Fotografia: Dinheiro Vivo
Em 2013, se bem me lembro, já era reconhecido e unânime que Vladimir Putin era um déspota, um nacionalista, um autocrata que ameaçava o Estado de Direito e que não se revia em Democracias.
Pois era.
Em 2013: “Portugal vai receber 30 mil turistas russos”. Ai vai? E quem são estes “turistas russos”? Adolfo Mesquita Nunes, hoje em dia um heróico defensor do liberalismo clássico (está bem, está bem), na altura Secretário de Estado do Turismo, explica: «(…) o responsável disse que foram precisas reuniões com a homóloga russa, com o objectivo de obter “um acordo aéreo entre Portugal e Rússia que facilite os voos entre os dois países”». Mas esperem. O “responsável” não ficou por aqui e disse ainda que: «“Do ponto de vista institucional, tivemos a presença de vários investidores interessados nos vistos ‘gold’ para efeitos de turismo residencial (…)».
Em 2013, o presidente do conselho directivo da Turismo de Portugal era… João Cotrim Figueiredo, hoje presidente da Iniciativa Liberal.
Portanto, em suma, Adolfo Mesquita Nunes, hoje um “feroz” “opositor” de Putin e do seu regime, como se pode ver nas peças teatrais que encena na CNN, em 2013, em representação do governo português, foi até à Rússia onde, com o apoio da Turismo de Portugal, negociou vistos gold com oligarcas russos.
Cada vez me confundem mais, estes heróis, novos adeptos do politicamente correcto sem correcção que os salve. Se não fosse um dissidente do partido do mocassim, aconselhava-o a enfiar-se num submarino.
Hoje é vê-los indignados com estes déspotas, quando há menos de uma década lhes apertavam as mãos, de Putin a Maduro, de Xi a Castro, do PS para a Direita. Cambada de coxos.
Ide…
Se não gostas do déspota Putin como pessoa, mas achas que ele pode render alguns cobres, seja pela via do turismo de luxo, seja por via dos “vistos gold”, ou qualquer coisa que dê dinheiro, és um liberal.
Mais, és um visionário dos negócios. Venha o vil metal, mesmo que dos piores escroques.
Se não gostas do déspota Putin como pessoa, se achas a Rússia uma ditadura, mas condenas a promiscuidade entre os oligarcas do regime rusfo e os chamados países ocidentais, de regime liberal, e achas que esta guerra não é só culpa dele, mas também da NATO, e especialmente os EUA, já passas a ser um perigoso comunista.
Hoje todos os que não embarcam não narrativa comunicacional dos nossos governantes e na nossa CS, são perigosos comunistas.
Não soubéssemos nós todos que Portugal é um país sem voz própria, uma espécie de Maria vai com as outras, sempre sujeito aos desígnios de quem na Europa nos sustenta uma boa parte da dívida.
Está TRÁGICA e TRISTE situação mostra-nos um concerto de hipocrisia e falta total de honestidade intelectual
Gente reles com estes citados andam escondidos na capa de democratas.
É simples: bater internamente nos russos ajuda o capital a fugir livre; bater nos palestinianos ou no Yemen facilita o negócio das armas; já nacionalizar o petróleo venezuelano ou o lítio boliviano é uma chatice aos negócios, o Iraque é bom até chatear o petróleo do vizinho, e a China era uma boa oportunidade até começar a substituir os oligopólios.
Viva a paz para o capital.
Mais um penso rápido a cuidar da verdadeira esquerda…o stock já vai ma colheita de 2013!
Não são pensos rápidos, Menos, são preservativos, não vá esta gente deixar cá filhos como tu, meu lindo.
João L. Maio
“Menos, são preservativos, não vá esta gente deixar cá filhos como tu, meu lindo.”
NA “MOUCHE”…
Pois Vosselência…
Vai continuando a colecionar pensos.
E bem precisa, que está com a cútis toda lixada. E o bestunto nem se fala! É um dó!
Não são coxos, estes ainda se apanham mais depressa.
O João Maio está a ver mal a coisa.
Liberalismo é, precisamente, liberdade, incluindo a liberdade de turistas russos virem passar férias a Portugal, e a liberdade de hotéis portugueses acolherem os turistas que quiserem.
Não há nenhuma contradição entre ser-se liberal e pretender que turistas russos tenham a liberdade de passar férias em Portugal. Bem pelo contrário.
Isso não é liberalismo. Que eu saiba liberalismo não é, necessariamente, sinónimo de colaboracionismo com déspotas e ditadores (Pinochet, gosto de pensar, foi um caso isolado).