Alguém pediu um apocalipse nuclear?

Leio por aí, nas redes e na imprensa, várias pessoas que defendem uma intervenção directa da NATO no conflito. Vejo-as ser confrontadas por outras pessoas, a meu ver mais sensatas, que lhes dizem:

  • Então e se isso levar a uma escalada nuclear?

Ao que essas pessoas respondem algo como:

  • Que se lixe! Temos que fazer justiça pelo povo ucraniano, doa a quem doer.

Isso, fazer justiça. Tudo muito bonito, tudo muito poético, principalmente se aparecesse um James Bond no último minuto, para desactivar o missel balístico intercontinental com o nuke lá dentro, ao qual estaria amarrada uma lindíssima Bond girl, a jeito de ser salva e beijada pelo galã. Acontece que esta merda não é Hollywood e, havendo quem queira mesmo morrer, mais vale ir para a Ucrânia combater. Sempre será mais útil à causa.

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Fail Sound Effect

Núcleo concelhio do Chega na Moita ruiu. Partido perde mais um vereador e cinco outros autarcas

“Andamos a Leste”, uma crónica de Madalena Sá Fernandes

Partilho aqui um excerto de uma crónica que li hoje no Público. De Madalena Sá Fernandes.

Manifestações. Uma mensagem no WhatsApp. Um míssil. Miss you! Bombardearam um lar. Também eu, temos de combinar. Vem aí a terceira guerra mundial. Que tal hoje à tarde? Vídeos de pais a despedirem-se dos filhos. Trânsito na Segunda Circular. Os ucranianos. Vou tentar pensar noutra coisa. A Rússia invadiu a Ucrânia. Não te esqueças de comprar leite. Bombardearam uma escola. Vou pôr gasolina. Tomaram Chernobyl. Onde é que eu pus os óculos? Putin ameaça quem intervier. São 20€ de gasolina. Rússia lança ataques aéreos. Qual é a bomba? Pessoas em pânico fogem da Ucrânia. É a bomba 3. A culpa é do Putin. Desculpe, esse carrinho é meu. A culpa é dos EUA. Já não tem alho francês? A culpa é da NATO. No corredor 6 ao lado dos frescos. A culpa é do PCP. Ah, também preciso de champô. A culpa é da China. Patrícia chamada à caixa central. Como é que foi o teu dia? Pela paz. Parece que não estou aqui. Fim da guerra. Também eu, não consigo pensar noutra coisa. Onde é que pus os óculos? Andamos a Leste. 

Mariana Mortágua: Um pedido de desculpas aos leitores

Ontem errei. Escrevi um texto com o título: Mariana Mortágua, a moral e a Lei entram num bar…. e, sem saber, induzi em erro os leitores. Passo a explicar:

Dei a entender que a deputada em causa desconhecia a Lei. E com isso, erradamente, desculpei-a em parte. Acontece que fiquei a saber hoje de um dado que desconhecia: a deputada Mariana Mortágua foi uma das subscritoras da lei em causa. Não tendo, por isso mesmo, qualquer desculpa para não a ter cumprido. Pelo meu erro, mesmo tendo sido involuntário, peço desculpas aos leitores e ao Aventar.

Vamos aproveitar e olhar para a China? #1

A Rússia de Putin está no centro das atenções. E bem. Porém, está na hora de começar a olhar para a China. Sim, a China. Aquele país que não se coíbe de praticar os maiores atentados à liberdade. Que não se importa com os direitos dos trabalhadores. Que trabalha, diariamente, no genocídio do Povo Uigur. Sim, a China a quem a “minha” direita e a “vossa” esquerda entregou a sua dignidade, prestando vassalagem a troco de um punhado de euros.

E como vamos tratar da China se os nossos lideres só de ouvir falar em contrariar o Império do Sol se borram pelas calças abaixo? Não comprando produtos “Made in China”. Obrigando os nossos líderes a reindustrializar a Europa e o mundo ocidental. Mantendo a pressão nas redes sociais e nas ruas, se necessário for, da mesma forma que o estamos a fazer agora com a Rússia. E sim, vamos ter mesmo que mudar de vida. Se queremos manter a nossa vida, a nossa liberdade. É isso que está em jogo.

A direita e a solidariedade ‘soft’ dos ‘likes’ no Facebook

Laurinda Alves. Fotografia: Filipa Couto

Nos últimos dias, temos assistido à escalada da intolerância, do ódio e do separatismo bacoco entre opiniões. No meu caso, tenho apanhado por essa internet fora uma panóplia de saudosistas e desiludidos, hoje capacitados de uma estoica postura de “contra tudo e contra todos“, como se as vítimas ucranianas servissem de arremesso à limpeza de imagem de quem, há tempos, tão embeiçado andava (uns escondidos, outros bem à mostra) com o regime neo-fascista e autocrático de Vladimir Putin.

Aqueles que, outrora feirantes dos vistos gold para oligarcas russos, apoiantes fervorosos dessa direita reaccionária e saudosista dos tempos do PREC, são hoje indefectíveis defensores do Estado de Direito e contra os autoritarismos. Devo lembrar que estes são os mesmos que apoiaram a venda de empresas estratégicas do sector público ao Estado chinês… esse Estado plural, democrático e defensor dos Direitos Humanos. São exactamente esses, os que anteriormente aplaudiam quando se jogava monopólio com Estados que não respeitam os valores democráticos, só pela cor do pilim, que hoje se deixam ver, do alto da sua moral e heroicidade, com bandeirinhas ucranianas em fotografias no Facebook, em publicações carregadas de dogmas fabricados na hora e de argumentos de “se não concordas comigo, és amigo do Putin”. Sim, há gente que outrora apertava a mão a gente “do Putin” e que hoje se apercebe do que andou a fazer. Coitadinhos.

Serve este longo preâmbulo para tornar pública uma mensagem de Laurinda Alves, vereadora dos Direitos Humanos e Sociais na Câmara Municipal de Lisboa, eleita pela coligação NOVOS TEMPOS, que deixa transparecer essa hipocrisia direitola de se dizer muito solidário num dia e depois lavar as “manchas” da solidariedade no outro. Na mensagem que enviou para os colegas da CML, a vereadora convoca uma sessão de esclarecimento sobre o apoio aos refugiados ucranianos que chegam a Portugal. Na mensagem, afirma a independente eleita pela coligação, que a sessão serve “(…) para assumir publicamente que a CML NÃO tem capacidade para se responsabilizar pelo acompanhamento destas famílias (…)” e “(…) deixando claro que a CML não se responsabiliza, não paga, não dá sequência a mais nada após o acolhimento de emergência (…)”.

Traduzindo, quer dizer a senhora vereadora, em nome da CML e da coligação que a governa, que tudo bem, venham os refugiados, mas uma vez cá chegados, que fiquem entregues à sua sorte. Ou as associações que se ralem. Ou o c*ralho!

Laurinda Alves quer “gerir expectativas”. As de quem?!

Como sempre. A direita é aquela pessoa que escreve no mural #prayforukraine, muda a fotografia do perfil para uma bandeirinha ucraniana e nos diz “estejamos do lado de quem é agredido”. Depois, quando já meio mundo está, e bem, do lado do agredido e esse meio mundo lhe pede que ajude frontalmente as vítimas da guerra, para lá de palavras com ‘likes’ no Facebook e “votos de condenação” nas assembleias, diz não ter “capacidade para se responsabilizar”.

Parecem o Pôncio Pilatos.

Mensagem enviada por Laurinda Alves aos colegas da CML.

A pimenta e o cu dos outros…

Em 2016 o Bloco de Esquerda entendia (e bem) que não se pode “inventar” trabalho voluntário que na verdade o não é, por trabalho não remunerado.

Hoje, o Bloco de Esquerda mudou de ideias. As virtudes mudam com os tempos. E pensar que Catarina Martins, em Abril de 2020, avisava que o BE não aceitava a austeridade. É a Economia….. O ano de 2022 não está a ser fácil para a extrema esquerda.

 

(fotos gentilmente palmadas AQUI)

De uma Negociação de Paz a uma Declaração de Guerra

Sob os auspícios da Turquia decorreu ontem um encontro entre os ministros dos Negócios estrangeiros da Ucrânia e da Rússia para, supostamente, negociar caminhos conducentes a um acordo de fim de guerra. Depois de no dia anterior o Kremlin ter dados sinais de algumas cedências nas suas pretensões, a declaração final de Lavrov intensifica-as, a ponto de tornar inviável não apenas um acordo, mas também o prosseguimento de qualquer ronda negocial.
De permitir a continuidade da independência da Ucrânia, na véspera, passa a exigir que a Ucrânia não se aproxime do Ocidente (adesão à União Europeia), e que a sua riqueza não seja explorada por capitais ocidentais.

Pieter Bruegel – A Queda dos Anjpos Rebeldes

Isto é absolutamente inaceitável para ucranianos, mas também para nós ocidentais. A independência de um país não se negoceia, nem se deve sentar à mesa com quem a não pretende reconhecer.
No início desta invasão, o Kremlin começou por dizer que se tratava de uma “operação militar”, ficando agora à vista que ontem, mais não fez do que a DECLARAÇÃO de GUERRA que tinha recusado fazer, cujo objectivo é [Read more…]

Toma o comprimido que isso passa

Esta coisa da guerra e da paz, Rússia e Ucrânia, Leste e Ocidente, Putin e Zelensky, Batatinha e Companhia, está a deixar homens de meia-idade, classe média-alta, de direita, completamente ‘tan tan’, cegos de ódio (e não sabem bem a quem, porque o ódio deles hoje é contra o Putin, amanhã é contra o Costa, depois de amanhã é o PCP e na Segunda será o Biden, sem critério próprio), a metralhar populismo do que fica bem e dá likes pelos facebooks.

Vejo homens de meia-idade, classe média-alta, de direita, demasiado molhados com a guerra. Podem contar-nos que sonhos têm, senhores de meia-idade, classe média-alta, de direita, que explique essa tusa toda que, antigamente, apresentavam tão murcha? O que vos entesa tanto, neste caso em particular? É que guerras já existiam e vocês andavam com disfunção eréctil.

A nova de hoje é a de que “quem usa a situação na Ucrânia para falar na Palestina faz dói-dói” e “vocês só falam da Palestina porque não condenam a Rússia e isso faz dói-dói”. Temo ter de explicar a quem, toldado pelo ódio, não vê o óbvio:

É exactamente por muitos de nós condenarmos taxativamente a invasão russa na Ucrânia, que vos vemos hipócritas ao lado da Ucrânia agora, quando nunca estiveram do lado da Palestina.

É preciso fazer um desenho ou o vosso spin vai continuar de pau feito pelos hologramas que criaram na vossa própria cabeça? Até lá, é tomar um comprimido. Isso passa.

Cordão Humano em Lisboa pela paz na Ucrânia, contra a invasão de Putin. Março, 2022.

Manifestação de solidariedade com o povo da Palestina e de condenação da violência do Estado de Israel. Maio, 2021.

Fotografias: MAYO.

Um Líder vs Um Embaraço

Um verdadeiro líder de um Povo vê-se na forma como actua perante as dificuldades. Ao ver Zelensky nas televisões, a ser entrevistado por uma correspondente inglesa, em plena capital da Ucrânia, no meio de uma guerra e em verdadeiro perigo de vida, recordei-me, imaginem, de Carles Puigdemont, o antigo líder da Catalunha.

Carles Puigdemont, à primeira dificuldade, desertou para Bruxelas abandonando os seus sem qualquer hesitação. E qual o principal risco que corria? Ser preso e ir a tribunal. Volodymyr Zelensky, líder da Ucrânia, perante uma invasão do seu país o que fez? Ficou a lutar ao lado dos seus e, como se sabe, recusou a oferta de asilo dos EUA. Com esta sua atitude, corajosa e patriótica, Zelensky é hoje um herói ucraniano e Carles Puigdemont um embaraço para o povo catalão. Um enfrentou o perigo de ser morto (que ainda corre) e o outro fugiu com medo de ser preso.

Citando José Ortega Y Gasset, “O homem é o homem e a sua circunstância”. Neste caso, adaptando, um líder é um líder e a sua circunstância.

 

 

 

Sergei Lavrov meets George Orwell

As negociações que decorreram ontem na Turquia, já se sabia, não passariam de uma mera formalidade, para europeu ver. Lavrov exigiu a capitulação total e incondicional da Ucrânia, Kuleba recusou a solução proposta, por não pretender entregar de mão beijada a sua soberania, que a trôpega Blitzkrieg de Putin não conseguiu açambarcar com a mesma facilidade com que ocupou a Crimeia.

Segue tudo como dantes, quartel general em Abrantes, mas a propaganda, essa, que há muito atingiu proporções orwellianas, conheceu ontem um novo e delirante episódio. No rescaldo do encontro, e sem se rir, Sergei Lavrov afirmou que a Federação não planeia atacar nenhum país, garantindo, inclusive, que não atacou a Ucrânia. Os prédios em ruínas, as cidades arrasadas e o ataque repugnante contra a maternidade de Mariupol foram, seguramente, encenados em Hollywood. E eu ia jurar que vi a Khaleesi, em modo Mad Queen, a derreter o sul da Ucrânia montada no Drogon. E toda a gente sabe que os Targaryen andam a soldo da NATO.

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Normalizar o ódio

“Facebook e Instagram vão permitir temporariamente incentivos à violência contra a Rússia em publicações sobre a Ucrânia.

Meta vai alterar temporariamente a política relativa aos discursos de ódio. Utilizadores de alguns países vão poder incentivar à violência contra a Rússia em publicações no contexto da invasão da Ucrânia.”

Começo a pensar, seriamente, em sair de todas as redes sociais. O pior é que, no mundo global de hoje, todos nós, mais ou menos, dependemos, directa ou indirectamente, das redes sociais. No meu caso, por causa da Fotografia, uso o Instagram para divulgar trabalho.

Mas isto é o cúmulo dos cúmulos. É a normalização do ódio como um todo (porque, convenhamos, já ele estava normalizado há muito nestas redes). É a banalização da atrocidade. É a apologia da indiferença.

Eu não estou contra a Rússia enquanto país. Eu não estou contra os russos enquanto povo, porque para mim também eles são joguetes e sofrem às mãos do tirano que os governa há décadas. Em meu nome, não. Banalizar os insultos a um povo, seja ele qual for, é não entender nada do que nos trouxe até aqui. É não perceber minimamente o conceito de empatia. Eu sou pela causa Palestiniana, mas não estou contra o povo de Israel.

Sei que a Meta, dona do Facebook e do Instagram, entre outras, é uma empresa privada e, como tal, gere-se da maneira que bem entende. Quem nela está inscrito, ou aceita, ou não aceita os termos a que se compromete quando se inscreve. No entanto, e apesar do facto que supracito, sabe a empresa, e concordaremos todos nós, que quando num mundo global como o de hoje, onde milhões de pessoas se encontram ligadas a estas redes sociais, esta última terá, em última instância, algumas responsabilidades sociais que não pode, em circunstância alguma, deixar de lado. Mas todos sabemos de onde vem o lucro destas empresas. Por isso, por muito que nos escandalize, cá continuamos muitos, senão a maioria. E porquê? Que droga é esta que muitos de nós não conseguimos largar e que cada cada vez nos divide mais? Que instituto do mal é este que nos instiga a, gratuitamente, odiarmos um povo que muitos de nós nem sequer conhece?

Depois do escândalo com a Cambridge Analytica e tudo o que daí veio a público, começa a tornar-se óbvio quais as reais intenções de quem quer este mundo “conectado” ao máximo. E não é para o nosso bem.

Estou na trincheira dos que querem a paz e não desarmam por um mundo sem guerra. Dos que nunca querem a guerra. Nunca estarei na trincheira dos que fazem da guerra lucrativa. Em meu nome, não.

Alexandre Guerreiro e os seus amigos da MGIMO

A Universidade onde o Alexandre Guerreiro andou a dizer umas coisas consegue estar ao nível da personagem:

MGIMO students,educated young people,say that Putin’s army isn’t killing the population, that Putin has the right to invade a neighbouring country & demand “denazification,demilitarisation,neutral status & legalisation of the seizure of Crimea” under threat of continued massacres

Estudantes do MGIMO, jovens universitários, dizem que o exército de Putin não está matando a população, que Putin tem o direito de invadir um país vizinho e exigir a “desnazificação”, desmilitarização e legalização da tomada da Crimeia” sob ameaça de massacres contínuos

O vídeo da vergonha pode ser visto AQUI.