Sobreviver ao nome da sua terra. Pergunte-me como.

Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
Sobreviver ao nome da sua terra. Pergunte-me como.
Nice chap, buys his round.
— Ian HislopNever in the field of human conflict was so much owed by so many to so few.
— Churchill (apud Boris Johnson)Furthermore, there is an enormous class hatred: how can this uneducated worker who doesn’t even speak proper Portuguese dare to be sitting in the presidential palace?
— Noam Chomsky
***
Efectivamente, depois de o livro de Nuno Pacheco ter sido muito bem apresentado, houve uma semana ligeiramente atribulada e o sossego do fim-de-semana.
Chegados a segunda-feira, encontramos isto, no sítio do costume:
Os responsáveis pelo desastre lá vão encolhendo os ombros, assobiando para o ar e, armados em Boris, fazendo de conta que não está a chover.
Apetecia-me escrever umas linhas acerca do verbo reflectir e da nítida função diacrítica do c nas formas arrizotónicas com e: reflecti, reflectia, reflectiam, reflectíamos, reflectias, reflectido, reflectíeis, reflectimos, reflectindo, reflectir, reflectira, reflectirá, reflectiram, reflectíramos, reflectirão, reflectiras, reflectirás, reflectirdes, reflectirei, reflectireis, reflectíreis, reflectirem, reflectiremos, reflectires, reflectiria, reflectiriam, reflectiríamos, reflectirias, reflectiríeis, reflectirmos, reflectis, reflectisse, reflectísseis, reflectissem, reflectíssemos, reflectisses, reflectiste, reflectistes, reflectiu.
Tal função torna-se perceptível, por exemplo, se compararmos com repetir: repeti, repetia, repetiam, repetíamos, repetias, repetido, repetíeis, repetimos, repetindo, repetir, repetira, repetirá, repetiram, repetíramos, repetirão, repetiras, repetirás, repetirdes, repetirei, repetireis, repetíreis, repetirem, repetiremos, repetires, repetiria, repetiriam, repetiríamos, repetirias, repetiríeis, repetirmos, repetis, repetisse, repetísseis, repetissem, repetíssemos, repetisses, repetiste, repetistes, repetiu — e quanto à justificação de -ct- nas formas com i (reflicto, reflictamos, etc.), lembremo-nos da “derivação ou afinidade evidente” e do <x>com valor [ks].
Além dessas apetecidas linhas, também queria propor formalmente uma adenda à lista de Vasco Pulido Valente. Ei-la, informal: agora facto não é igual a fato (de roupa).
Infelizmente, como o “bem-amado kaiser“, ando com pouco tempo: quer para as linhas, quer para a formalização da proposta. Fica para outra altura.
***
TVI24 (http://bit.ly/1V3xPLE): os meus agradecimentos aos Tradutores contra o Acordo Ortográfico (http://on.fb.me/1nY5RG7)
***
Polyarchy is a system in which power resides in the hands of those who Madison called the wealth of the nation, the responsible class of men, and the rest of the population is fragmented, distracted, allowed to participate every couple of years. They’re allowed to come and say ‘Yes,’ ‘Thank You,’ ‘Why Don’t You Continue for Another Four Years?’ And they have a little choice among the responsible men, the wealth of the nation.
Promaucaes ou clã Picunche do povo Mapuche, vestidos como antes
Queira o leitor lembrar, que ando a tentar entender o contexto da produção das crianças que cresceram. E que essa produção, não é o resultado de apenas a transferência de saber entre adultos e filhos de uma casa. Para entender esta pergunta, estudei as vidas de três raparigas de diversos continentes, nos anos 90 do Século XX: Victoria, do clã Picunche do povo Mapuche do Chile, Pilar, de Lodeitón, Paroquia de Vilatuxe, Pontevedra, Galiza, e Anabela, da aldeia de Vila Ruiva, Concelho de Nelas, Portugal. Analisei os seus pensamentos e os da sua família. De Pilar tenho já falado. De Victoria, apenas mencionado em outro ensaio, como é o caso de Anabela. Hoje vou introduzir Victoria, do clã Picunche do concelho ou municipalidade de Pencahue, que limita com a cidade de Talca, capital da Província denominada Maule.
Os Picunche eram denominados Promaucaes pelos conquistadores, no século XVI. Na altura que os Castelhanos foram ao país frio, o chile dos Quechua, esse habitantes da hoje República do Peru, esse inimigos imbatíveis, impossíveis de conquistar nas guerras índias (Villalobos,Sergio e tal. 1974; Lizana, 1909; Ovalle, 1646 Pedro de Valdivia, 1545-1542). Os purum auca, os inimigos imbatíveis para os habitantes do norte do sul do hoje Continente americano. Os que dançam, para os Castelhanos, os que se divertem, para quem fez uma enganada tradução mapudungun das palavras. Puru, feliz para os Mapuche e para os que Mapuche têm querido entender. Para os Mapuche, Picunche, as pessoas do Norte, donde che é pessoa, e Picun, Norte. Habitantes do Norte. Do Norte do rio Choapa, que separa os lugares nos quais viviam (ver mapa das etnias). Até Valdivia entregar as terras dos nativos, aos invasores, como relata ao Imperador Carlos V, nas suas cartas citadas. Eram sessenta as famílias invasoras. Terras asaltadas, beliscadas de volta, com raiva, com lanças, com flecha e arco, perdidas e tornadas a recuperar pela compra, séculos mais tarde. Picunche que teciam, teciam a lã dos guanacos locais da Cordilheira de Los Andes, das lamas e vicunhas importadas pelos prévios invasores Inca. Tinham uma horta em cada grupo consanguíneo de lares contíguos, ou rucas, feitas de madeira e barro. Madeira não elaborada, fibra de madeira, ramas de uma árvore, plantas de junco ou coligue entretecido e enchido com lama ou barro, a quincha, como o material é ainda denominado e usado por grande parte da população do país. Antigamente, pelos Pehuenche, os Huilliche, os Picunche, os Mapuche, as várias famílias dos Rauco. Os habitantes não parentes, as vezes inimigos outras aliados, conforme for a continência dos tempos. Por engano, eram denominados Araucanos pelos Castelhanos (SilvaPereira,1998;Bengoa,1985;Villalobos,1974). Cultivavam que hoje ainda cultivam: milho, feijão verde, cabaços ou pencas, donde Pencahue, ají, a quente guinda ou piri-piri; a batata que salvou a Europa e a fez crescer demograficamente e em proteínas, e mani ou amendoim. E outras plantas não conhecidas entre nos, nos verdes vales regados pelos canais de aguas tiradas aos rios circundantes, o branco Claro, e o navegável Maule. Espantados os Castelhanos de ver um homem com tanta mulher, até seis ou sete, e tanto filho. Varias Crónicas sobre o Chile, relatam a fertilidade das terras, a fertilidade das pessoas, a fertilidade do imaginário que adjudica um deus ou espírito a cada fenómeno natural, a cada animal, a cada pessoa. Até hoje, com nomes mortos na memória, mas vivos na dos Mapuche (ver Silva Pereira, 1998). Mapuche e Picunche compartiam os mesmos deuses, a mesma cosmogonia. Que os Castelhanos apagaram rapidamente nas Doutrinas ou Reduções para as quais transferiram esses habitantes. Habitantes que, em breve, se misturaram com os Castelhanos e outros da Espanha, que aí chegaram.
Em meados de 1940, Churchill e a Inglaterra estavam sozinhos. Hitler tinha, em poucos meses, invadido vários países. A França estava em ruínas e à beira do armistício, os Estados Unidos não cedia apoios, Rosevelt conspirava contra Churchill, Mussolini acabara de se juntar a Hitler e, para cúmulo, os britânicos tinham sido forçados a uma retirada humilhante em Dunquerque e Hitler preparava-se para invadir a Inglaterra.
Tudo corria mal.
Churchill percebeu então que as ilhas britânicas estavam em sério risco. O Primeiro-Ministro inglês, que tinha sido Ministro de Guerra, sabia que Inglaterra estava a correr sérios riscos de derrota. Abandonado por todos, sabia que a única esperança era a “Royal Navy”. A frota inglesa era considerada a mais poderosa do mundo, e ele sabia que a defesa da Grã-Bretanha e mais do que isso, a sua sobrevivência, dependiam directamente da sua Marinha.
A Inglaterra tinha assinado um tratado com a França que dizia que nenhum dos dois países podia render-se sem a aprovação do outro.
Quando Hitler invade a França e o Primeiro-Ministro francês se demite, o novo Governo decide rasgar o tratado que tinha feito com a Inglaterra e assinar o Armistício. No acordo que Hitler propõe ou impõe à França, diz que deixa o Sul de França desocupado, mas que a frota francesa tem que passar para as mãos dos alemães. Ao saber disto, Churchill fica aterrorizado.
Se os navios franceses passassem para a posse dos alemães, juntando ainda à frota alemã e italiana, a marinha inglesa, por muito poderosa que fosse, nunca conseguiria fazer frente ás outras três. Contudo, foi prometido a Churchill, pelo Almirante Darlan, que caso os alemães tentassem apoderar-se dos navios franceses, estes iriam ser destruídos antes de serem entregues aos alemães. Darlan deu a sua palavra.No entanto, Churchill, sentindo-se traído pelos franceses, não acreditou. Prepara então a “Operação Catapulta”, que consistia em mandar navios britânicos a todos os portos onde estavam atracados navios franceses e reclamar para os britânicos a entrega dos navios. Por qualquer meio que fosse. Isso aconteceu com os navios que estavam na costa inglesa, com os navios em Alexandria, e com os navios que estavam na Argélia, pois eram nestes locais que estavam atracados os principais navios da frota francesa. Os navios franceses situados na costa inglesa foram entregues aos ingleses com alguma retaliação o que acabou por matar três britânicos e um francês. Os navios na Alexandria foram entregues sem retaliações, mas o maior problema deu-se na Argélia, em Mers el Kébir. Era aqui que se encontram os maiores navios franceses, o Dunquerque, Provence e o Bretagne. Churchill dá ordens expressas ao Almirante Somerville, para entregar um ultimato ao almirante francês Gensoul, que era Almirante de um dos maiores navios que estavam em Mers el Kébir. Este ultimato dava aos franceses três opções: 1- acompanhem os britânicos, com os navios, para continuarem a lutar contra os alemães 2 – Dirijam-se a um porto britânico com a menor tripulação possível. 3- Ou então dirijam-se para algum porto francês nas Caraíbas ou para os Estados Unidos. Caso recusassem alguma destas opções, os britânicos não teriam outra hipótese senão atacar os navios.
Este ultimato provocou uma onda de indignação. Gensoul sentiu-se ofendido e transmitiu a situação a Darlan que, furioso, lhe disse para ele empatar até que reforços franceses chegassem a Mers el Kébir. Os ingleses interceptaram-se esta mensagem e Churchill percebe que não tem outra hipótese senão dizer a Somerville para abrir fogo. O que se segue é absolutamente terrível. Os marinheiros franceses foram encurralados no porto, e os ingleses abriram indiscriminadamente, fogo. Os que ainda há poucas semanas tinham sido seus aliados estavam agora a atacá-los. No documentário que passou na RTP 2 e que motivou este texto, há um relato arrepiante de um marinheiro francês que conta como viu os seus companheiros sem membros, a morreram queimados, implorando pela morte. A água, supostamente a única salvação, “fervilhava” como se fosse uma fritadeira, e ele próprio não teve outra hipótese senão saltar para a água arriscando-se também a morrer queimado. O navio em que estava, Bretagne afundou-se vinte segundos depois. Os navios Provence, Dunquerque e Mogador foram reparados, e dirigiram-se para Toulon. Morreram mais de 1200 franceses, sem contar com os que ficaram feridos.
Churchill ao saber das baixas sentiu-se fisicamente doente, como os relatos contam. Tinha ainda outro problema. Como é que ia justificar as suas acções perante a Câmara dos Comuns? No discurso que fez disse que não podia arriscar que a frota francesa passasse para as mãos dos alemães. No discurso que fez, chorou e a Câmara dos Comuns levantou-se para aplaudir. Todos aprovaram. A imprensa, os deputados, os ingleses, e finalmente, Rosevelt percebeu que Churchill e a Inglaterra nunca desistiriam. Nunca cederiam. E o Presidente americano acedeu finalmente aos pedidos de Churchill e começou a ajudar a Grã-Bretanha.
Meses depois, quando os alemães foram apoderar-se dos restantes navios franceses, Darlan cumpriu a sua promessa. Os marinheiros franceses afundaram ou incapacitaram os navios para que os alemães não pudessem apropriar-se deles. Em resultado disto, o Almirante Darlan, mandou uma carta a Churchill dizendo que era aquela a prova de que o ataque de Mars el Kébir tinha sido completamente despropositado.
Churchill disse a História o iria julgar. E julgou, sem dúvida. E a História foi bastante simpática. Há, contudo, algo que é semelhante a todas as grandes personagens históricas. Todas elas são complexas. Todas elas são contraditórias. Todas elas tiveram os seus maus momentos, os seus erros. Como devemos então decidir quem admiramos? Se vamos buscar inspiração à História e se quase ninguém na História é completamente Bom, se toda a gente na História cometeu erros, como decidimos que determinada pessoa deve ser idolatrada e admirada? Não decidimos. Pura e simplesmente aprendemos. Aprendemos e tiramos lições com os erros deles e inspiramo-nos com os seus feitos e com a sua coragem. É assim que deve ser.
C’est vraiment trop injuste… — Calimero *** Não pretendo meter foice em seara alheia, pois há abundante literatura acerca do fenómeno de não se aceitar um resultado negativo, na perspectiva de, obviamente (o obviamente é, por definição, indiscutível), sermos os maiores e, logo, se perdemos, como somos os maiores, é claro que fomos prejudicados por algum […]
Imagem composta, do telescópio espacial James Webb, que mostra a proto-estrela L1527 na gama dos infravermelhos dentro da nuvem escura (Fotografia: NASA, ESA, CSA, e STScI. Processamento: J. DePasquale, A. Pagan e A. Koekemoer (STScI)). Um corpo relativamente jovem, com apenas 100 mil anos. Mais detalhes: NASA, The Guardian.
A música
00:00 intermezzo (charlie spivak) 04:28 charmaine (mantovani) 08:35 melody of love (wayne king) 11:46 auld lang syne (guy lombardo) 15:15 body and soul (coleman hawkins) 18:54 poinciana ‘song of the tree’ (david rose) 22:48 do you believe in dreams (francis craig) 26:56 twilight time (three suns) 30:31 intermezzo aka ‘souvenir de vienne’ (wayne king) 34:39 orchids in the moonlight (enric madriguera) 39:12 warsaw concerto (freddy martin/jack fina) 43:24 deep in my heart dear (troubadours) 48:00 dancing in the dark (artie shaw) [Continuar a ler]
Debate político entre Aventadores. A Esquerda, a Direita, e não só.
A actualidade em análise com as opiniões dos participantes no Aventar sobre a actualidade.
Debate sobre política, sociedade, actualidade, entre outros.
As músicas escolhidas pelos participantes do Aventar com espaço para entrevistas e apresentação de novas bandas, tendências e sonoridades.
Aqui reinam as palavras. Em prosa ou poesia. A obra e os autores.
agora fazei o favor de ler o artigo do Henrique Burnay, no Expresso. Totalmente grátis.
li por aí que uma liberal acusou a IL de ter uma espécie de familygate na estrutura do partido. Estou chocado (NOT).
e até o sniper que queria abater o Marcelo foi apanhado. As forças de segurança funcionam, os juízes é que não querem prender larápios. Investigue-se.
Sabem quem é, no tal Conselho Estratégico Nacional do PSD (uma invenção do Rui Rio e que o Montenegro foi atrás) o responsável pela área da Cultura ? Por aqui vi tudo. Além do CV que está aqui, é comentador de bola num programa da CMTV.
Há um provérbio turco que reza assim “Se meteres um palhaço num palácio ele não se transforma num príncipe, mas o palácio transforma-se num circo”.
Parabéns Dr. Luís Montenegro!
Exército Americano estima que o plano climático custar-lhes-á mais de 6,8 mil milhões USD em 5 anos. Só podem estar doidos, a gastarem dinheiro em algo que não existe.
Ariana Cosme e Rui Trindade escrevem, hoje, dia da manifestação dos professores em Lisboa: «Está na hora de se reconhecer que este Governo e este ministro são, afinal, os melhores interlocutores que os professores e os seus sindicatos poderiam ter.»
diz o Der Terrorist.
Isto não é a Ribeira. E o <i> de Fontainhas não leva acento. É como o <i> de ladainha, rainha, grainha, etc. Siga.
“As autoridades *diz que sim”. Se as autoridades *diz que sim, estou mais descansado. Menos bola, menos precipitação, menos espectáculo, menos propaganda (“está a ser reposta a normalidade”…) e mais rigor, sff.
Nos últimos dias enquanto funcionário público, o CEO da Iniciativa Liberal cumpriu a promessa de tornar os liberais mais “populares”: agora chama-se Quim.
conduzido pelo Daniel Oliveira. O artigo no Expresso é aberto e merece ser lido.
o Presidente da República promulga o OE2023. Mas faz mal. Faz muito mal.
Em entrevista a Piers Morgan que sairá amanhã, Pedro Nuno Santos critica o seu anterior clube e diz que o cozinheiro do PS ainda é o mesmo do tempo do engenheiro Sócrates.
Se a renúncia ao cargo na TAP nos custou meio milhão, nem imagino a factura que virá com a demissão do governo. Que tal criar um imposto para acautelar o próximo job?
Andam para aí a dizer que Alexandra Reis recebeu uma indemnização milionária, mas a verdade é que mal chega para oferecer um Rolls ao marido.
Graças ao João Maio, percebi que o bidé é um tema da actualidade. Tenho opinião sobre o bidé (e sobre o urinol), mas, por razões higiénicas, não a manifesto.
desde que não fiquem por executar. Ou acabem num pavilhão transfronteiriço qualquer.
a selecção e a seleção. Efectivamente. Porque ‘selecção’ ≠ ‘seleção’.
Foto: Lars Baron/Getty Images.
Comentários Recentes