Brasil e Portugal em mitos

Ainda a Europa estava a uma década da circulação do seu primeiro comboio, já o Brasil tinha uma “oferta turística magnífica”, pelo menos é nisso que acredita Luís Menezes Leitão, a julgar pela sua prédica no jornal i.
Só é pena que não houvesse aviões low cost.

O ano em que encarece a palha

Num país estranho de que me falaram, rapazes de vida airada brincavam até aos 40 anos, aprendiam tudo acerca de intriga, manobrismo e rasteiras nos partidos em que, tendo começado a colar cartazes, acabaram por ser dirigentes, passadeira pela qual chegaram a mandantes. Estudar é que não era com eles e nem mesmo trabalhar, porque para isso estavam aboletados na CP (Casa do Pai). Sabiam vagamente do interior do país e do seu povo por serem dados à grande cidade e às delícias que ela traz a quem não sabe quanto a vida custa a ganhar.
Mas um dia perceberam que, na grande cidade, eram olhados de alto por uns barões e marqueses de muito título e pilim. Mudaram de agulha e resolveram ser como eles. Começaram pelo pilim, pelas negociatas proporcionadas por uns bardinas partidários que sabiam da poda. Quando a carteira engordou, trataram dos títulos: como não era possivel ser barão  ou marquês, mesmo rebentando com o Visa e a conta bancária, porque é aquela chatice de haver neste mundo coisas que não se compram, atiraram-se a ser “dótores”. Sem estudarem, porque eles não tinham pachorra para isso.  Que estudassem outros, uns parvos sem o golpe de asa dos ladinos. E era esse país tão estranho que o puderam fazer na mais estrita legalidade, segundo roncaram os donos das escolas por onde saltaricaram.  É que as leis eram cozinhadas no parlamento, sítio esquisito onde os partidos estavam acampados: por fás e nefás eram todos primos e compadres. Tão esquisito, o tal sítio, que nele pai e filho não podiam parlamentar ao mesmo tempo. É que, se ao pai fosse perguntado o que fazia o filho, não podia o progenitor sujeitar-se à violência da verdade: meu filho deputa. [Read more…]

Sobre Miguel Relvas: Conhecimento vs. Conhecimentos

Miguel Costa, licenciado em 5 anos

Acima da ideologia de cada um está a essência de cada qual.

Passo a explicar. Não é por alguém ou alguma coisa se identificar com qualquer crença nossa que estamos isentos de a podermos escrutinar. Muito pelo contrário. Acresce-nos a responsabilidade de o fazer.

Posto isto, tenho umas palavras a dizer.

Se há uns tempos muita tinta correu sobre uma hipotética licenciatura domingueira tirada por um alegado engenheiro que por sinal nos veio a (des)governar, hoje podemos falar sem menos pejo de outra alegada licenciatura tirada em modo de “Novas Oportunidades” por outro (des)governante nosso.

A diferença é que as “Novas Oportunidades”, tão faladas pelo antigo governante, dariam a qualificação necessária para uma habilitação mínima, necessária para desempenhar (em alguns casos de forma legal) tarefas que essas mesmas pessoas já desempenhavam. Agora esta questão foi refinada. Levada à sublime perfeição de conseguir, com a experiência de vida e repetição da acção, qualificar com uma licenciatura um qualquer português que com o conhecimento empírico também tenha os conhecimentos certos. Daqueles conhecimentos que consigam, habilmente, contornar a lei. [Read more…]

Excelentíssimos professores doutores

Lembram-se de “Annie Hall”? Da cena da fila no cinema? Um tipo está a debitar uma série de opiniões despectivas sobre Fellini, Beckett, Marshall Mcluhan, etc, para grande desespero do Woody Allen, que se indigna com o que vai ouvindo.

Quando já não aguenta mais, Woody interpela-nos, a nós, espectadores, sobre o que fazer numa situação destas. O tipo ouve-o, vem pedir-lhe explicações, e acaba a gabar-se de leccionar a cadeira de “TV, Media e Cultura” na Universidade de Columbia para justificar as suas opiniões sobre McLuhan.

Perante isto, Woody vai buscar o próprio McLuhan, que, pasme-se, estava ali mesmo, para que ele diga, na cara do opinador, que ele não entendeu nada sobre o seu pensamento e que não percebe como é possível que tal pessoa possa leccionar essa matéria. Desabafa Woody para a câmara: “Se a vida real fosse assim…”. Vale a pena rever esse excerto, embora infelizmente sem legendagem em português:

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