É chegada a hora de seguir Emiliano Zapata – Crónica do Rochedo #54

“É melhor morrer de pé do que viver de joelhos”, Emiliano Zapata

Não existe nenhuma justificação, nenhuma, para a Rússia invadir a Ucrânia. Nenhuma. Nem ideológica nem histórica nem qualquer outra. Nenhuma. E não existe nenhuma, nenhuma razão para os povos que defendem a nossa civilização, o nosso modo de vida, não ajudarem aqueles que, lutando pelos mesmos ideais, estão a sofrer uma guerra que lhes é imposta por um tirano. E ajudar não é, ou não pode ser apenas, enviar armas ou palavras amigas de solidariedade. Não, não pode.

Uma parte, felizmente minoritária, da opinião pública está a comportar-se hoje, como em 1938, se comportaram uma parte minoritária dos seus avós em relação à Alemanha e a Hitler. Entendem que é a hora da paz esquecendo que a paz só se faz se essa for a vontade de ambas as partes. E que quando Putin afirma isto:

Significa que está fechada a porta da paz. Putin não quer saber se o seu povo vai morrer à fome por causa das sanções, como não quer saber de moral ou de ética se tiver de executar um verdadeiro genocídio do povo ucraniano. É para o lado que dorme melhor. Com Putin não há paz como não há moral ou ética. E quando não há moral nem ética só o caminho da guerra resolve a falta de paz.

Nós permitimos à Ucrânia sonhar? Não, porque não somos um Putin. Quem sonhou com a UE ou com pertencer à NATO foram os ucranianos, porque ELES desejam viver como nós, desejam para si prosperidade e democracia como a que temos (mesmo com muitos defeitos). Nós oferecemos a esperança disso acontecer? Claro que sim. Não o fazer seria condenar o povo da Ucrânia. E é por isso que não chegam moções de condenação ou sanções económicas. Não. É preciso ir para a Ucrânia, combater ao seu lado.

Ou então, somos piores que o Putin. Somos uns covardes sem nome. Uns egoístas sem perdão. Somos aqueles que ficarão na história como os traidores de Zelensky e do povo ucraniano. O povo ucraniano e o seu presidente estão a fazer o que Putin os obrigou a fazer, a defender a sua pátria, a sua dignidade mesmo que tal os leve para a morte. E leva-os para uma morte certa se o ocidente se comportar como um imbecil covarde e traidor. Zelensky está a fazer o que tem de ser feito. O que fez o D. João I. Quantos terão dito que era a morte certa do seu povo e que isso não passava de orgulho e estupidez? Como o fez Winston Churchill contra Hitler e quantos não afirmaram que era levar o seu povo para uma morte certa. Raios, está na hora de abandonarmos este complexo de sermos os bisnetos dos que não foram para a Índia…

Agora é tarde, “Inês é morta”. Só existem dois caminhos: lutar ao lado daqueles que defendem o nosso modo de vida ou capitular. Hoje é a Ucrânia, amanhã serão os nossos filhos. Temos de lutar com os ucranianos contra o tirano. Sim, o caminho da guerra. E sim, vai ser feio, vai ser catastrófico mas, tal como Emiliano Zapata, prefiro morrer de pé do que viver de joelhos. Com a moral de quem, fruto da idade, será chamado a esse desiderato. Pelo futuro da minha filha, dos filhos dos meus concidadãos europeus, o farei. Não sou, não quero ser, bisneto dos que não foram para a Índia…

 

 

 

 

 

 

Comments

  1. Nascimento says:

    O Zapata? Mas, esse gajo também já nessa altura queria pertencer á Nato ?ó pá…mas, ele não era assim um pouco esquerdoide? Bem,de qualquer modo sempre dá para CITAR, não é?Valentia não falta, sim senhor! Ide , ide, que eu já lá vou! Ok?

  2. Paulo Marques says:

    Não está disposto a usar uma máscara, mas está disposto a voltar à idade da pedra depois do holocausto nuclear. A retórica tem limites e o mundo é o que é.
    Nem combatemos muitos bons filhos da puta mais sanguinários, para nem falar na fome causada pelo FMI e Banco Mundial, mas a paz e a prosperidade são só a uma intervençãozinha de distância. Boa sorte com isso.

    • Fernando Moreira de Sá says:

      Foda-se, mas é burro ou faz-se? Alguma vez recusei usar máscara? Quem pensa Vossa Cavalgadura que é? Se não gosta, vá vomitar para outro lado

      • Paulo Marques says:

        Substitua a máscara por não ir ao restaurante em certas alturas, ou uma data de outras restrições. Ou, pronto, as tais “medidas inevitáveis” da “bancarrota”; comparado com envolver directamente a NATO, é peanuts.

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