A justificação apresentada pelo PCP, para não participar na sessão parlamentar onde hoje discursou Zelenskyy foi, para mim, um completo absurdo. Dizer que a sessão parlamentar foi “concebida para dar palco à instigação da escalada da guerra” não faz qualquer sentido, não só porque não existe uma guerra, mas uma potência agressora que invadiu um Estado soberano, e um povo que resiste como pode, mas também porque dar a palavra a um líder democraticamente eleito, gostemos ou não dele, não instiga coisa nenhuma, porque não é a vinda de Zelensky à Assembleia da República que fará aumentar a intensidade do conflito. Quem o iniciou e decide se a sua intensidade aumenta ou diminui é Moscovo, não Kiev.
De igual forma, a sessão parlamentar onde Zelensky marcou presença não é “contrária à construção do caminho para a paz”. Contrário à construção da paz é a invasão russa, o massacre de civis, as cidades arrasadas e a recusa de Putin em recuar e parar a carnificina. Não sei como pretende o PCP que se construa a paz, quando estamos perante uma invasão deste grau de brutalidade, dirigida por um carniceiro que pretende esmagar e anexar um Estado soberano, mas a única saída possível para esta agressão é a retirada completa das tropas russas, Donbass e Crimeia incluídas. O que pretende o PCP? Que a Ucrânia se renda e entregue as chaves de Kiev a Putin? Se não é, parece, porque é exactamente isso que acontecerá caso os ucranianos deixem de se poder defender. E sim, eles precisam mesmo de armas. Putin não quer saber de palavras ou diplomacia.
Dizer que Zelensky “personifica um poder xenófobo e belicista, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e neonazi” é um delírio que mais não é do que um eco da posição do Kremlin. É de uma desonestidade atroz, insultuosa, querer convencer todos os portugueses que Zelensky, o seu governo e as instituições ucranianas estão integralmente ao serviço de uma qualquer agenda nazi-fascista, quando é precisamente Putin quem mais tem financiado essa agenda por toda a Europa e não só. E é também um insulto para a esquerda a que me orgulho de pertencer, que sempre se posiciona ao lado do agredido, nunca do lado do agressor.
É verdade que o regime ucraniano está longe de ser uma democracia liberal, que têm sido cometidos abusos por parte de Kiev, anteriores à invasão, e que o Batalhão Azov e outras organizações de fascistas e neo-nazis me causam arrepios na espinha. E que a tentativa de branquear estas forças, estranhamente popular por estes dias, me dá náuseas. Porém, perante a situação actual, a Ucrânia precisa de todos para resistir à invasão. Tal como a Europa precisou de americanos é soviéticos para resistir à Alemanha nazi. Mas reduzir todo um povo, toda uma nação, a um bando de nazis e fascistas, é brincar com a inteligência das pessoas.
Lamento, mas lamento mesmo, assistir a este triste espectáculo em Abril, a poucos dias da revolução que nos libertou do nosso próprio Putin. Agora imaginem o que teria sido dela, da revolução, se aqueles que apoiaram e financiaram a resistência comunista, fundamental, como nenhuma outra, para a queda do Estado Novo, se tivesse abstido de o fazer, alegando não querer contribuir para a escalada do conflito. Tenham noção.
Porque é que estás a confundir um político com falhas cada vez mais evidentes com o povo? E porque é que uma supostamente possível vitória pirrica de destruição prolongada é um bom cenário? De resto, alguém que fecha os olhos a uma limpeza para depois os colocar nas estruturas do governo, chama-se o quê? Pois, já sei, Churchill, uma comparação que, de favorável, nada tem.
Para ouvir comparações com o 25 de Abril, depois de banir TVs e partidos, e para ouvir que temos que voltar ao whitesplaining em África, e ouvir os colegas a bater palminhas, fez o PCP muito bem.
Nada é tão simples como diz o autor do artigo. Estou mais de acordo com o comentador anterior.
« fascistas e neo-nazis»
Utilizam-se palavras tendo o cuidado de não as definir.
É esse o método usado por toda a propaganda desonesta, em que os soviéticos se especializaram e os seus sucessores e órfãos não descuram.
Estou certo que o Putin dirá dos seus fascistas e neo-nazis que são patriotas.
Ó camarada, chame o que quiser, é verdade que o termo não é correcto, mas também é verdade que não é uma ideologia comum, é um desejo de controlo comum. Tanto é, que se tatuam com ele.
E não é o mesmo, e isso é que será provavelmente propaganda hoje, e não é o que diz o PCP nem muita gente, que o poder ser monolítico nesse desejo. Simplesmente é indiferente. E, sim, ao contrário da Rússia, onde é claramente uma arma do regime.
De acordo com o senhor Paulo Marques
Isto os média pró NAZIS ocidentais não mostram, apenas incentivam ao ódio e à guerra, com o patrocínio dos EUA e da sua prostituta UE, com Portugal como a mais badalhoca da beira da estrada, aqui na beira da Europa a virar NAZI.
https://twitter.com/JhonnyNicaragua/status/1517221610993987585?s=20&t=1hRixriO-BDsu0h5oNiypQ
Tudo se resume a algo que só a contragosto posso designar por ideologia.
Se a ideia começa por ser a representação do real, dificilmente se pode chamar ideologia ao conjunto de ideias em que a negação do real constitui a missão, ao serviço de um projecto de poder, a que é indiferente chegar pela verdade ou pela mentira.
Chamam a isso criar as condições materiais que viabilizem realizar um ideal, que por definição é uma ideia de uma realidade a criar.
Criadas as condições para um mentir pleno de convicção, de sentido de missão, de incontestável verdade no mentir, fica o resultado pendente do desempenho do actor a cargo da tarefa e da imbecilidade do auditório.
No caso, nada há de surpreendente, salvo que a actriz é demasiado pouco empática, Quanto à imbecilidade da audiência, há uma quota sempre garantida entre a esquerdalhada.
Os ucranianos defendem-se como podem, e é isso o essencial neste momento. O problema em seguida são os belicistas de ambos os lados. Aqueles que, em função das circunstâncias e das cores, são umas vezes pelas negociações e outras pela escalada militar.
Como a comunicação-social não publica um só artigo nosso, tomei liberdade de dar a conhecer a nossa opinião politica , sobre o que aconteceu na Assembleia da República;
Parlamento burguês, governo e presidente da República de joelhos perante o imperialismo americano
A via nunca poderá ser apoiar um imperialismo para combater o outro!
Numa posição de completa subordinação, submissão e obediência servil, todos os órgãos do poder e seus representantes cumpriram o ritual pré-estabelecido e foram ao beija-mão virtual de Zelensky, o alter-ego de Biden, prestando, desse modo, vassalagem e todo o apoio ao imperialismo americano, à NATO, ao imperialismo europeu, concordando e assinando a vinculação nacional à terceira guerra mundial. A História por mais que a branqueiem não os vai esquecer a sua responsabilidade neste acto criminoso.
Zelensky, obviamente, desempenhou o papel que lhe cabe, no périplo que lhe destinaram. Em nome da PAZ, Zelensky, tentando emocionar de forma primária o auditório, repetiu-se e pediu armamento e mais armamento, sobretudo armamento pesado para “defender” a Europa, quiçá o planeta, ao mesmo tempo que faz do povo ucraniano um povo mártir numa guerra inter-imperialista expansionista e de pilhagem de recursos e matérias-primas que não é sua. Uma coisa é certo que liga Putin, Biden e Zelensky – o seu anti-comunismo.
Passados “apenas” dois meses desde o início da “operação militar especial”, a quantidade de armamento de toda a espécie, que tem passado pela fronteira da Ucrânia, atingiu números astronómicos. Os milhares de milhões de dólares e euros investidos nesta guerra não só agora, mas já anteriormente aquando do seu verdadeiro início, (como já não escondem), são verbas obscenas que deixaram de poder ser investidas no desenvolvimento da sociedade humana.
São os próprios Estados Unidos que hipocritamente afirmam não saber em que mãos está esse armamento! Amanhã, virão dizer que não sabiam que estavam a armar milícias nazis em todo o mundo! Eles só enviam as armas! A responsabilidade da distribuição é dos ucranianos, dizem! Mas, tudo em nome da paz, Claro! Tudo para combater o seu inimigo russo, num combate que lhe vai permitindo, paralelamente, dominar a União Europeia, obrigando-a a maiores investimentos nas forças armadas, dotando-as de capacidade ofensiva substancial preparando-se, assim, para um conflito mundial frontal e aberto, nem que para isso tenha de destruir os povos da Ucrânia. Isto sim, é um autentico genocídio.
É o próprio Zelensky que, sem medos, afirma: “Há quem no ocidente não se importe com uma longa guerra, porque isso significaria esgotar a Rússia, mesmo que isso represente o desaparecimento da Ucrânia e o sofrimento do seu povo.” E ele, como já provou e está a provar, também não se importa.
É nesse contexto que não podemos deixar de afirmar e acusar claramente: todos os que subsidiam esta guerra, com armas, com equipamentos, com dinheiro, com sansões, com participações em legiões estrangeiras, à semelhança de Napoleão, sabem o que estão a fazer – estão a intervir e a participar, porque escolheram e provocaram esta guerra como o único meio de vencerem a crise que está em pleno movimento e em que se afundam. É essa condição inerente ao capitalismo que pretendem superar.
Afinal, o povo ucraniano morre de fome e de sede, mas o espaço da Ucrânia está atafulhado de armas sofisticadas, o financiamento não falta, e mercenários também não!
Quando chegar a altura da repartição, Zelensky vai exigir o seu quinhão. Mas pagará Roma, desta vez, a traidores?
Está será sempre a posição de muitos de nós…A via nunca poderá ser apoiar um imperialismo para combater o outro! O que se está a passar é uma guerra inter-imperialista!!! Contra o genocídio que esta guerra está a provocar, os povos ucranianos e russos devem recusar ser carne para canhão!!!