Abaixo o mistério da poesia

Abaixo o mistério da poesia

Enquanto houver um homem caído de bruços no passeio
E um sargento que lhe volta o corpo com a ponta do pé
Para ver quem é,
Enquanto o sangue gorgolejar das artérias abertas
E correr pelos interstícios das pedras, pressuroso e vivo como vermelhas minhocas
Despertas;
Enquanto as crianças de olhos lívidos e redondos como luas,
Órfãos de pais e mães,
Andarem acossados pelas ruas
Como matilhas de cães;
Enquanto as aves tiverem de interromper o seu canto
Com o coraçãozinho débil a saltar-lhes do peito fremente,
Num silêncio de espanto
Rasgado pelo grito da sereia estridente;
Enquanto o grande pássaro de fogo e alumínio
Cobrir o mundo com a sombra escaldante das suas asas
Amassando na mesma lama de extermínio
Os ossos dos homens e as traves das suas casas;
Enquanto tudo isso acontecer, e o mais que se não diz por ser verdade,
Enquanto for precido lutar até ao desespero da agonia,
O poeta escreverá com alcatrão nos muros da cidade:

ABAIXO O MISTÉRIO DA POESIA.

António Gedeão

O novo Hitler

Mário Machado, o privilegiado

A extrema-direita, querendo apresentar-se como antissistema, teima em ser o seu pior reflexo. Basta ver o caso de André Ventura, que passa a vida com o sistema na boca, mas também no bolso. Ou no bolso dele, do sistema. Do SL Benfica à CMTV, passando pela elite de milionários com quem se reúne e junto da qual obtém financiamento para o seu partido, não esquecendo as origens políticas do outrora afilhado de Pedro Passos Coelho, que nunca deixou Ventura cair, mesmo quando o próprio CDS se afastou da sua candidatura à autarquia de Loures, nas Autárquicas de 2017. O cheiro a racismo era já demasiadamente nauseabundo para tolerar. E quando abandonou o PSD, um dos partidos que é em si mesmo o sistema, o líder da extrema-direita não veio sozinho. Trouxe e continua a atrair inúmeras figura da casta de privilegiados da São Caetano à Lapa. E do que resta do Caldas.

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Cronologia do “mas”….

Primeiro começaram a dizer que o Putin não ia invadir a Ucrânia e que as informações dos serviços secretos dos EUA eram falsas e uma forma de Biden pressionar para uma guerra. Putin invadiu.

Depois veio a treta que Putin apenas estava a realizar uma “operação militar” em zonas historicamente russas. Putin começou a invadir em zonas diferentes das tais “historicamente” russas.

A seguir a narrativa passou a ser que a Rússia apenas estava a bombardear zonas militares. Rapidamente se viu que Putin manda bombardear tudo e um par de botas. Nem escolas, teatros ou hospitais escapam.

Como a coisa estava a ficar pouco suportável para as teses do “putinismo escondido” nas mentes de certas almas de extrema esquerda e direita, passaram à fase da pornografia pura: a solução passa pela rendição da Ucrânia, por promover a paz impedindo a Ucrânia de receber armas e pela rendição sem condições de Zelensky.

Como diz o João Mendes: ide-vos foder!

E a malta do “mas” também…

Dia Mundial da Poesia – Defeat de Michael Prochaska

Refugiados da 1ª Grande Guerra


Defeat

Blood starts drippin’ from the soldier’s wound
Seeps like sewage ‘neath the politician’s room

Deep in the house, white fades to red
And the freedom we’re fighting for seems to be dead
‘Cause we can’t win like he once said
No we can’t triumph over the hate in our enemy’s head
But we’re deep in mud over the bullshit we’ve been fed
While more and more soldiers awake in Heaven’s bed

The wind is blowing like a hurricane
In the frightening desolated lands
Where the wolves are insane
And hawks feast on bloody hands

Bullets flying, children dying, mothers crying
While the beasts are lying and hiding
Behind black curtains that no one’s finding
But God knows the truth, and He’s forevermore sighing

Too many hands washed in widows’ tears
Too many echoed gun shots ringing in ears
Too many hearts frozen numb from fears
Of hope too distant, like skylight chandeliers

Wounded souls soaked in blotched black fate
Disillusioned by dark demons’ fate

Persistent nightmares of woebegone escape:
Screeching fervently under Liberty’s Gate
I grasp the rope fabric with delicate care,
Neck tickling from its bristly hair
My chapped, dry lips whisper a final prayer
Before a tightening ravish pain permeates the air

A bright radiant flash scorches the cloudless horizon
And ashes drift upward, caressing my bare, dangling feet
Bleak, barren, biting malice below seems blazon
But the dead know not the sentiment of defeat.

Michael Prochaska, 2007

Colossal lata

@observador.pt

Fiquei chocado com a evidente hipocrisia que a esquerda histericamente demonstrou a propósito do despacho judicial que alterou as medidas de coacção aplicadas a Mário Machado de forma a permitir-lhe deslocar-se para a Ucrânia. Além de ninguém se ter preocupado ou sequer referido a fundamentação jurídica do despacho, a “ira” focou-se na alegada normalização da “extrema-direita”.

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Ucrânia: últimos números sem mas nem meio mas…

Mais de 10 milhões de ucranianos foram deslocados. O equivalente à população de Portugal.

Mariupol foi arrasada. Cerca de 80% das suas infraestruturas estão danificadas ou destruídas. Uma das maiores da Ucrânia e considerada russófona pelo invasor. Imaginem se não fossem.

Em boa parte da Ucrânia estão a ser bombardeados hospitais, refúgios e lares de idosos.

Os EUA e a UE querem voltar à sua confortável corrupção, comprando petróleo e gás russos, aplicando sanções fracas, falando da boca para fora sobre a democracia, convidando Putin para Davos. Os ditadores sempre escalam e o Ocidente continua dobrando. Mas desta vez existe um problema: a Ucrânia se recusa a desistir – Garry Kasparov, antigo campeão do Mundo de Xadrez (Rússia).

A agressão violenta contra a Ucrânia não para, um massacre insensato onde a cada dia se repetem destruição e atrocidades. Não há justificativa para isso. Suplico a todos os atores da comunidade internacional, para que se empenhem realmente para pôr fim a esta guerra repugnante” – Papa Francisco (para citar alguém de quem a esquerda gosta).

This is not about Ukraine at all, but the world order. The current crisis is a fateful, epoch-making moment in modern history. It reflects the battle over what the world order will look like” – Sergei Lavrov, Russian Foreign Minister (para citar outro querido de certa esquerda e de certos militares filhos de putin que andam pelas televisões).

Wohlstandsverwahrlosung.