greve que não seja por questoes salariais apesar de nenhum serviço público ter condições para operar como deve ser ( excepto o fisco, é claro).
Eu tenho muitas preocupações sociais, e tento ajudar na sua resolução. Mais estado não pf.
Serei o último a defender os pulhíticos que saqueiam o país e estouram os impostos sem nos perguntar nada.
Só que onde vê filhos de doutores nos copos, eu vejo milhões a dar no duro por salários miseráveis, muitos a pagar rendas extorsionárias, enquanto o Alberto chora menos uns euros no belo salário.
Também não sou fã do Estado, nem da mentalidade típica de muitos funcionários públicos, mas não vejo alternativa ao Estado para redistribuir a riqueza. Tem é de ser gerido pelas pessoas, numa democracia mais directa, não por este esgoto pulhítico.
Mas não se preocupe: estamos tão perto disso como da Lua. Todos se horrorizam quando falo duma alternativa a esta partidocracia. E no capitalismo vigente o dinheiro tem sempre para onde fugir. É só querer.
Há imensas greves por condições de trabalho, ouça quem faz greve invés do comentariado.
Não, não. Fácil é fazer como o Filipe, dizer que está tudo mal e nem pôr um voto contra os seus interesses pessoais, quanto mais apoiar as reivindicações da sua classe.
Há que rezar com mais força que vamos lá; força nesse esforço hercúleo.
Aliás, nem nunca beneficiou do que esses impostos pagam, educou-se sozinho, nunca andou de autocarro, nunca viu um centro de saúde, o seu negócio regula-se sozinho, vai palitar os dentes com a reforma, os seus empregados (e devem ser muitos, para chegar aos 50%) foram educados pela família…
O apelo ao saque é uma das constantes históricas da ralé nacional.
Mouros, judeus e cristãos novos, indianos, índios, africanos e chegou o tempo da endofagia.
Os seus critérios de definição de ralé são os do século XVI, já reparou?
Mas se o Salazarista Menor vive com a cabeça no sec XVI, qual a admiração
JgMenos = sinónimo de Animal irracional (sem ofensa aos animais).
O que é “desmedida desigualdade”? Há a direita de faz de conta, que acha que a desigualdade (que é natural) se deve “combater”. E há a gente saudável (isto é, a que não sofre de inveja que embrulha em supostas nobrezas) que entende que se os pobres forem apenas estatísticos (isto é, em relação a uma média) isso não tem importância. Infelizmente, em Portugal há pobreza verdadeira e essa não será eliminada com voluntarismos socialistas que estrangulam o crescimento económico nem com esta obsessão com a igualdade.
O José Graça parece desconhecer o conceito, ou pelo menos a gravidade, da pobreza relativa.
Se calhar é daqueles que acha que, como no Vietname ou no Bangladesh há quem ganhe 600 euros por ano, quem ganha 600 por mês em Portugal não tem de que se queixar.
Ou que a absurda disparidade entre bilionários, milionários e os demais 99% da população não tem qualquer efeito na saúde mental das pessoas. A beleza do neo-feudalismo.
Curiosamente, a brigada dos Josés Graças costuma brandir a ‘natureza humana’ como barreira intransponível para qualquer forma de socialismo; mas isso a que chamam ‘inveja’ já não faz parte da natureza humana; deve ser extraterrestre.
Engraçado, quando é para convocar a polícia para furar os piquetes, ou para chamar os militares para fazer o serviço, lá se vai a naturalidade da coisa e a liberdade de dizer que não.
O que se sabe é que os milhões no Panamá continuaram a não resolver.
O crescimento económico está a destruir o planeta e a aprofundar as desigualdades, é um conceito obsoleto; em Portugal este facto é complicado demais. E assim se continua com a balela do efeito tricke-down, que as últimas décadas provaram ser um mito.
Eis o maior e mais velho mistério da política: porque vota tanta gente contra os seus interesses? Por outras palavras, porque é que pobres e remediados insistem em votar na direita?
São milionários temporariamente embaraçados, como na boutade atribuída a Steinbeck? Classe média e média-baixa ‘aspiracional’, como agora se diz? Optimistas incuráveis? Ou apenas tolos?
Há várias razões, como sabemos, e a inépcia da esquerda não é das mais pequenas. Certo é que, para já, não parece possível convencer a maioria a mudar para um sistema mais justo.
As conquistas sociais do pós-guerra, quando o capitalismo ainda tinha competição, a propaganda anti-comuna, a globalização e a internet criaram uma carneirada difícil de mudar.
A meu ver, a única maneira é começar por cima: por limitar a riqueza, as fortunas, os mamões. Mais que isso é visto pelos Albertos da vida como um ataque pessoal. E há muitos Albertos.
Não há narrativa mais fácil do que a ordem natural das coisas, e que se as coisas estão mal, não será certamente do sistema, mas de pessoas específicas. Daí a ser um outro, não humano, é um passinho.
Pela mesma ordem de razões, também é por aí que o progresso pára; resultou para mim, para quê preocupar-me mais com isso? Vou é defender o que está. Até, claro, se voltar atrás que chegue e o medo da perda de lucro com trabalhadores unidos levar a elite a mudar qualquer coisa. E não estamos minimamente perto disso tão cedo, dá menos trabalho berrar contra uma pandemia, ou o Ronaldo ou o Cabrita ou qualquer outro assunto do dia.
“Eis o maior e mais velho mistério da política: porque vota tanta gente contra os seus interesses? Por outras palavras, porque é que pobres e remediados insistem em votar na direita?” Não imagina, Filipe, o quanto este mistério me exespera…
Sim, votam mal. Tal como o dinheiro, devíamos tirar lhes o voto. Deixamos tudo nas vossas mãos.
Não se preocupe, Alberto, que o grosso do dinheiro vai parar às multis, não aos governos; até porque estes fazem muita questão de ser lacaios daquelas.
“As dez pessoas mais ricas do mundo mais que duplicaram as suas fortunas para 1,5 biliões de dólares (1,3 biliões de euros) durante a pandemia, à medida que as taxas de pobreza dispararam, de acordo com um estudo divulgado pela Oxfam.” https://www.publico.pt/2022/01/17/impar/noticia/riqueza-dez-ricos-duplicou-durante-pandemia-revela-oxfam-1992118
O Alberto deve ser daqueles que acham que a esquerda manda no mundo… ou até no governo!
Os únicos que querem tirar o direito de voto e precarizar os salários são os seus amigos, pá.
A esquerda portou-se mal ao chumbar o OE e aí está a resposta dos eleitores. Felizmente, mantém-se maioritária para não deixar a direita levantar cabelo, como se propunha fazer. Mau, mau, foi o PS ter ganho com maioria absoluta mas se se portarem mal, a história os julgará.