Não, não estou a falar de um clube de futebol. Estou a falar de outra coisa. Criado na Rússia em 2004. Um “think tank” que traduzido para “areosês”* significa juntar os senhores e umas senhoras muito inteligentes que pensam muito sobre tudo e um par de botas mas, porque não há almoços grátis, depois dizem umas coisas sempre boas sobre quem convida e paga. No caso deste, a Rússia ou seja, Putin. Putin, claro e a história dos almoços, entendem?
Já para acalmar as almas mais sensíveis: sim, existem aos molhos em todo lado, até em Portugal e de todos os credos, ideologias e feitios. Pronto. Já posso continuar? Obrigado. Vamos então:
Como já disse antes aqui no Aventar, em tempos de guerra não se limpam armas. Por isso, sempre que vejo algumas comentadeiras nas televisões com umas opiniões opostas em pouco tempo, fico de pé atrás. Antigamente era muito difícil seguir o rasto. Só que graças aos senhores zuckas a coisa ficou um pouco mais fácil. Só para mim? Não, para todos. No caso presente, fico a dever este achado a um tweet do Sebastião Bugalho, a quem até já dei umas “lostras” verbais no Aventar. A verdade é que foi graças a ele que despertei para o tema:
Ora, eu gosto pouco de ser comido por lorpa. Imaginem este vosso retinto portista ir para a televisão falar, com a aura de grande independente, sobre o Porto vs Benfica. Era uma boa ideia, não? Até nem era original, o Braz andou pelas televisões como se fosse neutro e vai-se a ver até trabalha no departamento de futebol do Benfica. Mas , deixemos a bola para outro dia. Ora, o Major General Carlos Branco andou (anda) pelas televisões a falar sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Só que eu, depois de ter visto o seu nome no club VALDAI , acredito tanto na sua independência como na do Braz… Mas isso até nem era importante pois a independência das diferentes comentadeiras não é nenhuma novidade. Pois não. Mas nos últimos tempos fartei-me de ouvir e ler muito boa gente dizer coisas como: “atenção, é a opinião de um General, de um militar” como se fossem um exemplo de independência. E que tal sabermos por onde andaram nas suas actividades não militares? E depois, temos os militares ainda no activo. Em tempo de guerra não é boa ideia andarem a passear a sua vaidade pelas televisões. É uma questão de profissionalismo. Ou de falta dele…
Mas é grave andar pelos “valdai” da vida? Não, até por lá devem andar outros portugueses. E anda por lá muito boa gente que trabalha (ou trabalhou) nas diversas instituições da UE. Só que é importante saber. Para desmistificar a aura de independência dos senhores generais, majores, tenentes e quejandos. E até para saber com o que podemos contar. Porque quem não quer ser lobo não lhe veste a pele, certo?
Também era sério expor os que andam no clube de Lavos e do Bilderberg.
Concordo.
Afinal o Major-General Branco devia ter adivinhado há muito tempo que o Putin ia passar a ser inimigo. Imperdoável!
A propósito: já alguém investigou as relações e os programas universitários das nossas universidades com instituições russas? Cheira-me a que talvez existissem “surpresas”…
Ora muito bem!
Este andou no clube, o outro encontrou-se com ele 25 vezes e ouviu dele ameaças que nunca divulgou, os outros andaram a confraternizar, a dar Passos para abrir as Portas, e a prometer passaportes aos oligarcas…
Afinal, parece que os que são ferozmente acusados de “defender Putin” ou de “hesitar na condenação” são ainda assim os que menos ou nada têm a ver com a criatura e os seus criados…
Sem querer memorizar a ação criminosa de Putin sobre o povo da Ucrânia, vamos tentar perceber um pouco melhor este conflito sem aquela discussão muito nossa, “o meu clube faz menos trapaças que o teu”
Por vezes fico com a nítida sensação que esta guerra já com milhares de mortos está a tornar-se numa espécie de jogo de futebol.
Ainda não vi até hoje nenhum General convidado pelos vários canais de televisão, e já foram vários, defender a Invasão Russa.
Ainda não vi até hoje nenhum General convidado pelos órgãos de CS, defender a forma desastrosa como a NATO, primeiro, e a CEE, numa fase posterior, lidaram com o assunto Ucrânia.
“Claro, que as nossas Forças Armadas estão infiltradas de comunistas. Só pode! “
Os militares portugueses que falam nas televisões são Generais na Reserva ou Reforma, uma vez que os outros se inibem de o fazer em público, dizendo o que pensam, ainda que o façam em surdina nos Estados Maiores dos ramos.
Aliás não é por acaso que o PR sempre tão afoito em dar opinião sobre tudo, anda tão parcimonioso nas palavras em relação a este conflito. Os jornalistas bem puxam por ele, para que os acompanhe nesta agenda mediática, mas dali pouco ou nada sai. Alguém o aconselha, e bem.
A Europa entrou em cedência perante os EUA, em face da sua recusa em ter vós própria na NATO, por incapacidade ou falta de vontade de alocar mais recursos financeiros para o sector da Defesa. Essa verdade é inquestionável.
Um episódio de final deste janeiro de 2022 ilustrou essa perceção dessa cedência, quando o Almirante Kay-Achim Schönbach, Chefe do Estado Maior da Marinha, declarou numa conferência em Nova Deli, sobre Putin: “Pelo amor de Deus, respeitem-no! Custa tão pouco, quase nada. É fácil dar-lhe algum respeito, que é o que ele quer e realmente merece. A Rússia é um país antigo, a Rússia é um país importante. Mesmo nós, a Índia, a Alemanha, precisamos da Rússia, precisamos da Rússia contra a China”. Foi imediatamente demitido, mas houve pelo menos um ex-Chefe de Estado Maior e antigo Chefe do Comité Militar da Nato, Harald Kujat, que veio a uma televisão defendê-lo: “Se estivesse ainda em funções, teria defendido o Almirante Schönbach e tentado evitar a sua demissão por todas as formas… é do nosso interesse conseguir um resultado sensível, descalar e chegar a uma redução da tensão com a Rússia, naturalmente considerando também os interesses da segurança da Ucrânia”.
O artigo do Major General Carlos Branco nesse fórum reporta-se ao apoio das Forças Armadas no combate ao Covid 19, uma epidemia. Se isso pode associá-lo a uma simpatia pró Russa, então o que dizer dos vários militares Norte Americanos e Europeus que já participaram em expedições aeroespaciais e até científicas com os russos.
Devem ter-se convertido ao putinismo, com certeza.
O que referiu está certissimo, mas para quem usa a cabeça para pensar.
As forças armadas não podem ter opinião, por boas razões. Mas estou curioso sobre o que diria um certo almirante, desconfio que muitas cabeças iam girar tão depressa que saiam do pescoço.
Quem tiver paciência pode ler o artigo todo, bastante extenso, parece mais uma dissertação académica, do Major General Carlos Branco, no fórum “Vaidai”, sobre o tema:
“O empenhamento das Forças Armadas no auxilio dos Estados no combate à pandemia originada pelo Covid 19″, ao qual o Fernando Moreira de Sá faz referência,
” Para evitar ser apanhado desprevenido no futuro, é importante planear e montar exercícios frequentes para testar procedimentos e treinar o processo de tomada de decisão. Também neste domínio, as Forças Armadas, familiarizadas com a organização de exercícios semelhantes, poderão desempenhar um papel importante e dar um valioso contributo, escreve Carlos Branco, Major General (Reformado) do Exército Português, para valdaiclub.com.
A epidemia de COVID-19 evidenciou o despreparo dos países para enfrentar tal desafio. Os Estados levaram tempo para reagir e descobrir que suas reservas estratégicas não eram adequadas ao propósito. Como os recursos à sua disposição eram insuficientes, os governos recorreram à assistência militar. Neste texto, descrevemos como as forças armadas têm participado no combate à epidemia de COVID-19. Eles forneceram suporte principalmente em dois domínios genéricos: saúde e segurança interna. Varia de país para país, e não conseguimos encontrar uma resposta “tamanho único”.
Assumimos que os estados incluídos em nosso universo de observação não foram além da declaração do estado de emergência. Se o estado de sítio for declarado, estaremos agindo sob diferentes hipóteses, devido à sua relação direta com a segurança física do Estado. Nessa situação, as forças armadas desempenham um papel de liderança, em vez de responder às solicitações das autoridades de proteção civil.
Embora o estado de emergência não signifique o mesmo para todos os países, podemos encontrar alguns pontos em comum nas diferentes abordagens. Quando declarado, ele capacita os governos a tomar ações ou impor políticas que normalmente não teriam permissão para realizar. Quando aplicado ao combate à pandemia do coronavírus, significa que os militares não são a entidade responsável por liderar. Apenas suporta. A amplitude e a profundidade do apoio dependem de vários fatores: como os países são afetados pela epidemia, considerações da legislação nacional sobre a intervenção das forças armadas nos assuntos internos dos países, recursos das forças armadas e como a tradição e a cultura moldaram as relações entre os militares e sociedade.
Na maioria dos países, as leis nacionais impõem severas restrições à intervenção das forças armadas em assuntos internos em tempos de paz, mais no domínio da segurança do que no da segurança. As forças armadas são impedidas de fazer cumprir as leis domésticas. Esta situação pode mudar durante o estado de emergência, mas os parlamentos devem autorizá-lo. Até agora, as forças policiais conseguiram lidar com a deterioração da situação de segurança, mesmo nas situações mais prementes, como as que ocorreram no norte da Itália. Até o momento, não há informações sobre o engajamento dos militares no controle da agitação civil e na manutenção da ordem pública. Mas se os bloqueios continuarem, os governos podem ter que repensar suas opções.
Atuando em caráter complementar, a participação das Forças Armadas em tarefas de segurança interna visa mitigar o déficit de efetivos das forças de segurança, liberando-os para tarefas mais exigentes. Enquanto actuam em apoio às missões de protecção civil, respondem aos pedidos das autoridades/agências de protecção civil. Em ambos os casos, é necessária uma definição clara das relações de comando e controle entre as forças militares e policiais. A Espanha está em uma situação única. O exército tem uma unidade especial (Unidade Militar de Emergência) que trabalha no âmbito da proteção civil, e nessa qualidade seus soldados atuam sob o mesmo guarda chuva legal que a polícia civil, mesmo em tempos de paz. Esse status não é aplicável às tropas restantes que lutam contra a epidemia de coronavírus, a menos que o parlamento aprove um projeto de lei que lhes dê essas prerrogativas.
A natureza e a extensão do apoio fornecido pelas forças armadas refletem seus recursos e as necessidades concretas dos países. Nem todas as marinhas têm navios-hospital e as capacidades logísticas das forças armadas dos EUA. Algumas forças armadas podem fabricar medicamentos. As forças armadas das grandes potências costumam ter grandes estoques de medicamentos e equipamentos médicos e boas conexões com as comunidades científica e industrial. Alguns países como a Alemanha e o Reino Unido mobilizaram reservistas, outros chamaram o pessoal não ativo para se voluntariar. A forma como as sociedades encaram os militares também tem sido um fator considerado pelos tomadores de decisão, na hora de utilizá-los. Alguns governos não estão dispostos a dar-lhes alta visibilidade.
Deixando de lado as ressalvas e restrições, a lista de ações que as forças armadas estão realizando em diferentes países é longa. No domínio da segurança interna, e na maioria dos casos, as forças armadas têm apoiado as forças policiais na execução de múltiplas tarefas.
Nos países onde as fronteiras foram reintroduzidas temporariamente, como Espanha, França, Suíça e Itália, os soldados cooperaram com as forças policiais no controle das fronteiras. Na Suíça, o exército usou helicópteros e soldados de infantaria para monitorar as fronteiras. Os militares foram implantados em muitos países para impor bloqueios. Patrulharam ruas em áreas de quarentena, persuadiram os cidadãos a ficarem em casa e impuseram distanciamento social. Em alguns casos, eles fizeram isso usando drones com alto-falantes. Essas atividades foram realizadas isoladamente ou em patrulhamento conjunto com as forças policiais, devido a ressalvas legais. As necessidades operacionais e a legislação nacional definem até onde as forças armadas podem ir com esses arranjos. A Alemanha está preparando uma força militar para combater a epidemia composta por unidades não engajadas no exterior ou atribuídas à OTAN, com um amplo espectro de tarefas (reforço de bloqueios, apoio à população, garantia da ordem e regulação do tráfego, proteção contra armas de destruição em massa, desinfecção , e logística – transporte e armazenagem de mercadorias).
Outra faceta importante da participação dos militares na luta contra o COVID-19 é sua contribuição para aliviar a sobrecarga dos sistemas de saúde sobrecarregados: unidades médicas apoiaram hospitais civis, hospitais militares abrigaram pacientes contaminados com o coronavírus e implantaram e instalaram hospitais móveis e de campanha. Suas barracas também foram usadas para vários fins, como a instalação de centros de teste COVID-19 improvisados, nas entradas dos hospitais, evitando assim a contaminação do pessoal médico. Juntando-se ao esforço para conter o vírus, a equipe médica militar também operou centros de testes para coronavírus em comunidades vulneráveis. Em alguns lugares, unidades militares transformaram alguns de seus quartéis em berçários para abrigar pacientes que não estão em estado crítico. Os EUA enviaram dois navios-hospital da Marinha para Nova York e Los Angeles, para ajudar os hospitais sobrecarregados com pacientes infectados com o coronavírus. Os engenheiros militares também ajudaram a construir centros médicos improvisados para ajudar as populações que vivem em áreas críticas. Em casos extremos, como no México, os militares assumiram a responsabilidade de administrar os hospitais. Além de repatriar cidadãos italianos e europeus, a força aérea italiana transportou material e equipamentos médicos para proteção civil e apoio logístico para hospitais de campanha.
As forças armadas com capacidade de produção de medicamentos também contribuíram para mitigar a escassez de produtos e equipamentos médicos. Eles fabricaram desinfetantes, desinfetantes para as mãos, paracetamol, antivirais e outros medicamentos que as empresas farmacêuticas não produzem mais, mas que são necessários para combater o COVID-19. Na Espanha, as tropas aerotransportadas produziram máscaras de baixa tecnologia para compensar a escassez no mercado.
Os militares também colocam seus serviços de logística e experiência à disposição das autoridades e agências de proteção civil para atender a inúmeras necessidades. Na Itália, eles transportaram cadáveres de necrotérios para cemitérios, entregaram refeições em áreas de confinamento (às vezes de helicóptero) e ajudaram moradores de rua. Em Wuhan, o PLA assumiu toda a responsabilidade de fornecer suprimentos médicos e críticos. As unidades militares químicas, biológicas e bacteriológicas também participaram na descontaminação e desinfecção das instalações e adaptaram as suas viaturas para realizar a desinfecção de grandes áreas.”
Quem garante ao Fernando Moreira de Sá que no Clube Valdai só se diz bem de Putin (se é que se diz alguma coisa dele)?
Se o Clube Valdai é um grupo de discussão, é provável que nele se discuta muita coisa, e nem sempre da forma que Putin mais gostaria.
Eu não assisto às reuniões desse Clube e portanto não sei o que nele se diz. Penso que o Fernando Moreira de Sá está na mesma situação. Não sabendo, não convém deitarmo-nos a presumir.