Mandado de parvoíce internacional

O mandado de captura internacional que o Tribunal Penal Internacional emitiu para a detenção de Vladimir Putin é uma parvoíce sem efeitos práticos.

Em primeiro lugar porque a Federação Russa nunca reconheceu autoridade ao TPI. Tal como os EUA ou a China. Grandes potencias nunca se submetem à vontade da maioria.

Nunca.

Aliás, durante a presidência Trump, o governo norte-americano ameaçou prender e sancionar juízes do TPI caso algum militar ou decisor dos EUA fosse acusado de crimes de guerra cometidos no Afeganistão. Crimes esses que, de facto, e tal como os russos, foram cometidos. [Read more…]

Os argumentos de Putin estarão no Porto, no próximo 25 de Abril

Jordan Peterson tem sido um dos tais que condena a invasão de Putin com um “mas” a seguir.

Porém, ao contrário daqueles que apontam a ingerência norte-americana como causa primária para o conflito, Peterson tem uma explicação mais criativa para “operação militar especial” do Kremlin: a culpa é do “Ocidente degenerado”.

Tal como os eternos combatentes do imperalismo conduzido a partir de Washington, Jordan Peterson tem igualmente apontado o “expansionismo da NATO” como causa da invasão. [Read more…]

Líder do Grupo Wagner goza com a cara dos europeus

No que diz respeito a contestar as sanções contra mim e as sanções contra [o grupo] Wagner, não vou contestá-las e acredito que neste momento estas são impostas de forma muito razoável.

Um dos mais fortes candidatos à sucessão de Vladimir Putin, Yevgeny Prigojin, entende que as sanções impostas pelo Ocidente contra si e contra o grupo terrorista que dirige são razoáveis. Que é o mesmo que dizer que se está nas tintas para elas. Poderá ser bluff. Ou então mais uma prova de que os principais atingidos pelas sanções são os europeus. Sobretudo as classes média e baixa, que as elites estão a adorar a inflação. Principalmente a artificial. E os lucros extraordinários cujo nome não devemos pronunciar.

In a 2006 photo, Russian President Vladimir Putin (left) hosts U.S. President George W. Bush in St. Petersburg, Russia. At second right is Russian businessman Yevgeny Prigozhin, known as “Putin’s chef.” The U.S. has charged Prigozhin with running an Internet operation that interfered with the 2016 U.S. presidential election. He’s also been sanctioned for supporting Russia’s occupation in Ukraine.

André Ventura recebe os amigos de Putin

Em menos de 24 horas, André Ventura recebeu o emissário de Orbán, principal aliado europeu de Putin e força de bloqueio de sanções da UE ao Kremlin, e questionou os aliados de PCP, BE e PS, com Moscovo nas entrelinhas e acusações de hipocrisia. [Read more…]

Lista dos 14 oligarcas “misteriosamente” desaparecidos

Enforcamento, ataque cardíaco e quedas de muitos andares ou lanços de escadas, eis como se “suicidam” os oligarcas na Rússia contemporânea. Em princípio foram gajos da CIA. No Kremlin são todos bons rapazes. Goodfellas.

O plano de Xi, presidente do conselho de administração do capitalismo

Xi Jinping, presidente da China e do conselho de administração do capitalismo, apresentou há dias o seu plano para a paz na Ucrânia, em 12 pontos.

Um plano bonito, repleto paz, diálogo, desanuviamento, diplomacia, trocas comerciais, reconstrução e mais uns quantos amanhãs que cantam.

O capítulo sobre a soberania, contudo esconde uma ambiguidade gritante, que pode ser encarada a partir de duas perspectivas: a óbvia, que é a cedência aos interesses russos, e a da realpolitik, que assenta na constatação de que será muito difícil, para não dizer impossível, a Federação Russa abandonar as zonas ocupadas. Como de resto não abandonou a Crimeia, desde 2014, situação com a qual o Ocidente sempre viveu bem. [Read more…]

Um ano de guerra e no fim ganha a China

Em dois dias, Putin revogou o decreto que reconhece a soberania da Moldávia e saiu do acordo para redução do armamento nuclear. Um ano depois do início da invasão, caminhamos em direcção ao abismo. Ainda assim, por algum motivo que me ultrapassa, há quem acredite que estamos – o Ocidente – a ganhar a guerra. Apesar do impasse no terreno, da inflação galopante, da polarização, das sanções selectivas que deixam de fora o comércio de diamantes e permitem que empresas como a Leroy Merlin apoiem o esforço de guerra russo, e da erosão da democracia, que o próprio Putin passou duas décadas a financiar, com relativo sucesso. Um ano depois, o mundo é um lugar mais perigoso. E no fim ganha a China.

A invasão da Ucrânia e o PCP na twilight zone

Não me incomoda tanto a caracterização que o PCP faz de Zelenskyy como me incomoda a caracterização que não o vejo fazer de Putin. Ou de Xi Jinping e do seu Grande Irmão tecnológico. Ou do próprio Kim, que alguns comunistas entendem não dirigir um regime brutal de absoluta negação da liberdade e da democracia. Não me recordo de ler palavras tão hostis dirigidas a qualquer um deles.

Não que os seus críticos à direita, e mesmo em parte da esquerda, tenham grande arcaboiço moral para apontar dedos. Ainda me lembro, porque não foi assim há tanto tempo, de quando Putin era “um dos nossos”. De quando dançava com Bush, trazia o bobi para a reunião com Angela Merkel e dava carta verde aos seus oligarcas, então investidores, para comprar clubes de futebol, hotéis, iates e vistos gold na Europa. De quando a bandeira do VTB esvoaçava ao lado do Banco de Inglaterra, no coração da City. Dos braços abertos com que o Ocidente os recebia, apesar da lista interminável de crimes do regime russo. [Read more…]

Putin e o mercado livre

O documentário que passou ontem na CNN, Putin: o Caminho da Guerra, não é apenas claro sobre a natureza totalitária e monstruosa de Vladimir Putin. É todo um tratado sobre a hipocrisia do Ocidente, que sempre soube quem ela era e quais eram os seus métodos, mas preferiu assobiar para o lado.

E porquê?

Para evitar a fuga dos rublos e, sobretudo, para garantir que a economia russa se mantinha perfeitamente integrada nessa ilusão predatória a que chamam “mercado livre”. Porque os interesses das grandes multinacionais europeias e americanas não poderiam ser afectados por temas menores, como os direitos humanos. [Read more…]

Adesão à UE: a mentira que estamos a vender à Ucrânia

Andamos a vender uma mentira aos ucranianos. A mentira de um sonho europeu que está a anos, décadas de distância, isto se algum dia a Ucrânia reunir as condições necessárias para conseguir a adesão. A menos que a União decida ignorar as regras, o que não é bem o seu estilo. Isto se não considerarmos os resgates da economia italiana, que não se chamam bem resgates. Resgates é para PIGS como Portugal ou Grécia. Para cães grandes do G8 usa-se um eufemismo qualquer que agora não me ocorre.

O processo de adesão, que é longo, tem várias etapas e exige uma série de garantias, não será acelerado, por dramática que seja a situação na Ucrânia. Não será nem pode ser. Porque é contrário às regras europeias, porque abre um precedente perigoso e porque a Ucrânia não está perto de cumprir os necessários requisitos. E ao contrário daquilo que alguns defendem, creio que não teria qualquer impacto prático na invasão em curso. Quanto muito aumentaria a probabilidade de alargar as fronteiras da invasão e transformá-la numa guerra a sério. E aí é que iríamos ver o que é inflação.

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Condecorem os estrategas geopolíticos de Vladimir Putin, já!

De forma inteligente e educada, e com o Kremlin enquanto alvo das suas declarações, o presidente finlandês explicou, há dias, o porquê do seu país estar à beira do fim de uma longa tradição de neutralidade, estando já em processo de adesão à NATO:

– Foram vocês que causaram isto.

Compreende-se. Se eu vivesse num país que partilha 1300km de fronteira com a Federação Russa, já teria metido os papéis mais cedo.

Sim, já sei que vou levar com malta a falar dos crimes da NATO. Não os ignoro. Nem vou perder tempo a argumentar porque a complexidade dessa discussão daria para um outro post, ou vários, mas não será este.

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Maria Vieira, incondicionalmente com Putin

Sinto-me na obrigação de elogiar Maria Vieira. Perante o surto de cobrado-hipocrisia na área mais extrema da direita, Vieira é uma lufada de ar fresco de honestidade. Diz ao que vem e quem diz ao que vem não merece castigo.

Duas décadas a financiar a extrema-direita, e é esta a paga que Putin recebe. Mas nem todos são traidores, ou dissimulados, ou sleeper agents. Algumas, como Maria Vieira, não cospem no prato que deu de comer ao projecto ideológico em que o seu partido se insere. Uma Europa de soberanias nacional-fascistas.

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Federação Russa: be careful what you wish for…

Uma hipotética implosão da Federação Russa poderá revelar-se uma catástrofe mundial sem precedentes. A transformação do gigantesco território russo numa manta de repúblicas “independentes” e “populares”, com a proliferação nuclear que daí resultará, multiplica por horrores a hipótese remota, mas não impossível, de um disparo fatal. A julgar pelos senhores da guerra que se seguiriam, como o carniceiro Checheno Ramzan Kadyrov, julgo que não demoraria muito até aparecer alguém a dizer “volta, Putin, estás perdoado”. Bem sei que é uma infâmia, sequer pensar uma coisa destas, mas o Saddam também era uma monstruosa besta e o que se seguiu foi bem pior. Sorte a nossa, as armas de destruição maciça não estavam lá. Acontece que a Federação Russa não é o Iraque e o que para lá não falta são nukes. Be careful what you wish for…

Europa Salazar

Na semana passada, Federação Russa levou a cabo exercícios militares com mísseis balísticos Iskander, no enclave de Kaliningrado, o posto avançado do Kremlin no nordeste da União.

Segundo o Ministério da Defesa russo, o exercício consistiu numa série ataques contra posições que simulavam sistemas de lançamento de mísseis, infra-estruturas estratégicas e outras alvos militares. O exercício simulou também operações em contexto de radiação e contaminação química.

Moscovo está em alerta nuclear desde o início da invasão. Para evitar o envolvimento directo dos EUA e garantir que o espectro do medo continua a assombrar a Europa.

Existem inclusive relatos que dão conta de uma tentativa de normalização do uso de armas nucleares, através da imprensa russa, toda ela controlada pelo Kremlin.

Este clima de intimidação permanente não é tolerável. E por muito que a NATO tenha provocado a Federação Russa – e isso não é apenas factual, é uma constante, desde a desintegração da URSS – existe uma diferença abismal entre os jogos de xadrez da NATO, que a Federação e os seus aliados também praticam, e a destruição em curso da Ucrânia, com a ameaça objectiva de um ataque nuclear.

Pagaremos cara, muito cara, a cobardia de não abdicar do conforto que o gás barato da oligarquia russa nos proporciona. Queremos armar a Ucrânia a todo o custo, mas somos incapazes de parar o fluxo de euros para as contas bancárias do Kremlin, que Putin usa para massacrar ucranianos. Esta Europa é como Salazar, a apoiar os Aliados e a vender volfrâmio aos nazis.

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Se vamos investigar o PCP, investigue-se o PSD também

Essa ideia de se investigar um partido, por ter uma posição com a qual não se concorda, parece-me uma ideia pouco democrática. Mas se é para ser, então que seja retroactiva. Porque se vamos investigar as ligações do PCP ao Kremlin, talvez fizesse igualmente sentido investigar o PSD, porque a ascensão meteórica de Durão Barroso, da Cimeira das Lajes para a presidência da CE, e daí para a do Goldman Sachs, para ainda ir parar à Aliança Global para as Vacinas, também dava uma bela de uma investigação.

Papa Francisco, agente do Kremlin

A direita não morre de amores por Francisco. Alguma odeia-o abertamente. E só não odeia mais, e mais vocalmente, porque a máscara cristã pode cair, o que é sempre chato.

As declarações feitas pelo papa ao Corriere della Sierra, sobre a invasão russa da Ucrânia, têm tudo para o transformar num perigoso neofascista a soldo de Putin, ou num comunista, que, segundo o Ministério da Verdade, é uma e a mesma coisa.

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O IV Reich passa por Estocolmo

O regime russo deu mais um passo em direcção a demência colectiva, lançando uma campanha de demonização da Suécia e do seu povo, que classifica, sem surpresas, de nazi.

Este grau de imbecilidade não surpreende, ou não vivesse eu num país onde alguma esquerda acusa toda a direita de filiação fascista, tal como um significativo sector da direita acusa toda a esquerda de estalinista, para não falar no anedótico PSD, que por estes dias acusou Costa de liderar um regime totalitário. Tolinhos ou aldrabões manipuladores, são todos a mesma merda, cagada no mesmo esgoto propagandístico.

A diferença, claro, é que as declarações russas tendem a preceder “operações militares especiais”, também conhecidas por “desculpa esfarrapada para justificar invasões motivadas pelo controle geopolítico e de recursos naturais”. Depois temos que aturar os líricos a falar sobre a paz, como se fosse possível negociar coisa que se parecesse com um fascista, financiador de outros fascistas, que acusa tudo o que mexe à sua volta de nazi. E ainda há quem se admire com a intenção da Suécia e da Finlândia de abandonar a neutralidade e aderir à NATO. Contra um pulha como Putin, mais vale prevenir – com armamento até aos dentes – do que remediar.

A União Soviética nunca existiu

Tal como certos e determinados camaradas do Partido Comunista da União Soviética foram desaparecendo “misteriosamente”, das fotos e da face da Terra, também Putin, experiente na arte de fazer desaparecer opositores políticos, pretende que a Ucrânia desapareça sem deixar rasto. As acções do Adolfo de São Petersburgo falam por si.

Azar o dele, a prática da lavagem cerebral torna-se menos eficiente do lado de lá das fronteiras russas, pese embora a adesão de vastas regiões do globo à propaganda, que a arrogância eurocêntrica, cheia de si, não consegue vislumbrar ou combater. Uma das traves mestras da sebenta fascista de Putin, é a ideia de que a Ucrânia não existe enquanto país, por resultar do colapso da URSS. Ora, por essa ordem de ideias, também a URSS nunca existiu como país, por resultar do colapso do império czarista. No limite, nenhum país existe, porque as fronteiras estão há séculos em constante mutação. Itália e Espanha seguramente não existem. Alemanha idem. Portugal também não tem grande esperança de existir, na medida em que resultou de um condado atribuído pela coroa de León a Henrique de Borgonha.

O mais triste nesta narrativa da não-existência da Ucrânia nem é a propaganda russa. Propaganda é propaganda, não é para levar a sério. O mais triste é mesmo haver quem viva numa democracia, com acesso livre a fontes informação sem censura, e acredite numa estupidez desta magnitude.

Viktor Orbán, o Salazar de leste a precisar de cair da cadeira

Retirado do About Hungary, um site de propaganda do regime, onde o culto da personalidade de Orbán ultrapassa todos os limites do lambe-cuzismo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Péter Szijjártó:

At the same time, he continued, the security of Hungary and the Hungarian people is more important to us than anything else. “This is not our war, so we want to stay out of it and we will stay out of it” he wrote, adding that the government is not willing to risk the peace and security of the Hungarian people, “so we will not deliver weapons and we will not vote for energy sanctions” Minister Szijjártó said that on all these issues, the Hungarian people on Sunday expressed a clear opinion and made a clear decision.

No fundo estamos perante uma espécie de salazarismo igualmente servil, que ao invés de se dizer do lado dos Aliados enquanto colabora com os opressores do Eixo, se diz do lado das democracias liberais, apesar de não passar de um emissário de Putin no seio da UE e da NATO. Espero que, tal como Salazar, tenha em breve a oportunidade de declarar luto nacional pela morte de Putin. Podendo também cair de uma cadeira, não se perde nada.

PSD, PS e CDS na rota da espionagem russa

Depois do escândalo em Setúbal, que ocupou o espaço mediático e os feeds das redes sociais durante todo o dia de ontem, pouco se falou sobre as exactas mesmas suspeitas em torno das autarquias de Albufeira, Aveiro e Gondomar. O facto de serem governadas por PSD, PSD/CDS e PS, respectivamente, não terá sido motivo de interesse, como se verificou no caso de Setúbal. E isto diz-nos muito sobre a agenda que norteia este debate, que parece ter mais a ver com a necessidade de manter o cerco ao PCP do que com o apuramento daquilo que realmente se passou ou com o perigo que tal representa para os refugiados ucranianos. Business as usual.

A escolha fácil entre Macron e Marine Le Putin

A vitória de Macron era expectável, mas não estávamos livres de uma desagradável surpresa. Felizmente, a extrema-direita fez aquilo que sabe fazer melhor: não passar. E não passou.

Se Macron seria o meu candidato, fosse eu francês? Seguramente que não.
Se eu votaria nele na segunda volta?
Sem pestanejar.
Quando as escolhas são todas más, opta-se sempre pelo mal menor. E Macron, na pior das hipóteses, era o mal menor. Infinitamente menor que a emissária de Putin no centro da Europa.

No Kremlin, as garrafas de champanhe voltaram para o frigorífico. Havia esperança, proporcional ao medo do lado de cá, mas Putin acabou por ser o grande derrotado da noite. Putin, Salvini, Orbán, Farage, Gauland, Wilders, Abascal, o coiso e todos os novos fascistas que sonham com uma Europa dividida, à mercê do Kremlin. Como diria o grande Diego Armando Maradona, “que la chupen y sigan chupando”.

P.S: Para aqueles que continuam a normalizar o CH, a começar pelo PSD de Rui Rio, notem que Ventura e Putin estiveram no mesmo coro de apoio a Le Pen. Porque, no fundo, jogam todos na mesma equipa, diga o CH o que disser no Parlamento. Querem sentir o pulso à extrema-direita portuguesa? Ide ler a carta de amor de Maria Vieira ao regime russo.

Não te enterres mais, PCP

Acho piada, mesmo muita piada, àquela malta do PCP que fica muito indignada por ver o seu partido debaixo de fogo, devido às posições ambíguas e altamente duvidosas sobre a invasão da Ucrânia, quais caixas de ressonância da propaganda do Kremlin, a dizer que o Zelensky é um facho e um nazi e mais não-sei-o-quê, e que o PCP fez muito bem e não estar ontem na Assembleia da República a ouvi-lo, porque ele baniu partidos e até levou um peido nazi da escumalha Azov ao parlamento grego. Sim, tudo isso é verdade. Imagino que Estaline também não terá morrido de amores quando teve que dar as mãos aos capitalistas para derrubar Hitler. Mas permitam-me um “foda-se” introdutório para vos dizer isto: quantos partidos existem mesmo no parlamento daquele regime que todos os anos é convidado para a Festa do Avante, chamado Coreia do Norte? E quem é que anda mesmo a financiar tudo o que é facho por essa Europa fora?

Exactamente.

Vá, deixem-se lá de merdas e não se enterrem mais.

Zelensky e o delírio do PCP

A justificação apresentada pelo PCP, para não participar na sessão parlamentar onde hoje discursou Zelenskyy foi, para mim, um completo absurdo. Dizer que a sessão parlamentar foi “concebida para dar palco à instigação da escalada da guerra” não faz qualquer sentido, não só porque não existe uma guerra, mas uma potência agressora que invadiu um Estado soberano, e um povo que resiste como pode, mas também porque dar a palavra a um líder democraticamente eleito, gostemos ou não dele, não instiga coisa nenhuma, porque não é a vinda de Zelensky à Assembleia da República que fará aumentar a intensidade do conflito. Quem o iniciou e decide se a sua intensidade aumenta ou diminui é Moscovo, não Kiev.

De igual forma, a sessão parlamentar onde Zelensky marcou presença não é “contrária à construção do caminho para a paz”. Contrário à construção da paz é a invasão russa, o massacre de civis, as cidades arrasadas e a recusa de Putin em recuar e parar a carnificina. Não sei como pretende o PCP que se construa a paz, quando estamos perante uma invasão deste grau de brutalidade, dirigida por um carniceiro que pretende esmagar e anexar um Estado soberano, mas a única saída possível para esta agressão é a retirada completa das tropas russas, Donbass e Crimeia incluídas. O que pretende o PCP? Que a Ucrânia se renda e entregue as chaves de Kiev a Putin? Se não é, parece, porque é exactamente isso que acontecerá caso os ucranianos deixem de se poder defender. E sim, eles precisam mesmo de armas. Putin não quer saber de palavras ou diplomacia.

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Cavaco Silva e PSD, defensores do Apartheid

Em 1987, Cavaco Silva votou contra a resolução da ONU que exigia a libertação imediata de Nelson Mandela, alegando, mais tarde, que o texto continha “um incentivo à violência”.

Em 2022, o grupo parlamentar do PCP votou contra a vinda de Volodymyr Zelenskyy à Assembleia da República, alegando que a sua presença no hemiciclo contribui para a escalada do conflito.

À luz da narrativa dominante, que considera que o PCP está ao serviço da Federação Russa e de Vladimir Putin, validando os seus métodos, é legítimo considerar que o PSD esteve ao serviço do regime do Apartheid, validando o racismo, a segregação e a tirania do regime sul-africano de então. Portanto, se o PCP é o partido do Kremlin, o PSD é o partido do Apartheid.

E se não tivermos sempre Paris?

Marine Le Pen e o seu financiador, Vladimir Putin

A possibilidade real de Marine Le Pen ser a próxima presidente francesa é uma ameaça séria ao projecto europeu mas, sobretudo, uma enorme ameaça à segurança do mundo Ocidental. Ter esta mulher como líder da única potência nuclear da UE, cuja ascensão foi em larga medida patrocinada e financiada pelo Kremlin, mais ainda num momento como o que vivemos, devia fazer soar todos os alarmes. Ter uma emissária de Putin com poder em Bruxelas, na NATO e no próprio Conselho de Segurança da ONU, alterando a balança do poder em favor do eixo Moscovo-Pequim, pode ser o fim da história como a conhecemos. Não estarmos todos alarmados com esta possibilidade alarma-me ainda mais. Não sei se a Eurasia de Medvedev chegará algum dia de Vladivostok a Lisboa, mas está a aproximar-se perigosamente de Paris.

Paz para a Ucrânia, armas para os ucranianos, condolências para o PCP

Foto de Waldemar Walczak

Eu também quero paz para a Ucrânia. Porém, ao contrário dos líricos e dos colaboracionistas dissimulados, também quero que as democracias continuem a apoiar os ucranianos com ajuda humanitária, dinheiro e sobretudo armas. Muitas armas. Armas para se defenderem das tropas invasoras, para rebentarem com os seus tanques, para abaterem os aviões que bombardeiam, para explodir com os veículos de lançamento de rockets e outros shells, para transformar a vida dos imperialistas russos num Inferno. Porque isto não é uma guerra. É uma invasão. Uma invasão onde existe um agressor, que invadiu, e um agredido, que resiste como pode. E é do lado do segundo que se devem posicionar os democratas.

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UE apoia esforço de guerra russo com 35 mil milhões de euros

Holanda, Grécia, Itália, Hungria, Bulgária e Alemanha continuam a comprar petróleo russo. Se falarmos em compra de gás, o número de democracias (calma, não estou a incluir aqui a Hungria) que continua a financiar o massacre de ucranianos aumenta ainda mais. Entre o branqueamento comunista da barbárie e a hipocrisia colaboracionista de liberais, conservadores e social-democratas, venha o Diabo e escolha. Não se aproveita um.

O vassalo de Putin infiltrado na UE e na NATO

Putin apressou-se a parabenizar Orbán pela vitória nas Legislativas de Domingo, sublinhando a importância dos laços que os unem, e que são sobretudo ideológicos.

Orbán é um dos líderes europeus que mais entraves tem colocado à estratégia da União Europeia para sancionar Moscovo, postura que já remonta à anexação da Crimeia. Nas últimas semanas, e só para dar alguns exemplos, opôs-se a sanções ao sector energético russo e à passagem de armamento oferecido à Ucrânia por outros estados-membros da União Europeia. E este Domingo, no discurso de vitória, deixou bem clara a sua posição:

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Zelenskyy distribui leite Mimosa em Bucha

Chamem-me parolo, mas encheu-me de orgulho ver um bocadinho de Portugal a fazer a diferença naquela terra onde o horror da invasão atingiu proporções doentias. Não vamos ganhar a batalha pelos ucranianos, mas temos sido enormes no apoio àquelas pessoas. Somos, como os ucranianos, um grande povo.

Zelenskyy VS Putin: o herói acidental e o odioso tirano

Existe um motivo, quer-me parecer, que faz com que Vladimir Putin não queira encontrar-se num frente a frente com Volodymyr Zelenskyy. Mais do que ser a personagem mais odiada do planeta, no presente momento, o que contrasta com a aura de último grande herói do presidente ucraniano, Zelenskyy é, literalmente, a antítese de Putin.

O primeiro é um actor e humorista que decidiu enveredar pelo mundo da política, como é seu direito (eu “punha” muito rápido o RAP, o Bruninho, a Cátia Domingues, o Markl, a Joana Marques ou o Diogo Batáguas no lugar de 80% dos deputados que estão na AR, sem pestanejar), e que agora lidera, com bravura e uns imensos tomates, a resistência à violenta invasão de um tirano que não pode argumentar estar rodeado pela NATO para invadir, esmagar e ocupar um Estado soberano que nem sequer integra a Aliança. Até porque os mísseis dele também estão apontados para cá. O argumento é real, mas não legitima, de forma alguma, a destruição em curso. Para “libertar” o Donbas, não precisa de sitiar Kiev ou bombardear Mariupol. Putin, um dos maiores financiadores da extrema-direita europeia, ele próprio um ultranacionalista, não quer desnazificar coisa nenhuma. Quer, apenas e só, decapitar e substituir o poder político ucraniano, para lá colocar outro do seu agrado.

Nenhum argumento, real ou ilusório, justifica uma invasão militar. Resistir é a única saída, mais ainda para quem recusou uma extradição segura e um exílio de luxo no outro lado do oceano. E essa é a grande afronta, talvez a maior de todas, que Zelenskyy poderia fazer ao rei-sol do Kremlin, que o olha com desdém e indigno, ele ao seu povo, de existir como nação. E eles a resistir, outnumbered and outgunned:

  • If I was in World War III they’d called me Spitfire.

A música anda sempre à frente do seu tempo.
Adiante.

O segundo é um carreirista de dois regimes, sendo hoje proprietário de facto do segundo. Começou nos serviços secretos, fez-se a vida, subiu até onde pôde e deu o salto para a política, como qualquer carreirista que se preze. Foi, desde sempre, do sistema. Mas a escalada foi impressionante, seguramente apoiada nos mesmos métodos que aprendeu e desenvolveu – com mestria, diga-se – no KGB, e é hoje o senhor absoluto da Federação Russa. Algo que lhe poderá até correr mal, mas outro dia lá iremos.

Putin é o sistema. No seu expoente máximo. O grande irmão que tudo controla, que corrompe, que persegue, que discrimina, que agride. O sistema elitista que dizima quem se lhe opõe. Que tortura, envenena e mata. Putin é a negação da democracia. E a democracia também tem os seus pequenos putin-minions, que o digam iraquianos, iemenitas ou vários povos da América Latina. Acontece que, por cá, temos o poder de lhes tirar o poder. Algo que não acontece na Federação Russa. Não é uma diferença de somenos. Faz toda a diferença. Toda.

Há muito que pode ser dito e apontado a Zelenskyy. Deixarei esses factos para outro dia. Mas não existe comparação possível entre um tirano e um político imperfeito, como o são todos, em maior ou menor grau. Em todo o caso, Zelenskyy é hoje a figura mais aproximada a líder do mundo livre, ainda que acidentalmente. Pela coragem, pela determinação e pelo exemplo. Quando os americanos saíram cobardamente do Afeganistão, ainda “ontem”, Ashraf Ghani foi o primeiro a pôr-se a milhas. Com uma mala cheia de dólares. Zelenskyy podia ter seguido a mesma via. Podia ter sido o Puidgemont que fugiu para o exílio em Bruxelas. Mas ficou. E talvez venha a morrer nas próximas semanas. Mas é ele, não as armas “cedidas” pelo Ocidente, um dos poucos que poderão dar a vitória, altamente improvável, à Ucrânia. A História contará a sua história. Cantará a sua história, concorde-se ou não com ela. Já Putin será apenas mais um merdas do Hall of Fame das abominações, à mesa com Hitler e Estaline. No esgoto da História. Para ser odiado para sempre, excepto por aquela malta que, por motivos variados, opta por branquear o ocasional ditador. A democracia tem destas coisas. É uma brincalhona.