O estranho caso de Élsio Menau

Forca

No país onde o Presidente da República hasteou alegremente a bandeira de pernas para o ar, um artista de street art algarvio, Élsio Menau, vai responder em tribunal por um trabalho de fim de curso que, apesar de ter recebido a classificação de 17 valores, foi considerado pelas autoridades como crime de ultraje à bandeira.

A imagem que podem ver em cima é talvez a que melhor ilustra este caso: procurando representar um país com a corda no pescoço, algo que corresponde, mais do que nunca, à realidade da esmagadora maioria da população portuguesa, Menau deu esta forma à sua ideia. Será que alguém realmente acredita que o objectivo seria o enxovalho deste símbolo da nação? Só por má fé ou pura estupidez.

A composição foi inicialmente instalada num terreno baldio, às portas de Faro, tendo sido removida 2 dias depois pelas autoridades. Estávamos em Junho de 2012. Apesar do sucedido, a obra esteve em exposição na Galeria de Arte do Convento de Santo António, em Loulé, entre Setembro e Outubro do mesmo ano. Curiosamente (ou não), Menau foi chamado a apresentar-se nas instalações da Polícia Judiciária da Quarteira apenas depois do insólito episódio do 5 de Outubro em que o senhor Aníbal hasteou  a bandeira ao contrário. [Read more…]

Símbolos Nacionais Personalizados para Políticos Necessitados

Ultimamente os símbolos nacionais têm andado em bolandas, tanto de modo figurado (o «desculpemqualquercoisinha» do Machete, o «somosumprotectorado» do Portas) como literal (o pino no 10 de Junho, a bola branca no México).

Considerei por isso lançar uma colecção de símbolos personalizados a usar pelos políticos em causa para ajudar ao cabal desempenho das suas funções. É uma mera proposta mas já obtive o acordo da Ângela…

[Read more…]

Coitada da Bandeira Nacional

Realmente, coitado do “símbolo da soberania da República, da independência, unidade e integridade de Portugal“.

Depois deste triste episódio, só lhe faltava acontecer uma destas.

Mau tempo rasca bandeira nacional do Parque Eduardo VII

© 2013 Jornal Sol (http://bit.ly/1fu9Sfz)

Descubra as diferenças

images (9)

Recebi um email de que ressalto o presente texto:

“A bandeira nacional da República Portuguesa que foi exposta na última reunião do Eurogrupo foi adulterada, já que em vez dos sete castelos se encontrava o que parecem ser sete pagodes. Uma adulteração que não deixa de ser irónica à luz da recente alienação ao capital estrangeiro de importantes (estratégicas e lucrativas) empresas públicas portuguesas do sector energético, na sequência dos processos de privatização promovidos e apoiados pela UE e pelo FMI. Mas que nem por isso é menos inadmissível”.

Fui à procura e, de facto, não posso estar mais de acordo com o teor do texto.

bandeira1

E nem me atrevo a comentar: seria desastroso!

Natureza imita bandeira nacional

Ovelha com cabeça ao contrário torna-se atracção 

A bandeira não foi mal hasteada

O país é que está ao contrário.

Centenário da república: a melhor vista, no alto do Parque

Não existiu qualquer profanação ou ofensa de nenhum dos símbolos históricos de Portugal, passados ou presentes. Num mastro deixado ao abandono desde Novembro de 2009, alguns fizeram brilhar ao sol, cores que ali não se viam há quase cem anos. O local tem sido profanado, isso sim, pela omnipresença de uma entidade bancária que fazendo publicidade, pretensamente oferece uma árvore de Natal aos lisboetas. No local panoramicamente mais conhecido da capital.
Para quem tenha qualquer dúvida, aqui está a prova, sem truques de perspectiva, photoshop ou outras habilidades do género. Alguns órgãos de comunicação social de “referência”, já iniciaram a campanha de desinformação, dizendo terem os “Carbonaros” substituído um certo – e respeitável – símbolo inestético e de má memória de um péssimo século, pela bandeira azul e branca.

Como sempre, mentem. A novidade é uma não-notícia, porque totalmente falsa!!

Nos sectores da blogosfera políticamente bem instalada na vida, a resposta obedece previsivelmente ao cânone clássico, preferindo-se desprezar a ousadia e invectivando os monárquicos de patuscos! São tão conservadores e elitistas, são reverentes ao poder, caquéticos, imobilistas e agarram-se ferozmente aos capitosos privilégios de casta! É o eterno argumento dos vencidos reduzidos à defensiva e incapazes de sequer colarem um cartaz, coisa que a passada juventude jamais lhes proporcionou. Sempre tiveram quem o fizesse por eles, a troco de metal sonante. No fundo, fica-lhes tão bem.

Não sabem o que é ser irreverente, com respeito por aquilo que deve ser respeitado.
Pois eu rio-me e muito.

O encanto

Numa peregrinação a uma grande superfície comercial, tomei finalmente consciência da razão do encanto que os portugueses têm pelos “hiper”.

A mim aquele ambiente causa-me um certo desconforto, talvez porque me disseram que é nos “hiper”, e afins, que faz verdadeiro sentido a expressão “pôr o carro à frente dos bois”. Talvez por isso evito circular com carrinho de compras… Mas, recentemente, percebi o encantamento lusitano por aqueles espaços comerciais. Isto, numa revelação que se desdobrou em duas experiências contínuas. A saber:

– O meu olhar foi cativado pelo preço anunciado da bandeira nacional: um Euro. Exactamente: € 1,00. Pensei para  mim que tal valor terá a sua lógica, pois face ao montante da nossa actual dívida externa, e o seu provável aumento face à realização de mais alguns dos famosos desígnios nacionais, duvido que a nosa bandeira tenha, ou venha a ter num futuro próximo, um valor económico superior àquele pedido pelo “hiper”.

De seguida, ouvi num altifalante a habitual voz feminina anasalada com efeito de eco, a demandar pela presença de um responsável de um sector (penso que era o responsável da mercearia, mas não tenho a certeza…), para que se apresentasse prontamente à recepção que, por acaso, era num balcão que pouco distava de mim. E, em pouco tempo, lá surgiu o demandado responsável.

Face a estas tão profundas experiências, percebi, então, porque os portugueses apreciam tanto os “hiper”: na vida real lusitana, dificilmente as coisas têm um preço justo, e surge tão prontamente, à primeira demanda, o responsável do que quer que seja.