O voto das abelhas

Na freguesia de Cabril, concelho de Castro Daire, a manhã foi também marcada pelo boicote às legislativas. À entrada da sala de voto foram colocados cartazes onde se pode ler “EN225” e “não ao voto” e o acesso à mesa de voto foi tapada, tendo sido colocadas abelhas no interior das instalações.

Há um Portugal assim; precisa do dia das eleições para dizer: estou aqui, não tenho estrada, não tenho médico, protesto todo o ano e ninguém repara, estou muito longe, os jornalistas só por aqui passam em busca do pitoresco, mas existo, também sou Portugal.

Enquanto houver um Portugal assim haverá boicotes em dia de ir a votos. Votam contra o silêncio. Desta vez com o zumbir das abelhas.

"Turismo no Município de Castro Daire"

Este post é uma saudação elogiosa a um município cujos autarcas respondem na primeira pessoa ao que a sua função (voluntária) os obriga; E como, por exemplo, aqui em Braga ou em Tadim, até as cartas registadas com aviso de recepção ficam longos invernos sem o mínimo ui ou ai, não posso deixar de relevar a minha recente experiência democrática. A mensagem que enviei há dias reza mais ou menos assim…:

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Ermida e Picão, concelho de Castro Daire (contributo para uma reorganização administrativa do País)


Quando vêm com histórias de extinguir concelhos e freguesias como forma de resolver o problema financeiro do País, começo logo a estrebuchar. Não é por aí – o défice combate-se, sim, extinguindo os privilégios pornográficos dos políticos passados e presentes, dos gestores públicos e de todos os «boys» do PS e do PSD que pululam pelo País. Combate-se, sim, acabando com Parecerias Público-Privadas que mais não são do que presentes dados às empresas amigas do poder e que oneram as gerações futuras até à exaustão. Combate-se, sim, acabando com os inqualificáveis benefícios fiscais dados anualmente à Banca e às grandes empresas e que, por si só, eram suficientes para comprar dois submarinos por ano.
Mas a verdade é que há situações que merecem um reajustamento no mapa administrativo do País. Não porque é preciso poupar, mas porque é urgente servir melhor as populações e introduzir uma certa lógica na forma como estas questões são abordadas. É o caso do concelho de Castro Daire (distrito de Viseu), que alberga no seu seio essa famosa aldeia que dá pelo nome de Colo de Pito.
Na parte norte do município, há duas freguesias cuja configuração é no mínimo estranha: Ermida e Picão. Mais do que as palavras, é suficientemente esclarecedor olhar para o mapa que publico. A primeira parte da freguesia de Ermida fica encostada à sede do concelho. Um outro bocado fica mais para ocidente, enquanto que o terceiro bocado fica a norte. Três membros desgarrados, entrecortados por uma freguesia «intrusa» que aparece pelo meio, Picão.
Pode haver razões históricas para esta situação, mas actualmente não se justifica. Ermida (que até já foi concelho) tem 267 habitantes, Picão tem 297. Mais do que a reduzida população, a proximidade em relação à sede do concelho garante, dentro do possível, o cumprimento das necessidades mínimas. E para além de tudo isto, não tem lógica esta situação. Porque uma freguesia é uma unidade administrativa. Uma unidade. E era o que fazia sentido neste caso: uma freguesia e não duas.
É assim que deve ser feita a reorganização administrativa do país. Pegando em casos concretos e não através de critérios cegos do género «com menos de x habitantes, extingue-se». Não é assim, não pode ser assim.

Colo de Pito