Etty

Um nome tão pequenino para se chamar a alguém tão grande…

Etty foi uma judia holandesa que, tal como Anne Frank, escreveu um Diário durante a ocupação nazi. Morreu em Auschwitz. Tinha apenas 28 anos.

Soube de Etty ontem, ao ler a crónica de Frei Bento Domingues no Público.

O Diário (1941-1943) de Etty Hillesum está traduzido para português e publicado pela Assírio e Alvim. Transcrevo algumas passagens desse texto incómodo e inquietante:

Podem tornar-nos as coisas algo complicadas,

podem roubar-nos alguns bens materiais, alguma aparente liberdade de movimentos,

mas somos nós que cometemos o maior roubo a nós próprios,

roubamo-nos as nossas melhores forças através da nossa mentalidade errada.

Através de nos sentirmos perseguidos, humilhados e oprimidos. Através do nosso ódio. Através de fanfarronice que esconde o medo. Bem podemos, às vezes, sentirmo-nos tristes e abatidos por causa daquilo que nos fazem, isso é humano e compreensível. Porém, o maior roubo que nos é feito somos nós mesmo que o fazemos.

Eu acho a vida bela e sinto-me livre. Os céus dentro de mim são tão vastos como os que estão por cima de mim. Creio em Deus e creio na humanidade, e aos poucos vou-me atrevendo a dizê-lo sem falsa vergonha.

A vida é difícil, mas isso não faz mal. Uma pessoa deve começar a levar-se a sério e o resto segue por si mesmo. E ‘trabalhar a própria personalidade’ não é certamente um individualismo doentio. E uma paz só pode ser verdadeiramente uma paz mais tarde, depois de cada indivíduo criar paz dentro de si e banir o ódio contra o seu semelhante, seja ele de que raça ou povo for, e o vença e o mude em algo que deixede ser ódio, talvez até em amor ao fim de um tempo, ou será isto pedir demasiado? Contudo é a única solução.

Apesar de todo o sofrimento, Etty acreditou na humanidade…

Perante o seu testemunho, tornam-se fúteis os nossos queixumes.

 

Comments

  1. Pedro Marques says:

    Obrigado pela partilha.

  2. Como sempre a Ceú muito oportuna e de humanismo evidente.

    Lembrar sofirimentos vividos e que em muitos casos acabaram em morte, em campos de concentração, em tempos recentes nesta nossa Europa, convém “não serem esquecidos”!

    Problemas de limpezas de raças!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Estamos de curta memória!!!!

    Parabens Ceú.

  3. Nem todos são heróis e heroínas – mas o meu pais está cheio deles e delas anónimos e não mem´ráveis e que deixaram atrás a parte do país que construiram porque um país não se faz sozinho e muito menos com “cigarras” e se pode levar décadas a construíu basta um tsunami como o que tenos para tudo destruir em menos de meia dúzia de meses e voltar-se a zero como de guerra destruidora se tratasse – destruir é fácil

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  1. […] tempos fiz referência ao Diário 1941-1943 de Etty Hilesum, uma escritora holandesa de família judia que morreu em Auschwitz em Novembro de 1943 com […]

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