Podemos ou Vã Glória de Mandar

Podemos no es en estos momentos una organización ni democrática ni mucho menos plurinacional – Meri Pita, deputada eleita pelo Unidas Podemos na hora em que abandonou a militância, El País, 24 de Março

Agora que temos um novo governo em Portugal e que António Costa, um político com MUITA sorte se livrou do seu Podemos (o Bloco), Sánchez começa o seu caminho das pedras que vai levar Espanha, não tarda nada, a eleições antecipadas.

São constantes as quezílias entre ministros(as) do PSOE e do Podemos. Constantes. As duas últimas bastante graves. Uma profunda divisão sobre a invasão da Ucrânia (o Podemos começou por ter uma posição parecida com a do PCP em Portugal e reafirmou a sua oposição à NATO) e agora sobre a questão do Saara Ocidental (neste caso o PSOE esteve mal, muito mal e apanhou tudo e todos de surpresa). Ora, o Podemos não percebeu o que aconteceu ao PCP e ao Bloco em Portugal e está a empurrar Sánchez e o PSOE para uma tomada de posição similar a que Costa e o PS tomaram em Portugal. E umas eleições antecipadas agora apenas servem ao PSOE e ao VoX. Com o PP em processo de renovação e o Podemos desacreditado (e cada vez mais odiado, diga-se) pode o PSOE conseguir um milagre idêntico ao de Costa e o VoX reforçar, ainda mais, a sua posição de terceira força espanhola com possibilidade de até, pasme-se, chegar a segundo partido mais votado. Uma verdadeira tragédia.

 

Um novo Governo. Vamos lá dar os 100 dias da praxe

Foto: Nuno Fox/Lusa

Finalmente, vamos voltar a ter um novo governo. Um governo do PS com maioria absoluta e, por isso mesmo, sem absoluta desculpa para fazer o que deve ser feito: um Portugal melhor, com mais qualidade de vida, menos pobreza e preparado para o futuro. Será que vai ser assim? Não sei, não faço a mínima ideia.

O que sei é que, desta vez, António Costa não se pode desculpar com o Bloco ou o PCP. Nem com a Europa. E mesmo no caso da guerra na Ucrânia, a nossa situação não é mais grave que a dos outros. É, quando muito, igual. Ao centro esquerda em Portugal, representado pelo Partido Socialista, foram dadas pelos eleitores portugueses todas as condições necessárias para governar, para aplicar o seu programa. Todas. E, para ajudar, até a oposição está entre a que está fraquinha (PSD) e a moribunda (PCP). E o Presidente da República é Marcelo Rebelo de Sousa, que António Costa conhece muito bem e sabe que ele não quererá representar o papel de líder da oposição. Por feitio e por estratégia. Nem Cavaco Silva em 1997 teve um cenário tão positivo.

Existia uma velha tradição de dar os primeiros 100 dias a qualquer governo. Uma espécie de acalmia antes da tempestade. Nestes estranhos tempos em que vivemos, aqui está uma tradição que merece regressar. E quem sabe se Costa não nos surpreende. Eu não acredito no Pai Natal mas estou sempre pronto a mudar de ideias.

André Coelho Lima numa galáxia far far away

Comentando a composição do novo governo Costa, esta manhã no Fórum TSF, o deputado do PSD André Coelho Lima afirmou que a orgânica reflecte aquilo a que o PS nos habituou, um cenário em que o governo se confunde com o partido.

A colocação de sucessores em posições-chave [do Governo] expõe uma confusão entre o que é o Estado e o Partido [Socialista]

Confesso que fiquei perplexo, com este comentário de André Coelho Lima. E não ficaria, tivesse o comentário sido proferido por um deputado de qualquer outro partido (com excepção do PS, claro). Não sei se o deputado laranja está como o seu líder – parado no tempo, numa galáxia far far away – e não percebeu ainda que o PSD não será junior partner governamental do PS. De outra forma, o que esperava Coelho Lima? Que o PS, com maioria absoluta, fosse recrutar ministros a outros partidos? O que fez o PSD, sempre que esteve no governo? Não o preencheu com os seus? Com os quadros partidários que Cavaco, Durão ou Passos consideraram mais aptos (e com toda a legitimidade, sublinhe-se)? Não colonizaram também eles a administração pública, com militantes e familiares de militantes do PSD?

Em boa verdade, diga-se, este tipo de comentário até se compreende. É que o PSD está cada vez mais longe do poder e cada vez mais próximo de partidos de protesto, de tal maneira que começa a soar como eles. Mas basta dar um salto às autarquias governadas pelo PSD, e são muitas, para ver que mais do que autarquias, há concelhos inteiros que se confundem com os aparelhos locais do PSD. O concelho da Trofa, governando pelo conselheiro nacional do PSD Sérgio Humberto, é um bom exemplo. Da colonização da administração pública local até aos inúmeros ajustes directos que pagam tudo, de iPhones até jornais ilegais de propaganda, não falta cá nada (alguns exemplos aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). De maneira que a diferença entre o PS e o PSD, actualmente, é apenas uma: o PS é, actualmente, mais competente na obtenção e manutenção de poder. O que não é de estranhar, sendo Rui Rio o líder do partido.

Socialistas ocidentais desunidos dos socialistas ucranianos e russos

Vladyslav Starodubcev, líder da ala esquerda do “Sotsialniy Rukh” dá uma entrevista esclarecedora ao “Business Insider” sobre o que o opõe ao neoliberal Zelensky e, muito particularmente, o que o separa das esquerdas ocidentais, europeias e norte-americanas.

Sendo um forte opositor à desregulamentação do mercado de trabalho levado a cabo por Zelensky e, mais recentemente, contra a suspensão de 11 partidos por usarem na sua designação palavras como “progressista”, “esquerda” ou “socialista”, apoia agora, perante as circunstâncias, o presidente, particularmente por considerar que ele conseguiu unir o país através da sua experiência mediática.

Perante a invasão de Putin a sua posição é muito clara: “Fico na Ucrânia porque quero participar na defesa do meu país e ajudar as pessoas que precisam. Se a Ucrânia foi ocupada, temos de resistir a essa ocupação.”

E é exactamente sobre este aspecto que diverge frontalmente de algumas esquerdas [Read more…]

Um lembrete fonético (não fonológico), por causa do novo ministro das Finanças

A livertação é, como diria um amigo meu, brill. O massacre contínuo, efectivamente, continua. Mas só surte efeito do lado do eleito. Rima e, salvo melhor opinião, é verdade

Pequeno resumo da repetição das eleições no círculo da Europa

O PS tem mais do dobro dos votos do PSD.

  • O PS tem mais do dobro dos votos do PSD e fica com os dois deputados;
  • O PSD está mais próximo do CH que do PS e perde o deputado que tinha.
  • O CH, que não gosta de emigrantes é o que mais cresce entre os emigrantes;
  • O BE regista um desastre em linha com o desastre a nível nacional;
  • PAN completa o pódio dos desastres
  • IL ganha mais ou menos os mesmo que o PCP perde, revelando uma notória transição do comunismo para o neoliberalismo;
  • O Livre cresce poucochinho;
  • O CDS ficou fora do ecrã, o que diz tudo o que precisamos de saber sobre o resultado;
  • O MRPP tem 522 votos! São 522 emigrantes prontos para matar os traidores. Nem o CH tem tantos.