Sem mudar de assunto… Parece que ultimamente tudo vai dar ao mesmo…
Etty Hillesum – uma judia holandesa que morreu em Auschwitz em Novembro de 1943 e que escreveu um diário entre 1941-1943 – viu-se privada de muita coisa pelo regime nazi, apesar de ter sido, como dizia muitas vezes, afortunada comparativamente a outros.
Os decretos contra os judeus sucederam-se: era precisa uma autorização para comprar pasta de dentes, deixaram de poder ir aos lugares de hortaliças, tiveram que entregar as bicicletas, andar de eléctrico foi proibido e foram obrigados recolher a partir das oito, etc.
Neste momento, estamos, também nós, cada vez mais condicionados e pobres e revoltados e impotentes e desesperados face às medidas levadas a cabo pelos políticos que nos saiem na rifa.
Transcrevo, então, uma passagem, escrita a 4 de julho de 1942):
Cada camisa lavada que vestes é ainda uma espécie de festa. E cada vez que te lavas com um sabonete bem cheiroso numa casa de banho, que é só para ti durante meia hora, também.
Espero que não cheguemos a este ponto. Que não sejamos enviados para uma espécie de campo de concentração…
Comecemos desde já a dar valor a estas «insignificâncias» como uma roupa lavada ou um banho de água quente (que nos aquecem por dentro também) antes que delas sejamos privados…
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